Censurado em 1981, papel de Dennis Carvalho tem releitura em "Babilônia"
Giselle de AlmeidaDo UOL, no Rio
O casamento de Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg), que será exibido a partir do capítulo 35 de "Babilônia", vai ser palco de um reencontro duplo. Na trama, a advogada vai se emocionar ao rever o filho, Lauro, vivido por Dennis Carvalho, após anos de afastamento por conta de seu relacionamento com outra mulher.
Mas a escalação do diretor de núcleo da novela para dar vida ao personagem dá ainda mais significado à cena, já que Fernandona e ele foram mãe e filho, com um conflito bem parecido em "Brilhante", também escrita por Gilberto Braga, em 1981.
A diferença é que, há 34 anos, Dennis interpretava um homossexual. E quem não aceitava bem a situação era a mãe, Chica, que promoveu a aproximação de Luiza (Vera Fischer) com Inácio e chegou a pedir que uma funcionária, Leonor (Renata Sorrah), seduzisse o filho. "É uma participação especial. Foi uma homenagem muito carinhosa dos autores", conta o diretor ao UOL, cujas cenas entram no ar a partir do dia 24 de abril.
Na época, a questão da homossexualidade foi bastante prejudicada por conta das interferências da censura. Em entrevista ao site Memória Globo, Dennis lamentou que os cortes tornassem o conflito do personagem pouco compreensível para o público e classificou ainda a experiência como frustrante para ele, como ator.
Apesar de a temática ainda ser um assunto delicado na dramaturgia da TV aberta - como visto na rejeição, por uma parcela mais conservadora do público ao relacionamento de Estela e Teresa em "Babilônia" -, ele diz que a situação mudou. "Houve uma evolução, claro. Hoje, vivemos em uma democracia, muito diferente daquela época", analisa.