Após deixar CQC, Ronald Rios reclama da Band e do descaso com seu trabalho
Do UOL, no RioApós ser dispensado do "CQC", da Band, Ronald Rios usou seu canal no Youtube nesta terça-feira (20) para desabafar sobre sua saída. No vídeo de quase dez minutos, Ronald reclamou dos chefes argentinos e demonstrou revolta com o fato do material gravado em Gaza e Israel não ter entrado no especial de 2014, com os melhores do ano no programa. Ao UOL, a Band informou que não irá comentar o vídeo.
"Teve um dia que um dos meus chefes, um argentino -- o programa é produzido pela produtora argentina Cuatro Cabezas --, me chamou para conversar e confirmou que eu ia sair do programa. Você estranha um pouco no começo. Aí, eu falei pra ele: 'eu acho que vai ser uma coisa boa, vou ter tempo livre e tal..'. O cara se revoltou comigo e falou: 'Pra que você quer tempo livre?'."
O repórter ressaltou um ponto interessante de sua conversa com o ex-chefe. "Só que teve uma coisa que ele falou, que me fez coçar a cabeça: 'Você vai embora do programa, Ronald, mas você sabe que você é muito inteligente, você tem uma noção muito boa da realidade. Uma noção melhor do que alguns que vão ficar'. Que m*** de elogio é esse, cara? Então, eu tinha que ser mais burro para manter meu emprego?", questionei.
No vídeo, ele relembrou alguns momentos aterrorizantes do confronto em Gaza, onde ouvia barulhos de bombas, drones, foguetes e sentia as janelas do hotel vibrando, e reforçou sua decepção ao não ver nada sobre isso entrar no especial do "CQC".
"Eu fiz três matérias na Faixa de Gaza, foram pesadas, polêmicas, sem dúvida o principal momento do 'CQC' no ano passado. No especial dos melhores momentos do ano, não é que os caras me tiraram a matéria do programa? Eles podem sim falar, 'a gente não gosta da matéria', mas na época eles me levaram a vários canais, em várias rádios do Grupo Bandeirantes para dar entrevistas. Quando estava em Gaza, dava entrevistas ao vivo por telefone. Pra quem não gostou da matéria, explorou bastante", desabafou.
"Não engulo essa p***! Não sou idiota. Mais da metade do que passou no especial, não serve nem para limpar o c* do meu cachorro. Pra mim, eles não exibiram apenas para justificarem o fato de eu não estar no programa esse ano. Foram cinco dias em Israel e mais quatro dias em Gaza, onde a gente ralou pra c***. Eu via bomba caindo a três, quatro quadras, era horrível, desesperador. Todo dia tinha drone israelense sobrevoando a minha cabeça. O clima era horrível, você não conseguia ter fome porque seu estômago vivia embrulhado", completou.
Ronald ainda ressaltou que soube de seu desligamento da atração por meio de uma nota do colunista do UOL Flávio Ricco, no dia 22/11.
"O cara é fera. Mostrou que tem peito para se ver diante das mais diferentes situações, condição imprescindível para todo repórter que se preza. A Bandeirantes perdeu com a sua saída, embora eu não discuta o direito da empresa de decidir o que acha melhor. Existem, claro, meios para se fazer isso", elogiou Ricco.
Magoado, Ronald disse que se assusta até hoje com barulhos de avião e até fogos de São João.
"Ninguém nunca perguntou como eu estava, nem ofereceu nenhum tipo de ajuda, até aí tudo bem, é uma emissora de TV, não é uma ONG do Bono Vox. Mas quando não reprisaram a matéria no especial, isso foi uma facada nas minhas costas. Estou falando de uma equipe de três pessoas que por pouco não voltaram para suas famílias. Não passar essa matéria no especial de fim de ano foi imperdoável".