Remanescente no "CQC", Meirelles diz que programa precisa voltar a inovar
Amanda SerraDo UOL, em São Paulo
Ano novo, novo apresentador, nova equipe e a missão de se renovar. Esse é o cenário que o veterano Mauricio Meirelles terá pela frente no "CQC", da Band, em 2015. Em entrevista ao UOL, o comediante afirmou que o programa tem como obrigação se reinventar, reconquistar seu público e voltar a fazer diferença na TV aberta.
"Toda comédia precisa inovar. A piada quando já é conhecida perde toda a graça. O 'CQC' entra nesse ano com uma mentalidade de 2008, de novidade, de tentar inovar em quadros e formato. Talvez por isso todas as mudanças. Precisamos ser vanguarda novamente", afirmou Meirelles, que está no programa desde 2011.
A média de audiência do "CQC" até julho de 2014 foi de 3,3 pontos, ante 4.1 do mesmo período, em 2013. Os dados dizem respeito à Grande São Paulo.
Assim como Marco Luque, Mauricio foi um dos únicos da velha guarda que continuou na atração, que será conduzida pelo ator Dan Stulbach no lugar de Marcelo Tas. Para o comediante, a saída de Dani Calabresa, Oscar Filho, Felipe Andreoli, Ronald Rios e Guga Noblat pede uma resposta da emissora e do novo elenco, que terá também o retorno de Rafinha Bastos e Rafael Cortez.
"Inovar em quadros e principalmente em ideias. Questionar mais, fazer mais política, sem medo da opinião contrária de militantes ou políticos dos partidos x ou y. Usar mais referência do que está dando certo no exterior pra ser vanguarda no Brasil. O 'CQC' era um programa diferente em 2008 e ao longo dos anos todo mundo resolveu ser o 'CQC', fazer as mesmas perguntas e obter as mesmas respostas. Está na hora de mudarmos a pergunta", completou Meirelles.
Para Mauricio não foi só o "CQC" que perdeu a graça. As emissoras também deixaram de inovar em programação e perderam seu público para a internet -- meio em que tudo acontece instantaneamente e tem espaço para a criação.
"A TV aberta em geral está caindo. O público do 'CQC' migrou para internet, para TV a cabo. Fora o fato de não ser mais novidade. Hoje, chegamos no político e ele já tem todas as respostas prontas, já sabe nossa abordagem. A grande missão é trazer esse público de volta. Mudando, inovando e trazendo conteúdo inédito, que faça com que esse público fique ligado toda segunda-feira a partir das 22h30. É um desafio contínuo que exige muito trabalho", analisou Mauricio.
Vindo do teatro e formado em Publicidade e Propaganda, Mauricio reconhece que o programa criado pela produtora argentina Cuatro Cabezas foi responsável por lhe ensinar a falar com pessoas multiculturais, que não estão acostumadas a assistir a stand up comedy, ou seja, que não fazem parte de sua zona de conforto. Além do aumento salarial que teve, a experiência e o novo desafio fizeram com que a Bandeirantes e Meirelles optassem por renovar a parceria.
"A direção mostrou interesse na minha continuidade e resolvi apostar nessa nova fase. Resolvi apostar pois gosto muito do que faço. De certa forma me senti muito prestigiado em continuar, sendo que a maioria foi mudada. Eles apostaram em mim, eu apostei neles. Então acho que foi uma decisão mutua", disse ele, que continuará como repórter, mas ainda não sabe qual será o foco de suas reportagens. "Estou na mesma expectativa que todos vocês", afirmou.
De férias até fevereiro, Mauricio passou uns dias na Nova Zelândia descansando, e nos dias 9,10 e 11 apresentou seu show de comédia no Japão para os brasileiros que moram nas cidades de Guma, Aichi-ken-komaki e Shizoka-ken-hamamatsu. O repórter promete um novo espetáculo em março. "Pretendo estrear novo show de stand up em São Paulo, com conteúdo mais crítico".