Vitoriosa da primeira edição brasileira do "MasterChef", a paulista Elisa Fernandes, 24, não ficou chateada com as críticas ao fato de seu pai tê-la ajudado a abrir um pote de goiabada nos últimos segundos da final, que foi exibida ao vivo na última terça-feira (16). Em entrevista ao UOL, a chef disse que não se incomoda com os comentários negativos e que está de consciência tranquila em relação a sua vitória.

"Tenho uma viagem pela frente para pensar, eu nem me incomodo que as pessoas pensem isso", afirmou Elisa. "A regra é muito clara. Você não pode ter outra pessoa para te ajudar lá - ele não poderia descer e me ajudar a cozinhar. E ele não me ajudou a cozinhar, ele me ajudou a abrir uma lata. O Lúcio [marido de Helena] falou com a Helena a prova inteira. E sempre a gente se ajudou, inclusive durante as provas. Eu já dei vinho pra Helena, ela me deu fruta, o Mohamad deu tempero pra todo mundo. Eu acho bem desnecessário pensar dessa forma. Não enxergo dessa forma, estou com a consciência bem tranquila com a minha vitória".

Em meio ao sufoco com a goiabada, a chef ouviu um chamado do pai e pediu a ajuda dele. "Meu pai dizia 'me dá que eu abro' e eu precisava de muita ajuda. Não ia pedir para a produção ir ajudar porque as pessoas não podem interferir, mas quanto aos participantes de cima, não tinha nenhuma regra de que eles não pudessem. Então pensei: 'meu pai abre em casa, ele vai abrir aqui agora, pelo amor de Deus'", contou, dizendo que temia que a falta de goiabada prejudicasse sua sobremesa: "Essa sobremesa é bem neutra, a goiabada que é doce. Até separei a goiabada, eu ia dar um jeito, mas faltavam poucos segundos para eu preparar qualquer coisa, ia ser só a goiaba e não seria tão doce".

A chef confessou que ficou ansiosa com a final e que teve até pesadelos no mês que a antecedeu. "Acho que se eu perdesse, não seria nenhuma vergonha. A Helena é uma p*** cozinheira, a comida dela é maravilhosa. Se eu tivesse perdido para ela, eu teria perdido para a melhor pessoa. Mas eu sonhava que perdia ficava com vergonha, uma paranoia. Demorei um mês para relaxar. Aí no dia [da final] fiquei até com dor peito, de tão tensa que eu estava, fiquei com várias cãibras. Meu braço esquerdo ficou moído. não peguei peso, não fiz nada, mas o meu braço está doendo, acho que de tensão. A hora que eles falaram que faltava quatro minutos pra entrar no ar, pensei 'vou desmaiar aqui".

Sem ainda ter processado a vitória, Elisa disse que tem recebido muito carinho do público, mas ainda está se acostumando aos pedidos de fotos. "Eu vejo o carinho das pessoas, acho muito fofo, acho legal, acho que isso importa muito mais do que os haters que acham que não deveria ter ganhado. Na rua, as pessoas reconhecem sim, pedem foto, mas é muito estranho. Eu não consigo entender muito porque a pessoa quer tirar foto comigo, mas tiro de bom grado, porque acho legal também".

A jovem já sabe como quer gastar os R$ 150 mil que ganhou na final. "Eu vou ter que me bancar na França [onde fará um curso de gastronomia que também ganhou] e quero ir para os Estados Unidos comprar algum equipamento para mim. O resto eu vou guardar bastante, para pensar em um restaurante daqui a alguns anos. Por enquanto, estou com um projeto de comida saudável para delivery e vou conversar melhor sobre isso um pouco mais para frente".

A final

A disputa final do "MasterChef" aconteceu ao vivo na última terça-feira. Sem receitas e sem nada para seguir, Elisa e Helena tiveram que usar a própria imaginação para prepararem uma boa entrada, um prato principal e uma sobremesa na prova que decidiu a grande ganhadora. Com cinco minutos para as compras, as duas participantes decidiram aplicar as próprias identidades na cozinha e tiveram que preparar suas iguarias em uma hora.

Elisa escolheu aspargos, couves de bruxelas e ovo pochê para a entrada, uma receita clássica. O prato principal foi filé mignon suíno com purê de kabocha e farofa de pão italiano. Elisa se inspirou em sua avó para a sobremesa e fez um doce de goiabada com creme de limão siciliano, champanhe e chantili de requeijão. "Tudo poderia estar no cardápio de um restaurante que você assinasse, tudo tem muita coerência e eu sinto um orgulho enorme", disse Paola, após provar todos os pratos.