Após eliminação do "MasterChef", Estefano vira atração de bistrô em SP

Amanda Serra
Do UOL, em São Paulo

Eliminado do reality show "MasterChef", da Band, Estefano Zaquini virou atração no bistrô francês Tartar&Co, em São Paulo. O estabelecimento tem como chef e sócio um dos jurados do programa, Erick Jacquin. Depois que ganhou uma vaga de ajudante de cozinheiro, há uma semana, os clientes não vão ao local apenas procurando boa comida, mas também o participante, que ficou famoso pelas sobremesas na competição culinária.

"Oi, Estefano, você está mesmo aqui." "Vim aqui só para comer o seu petit gâteau." Estas são algumas das frases que o iniciante tem escutado dos clientes que vão até a cozinha só para vê-lo. "Morro de vergonha [risos]", disse Estefano em entrevista ao UOL, enquanto preparava alguns pratos de salada. A popularidade também ocorre nas ruas. "Além das selfies, as pessoas perguntam se estou mesmo trabalhando com o Jacquin, falam que choraram junto comigo e que estavam torcendo para mim".

Aos 20 anos, o ex-ajudante de serralheiro, morador da periferia de Santo André, na Grande São Paulo, viu seu talento na cozinha tomar uma roupagem mais profissional após sua eliminação do reality. E com um salário inicial em torno de R$ 1.000, o jovem começa a traçar seu caminho.

Reprodução/Instagram
Estefano posa ao lado do chef Erick Jacquin e dos colegas de trabalho do bistrô francês Tartar&Co, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo

"Já sabia que o Estefano não ia ganhar [o 'MasterChef'] porque ele é novo, não teve oportunidade de conhecer o que outros conheceram, mas também não o via fazendo outra coisa, que não cozinhar. Dei a oportunidade de ele entrar em uma cozinha profissional, estou ajudando a encontrar seu caminho. Quero ser padrinho dele, mas não adotá-lo", afirmou Erick, que reconhece o esforço do pupilo.

Para chegar às 9h no trabalho, o ex-participante precisa levantar às 6h, enfrentar o transporte público – trem, ônibus e metrô. E só volta para casa às 20h. "Ele mora longe, demora duas horas e meia para chegar aqui, mas faz parte do jogo, não vou dar moleza", avisou Jacquin.

"O programa deu um salto muito grande na minha vida. Sem ele nunca conseguiria entrar em uma cozinha profissional, em uma cozinha francesa, sem ter cursado uma faculdade", reconheceu o iniciante.

Júnior Lago/UOL
"Antes era um anônimo, agora tenho um nome, dei uma evoluída", diz Estefano

Acostumado a ouvir que "cozinha era coisa de mulher", Estefano achou que fosse encontrar algum tipo de preconceito junto aos seus novos colegas de trabalho por não possuir experiência acadêmica e conhecimentos amplos na área, mas se surpreendeu com o carinho. "A equipe me recebeu muito bem, me deixaram muito à vontade e avisaram que rapidez só se conquista com o tempo e que irei me cortar muito. Estou cozinhando para o público de um restaurante renomado de São Paulo", contou o jovem, que está responsável pelo prato principal da casa – o tartar.

"O Estefano é um menino muito humilde e essa humildade facilita muita coisa. Uma das dificuldades da cozinha é ficar repetindo, eu nunca precisei repetir nada para ele. Ele está indo muito bem", elogiou a subchefe Marja Oda, 27. O fato de ele ter vindo de um reality e não de uma escola gastronômica também não altera o tratamento. "Para o trabalho não muda nada, não existe diferenciação", completou Marja, que até agora não precisou dar nenhuma bronca no colega.

Com cerca de 30 minutos para entregar cada refeição, o cozinheiro reconheceu que a rotina é bem mais puxada do que no reality show. "Hoje, o Estefano é uma pessoa mais madura na cozinha. Ao mesmo tempo em que o tempo da cozinha me assustou, também me surpreendeu, porque conseguimos fazer tudo no tempo certo", disse ele. No último domingo, o jovem conseguiu realizar um sonho e cuidou apenas das sobremesas do restaurante: "Me realizei."

Confeitaria Zaquini

Reprodução/Instagram
Um dos bolos feito por Estefano

Mesmo com a rotina apertada, Estefano ainda tem arrumado tempo para fazer bolos e doces finos para casamento. "Antes não passava de um bolo por semana, agora tenho entregado sete. Criei uma página no Facebook, estou tentando criar minha marca e crescer profissionalmente", contou ele, que cobra de R$ 35 a R$ 50 pelo quilo.

O valor, no entanto, deve mudar em breve. "Ainda não consegui mudar o preço por receio, mas preciso fazer isso, afinal antes era um anônimo, agora tenho um nome, dei uma evoluída", disse o jovem, que pensa em fazer um curso de gastronomia caso consiga uma bolsa do Prouni.

Sobre o "MasterChef", que termina em dezembro, Estefano revela que torce por Helena e Jaime. "Torço pela Helena porque ela sempre foi minha mãezona, ela sempre me tratou de maneira diferente, e pelo Jaime por ser uma pessoa simples, do gueto."