Com 2,5 milhões de assinantes no canal de vídeos de ciências e curiosidades Manual do Mundo (assista aos vídeos na TV UOL), o jornalista Iberê Thenório lançou um livro com experimentos científicos, é uma das estrelas da campanha do YouTube no Brasil – ao lado dos humoristas do Porta dos Fundos e da blogueira de moda Camila Coelho – e agora protagoniza a série "Experimentos Extraordinários", que estreia no Cartoon Network neste sábado (1º), às 11h30.

Interpretando a si mesmo na sitcom, a primeira produzida pelo canal pago no Brasil, Iberê vira diretor de um programa sobre experiências científicas. Depois de assinar um contrato com a dona da emissora, Úrsula (Bia Borin), ele corre contra o tempo para montar o programa com o auxílio de quatro adolescentes: a organizada Camila (Daphne Bozaski), o nerd Guido (Rafael Imbroisi), a avoada Laura (Luiza Porto) e o estabanado Frederico (Mateus Pigari). E, no meio tempo, ainda tem de lidar com Valentino (Rodrigo Audi), o apresentador dono de um ego enorme.

A série é o resultado da primeira proposta aceita pelo jornalista desde que lançou o Manual do Mundo, em 2008. "Havíamos recebido várias propostas e decidimos só aceitar quando fosse algo realmente legal. E [a série] foi", resumiu Iberê durante conversa com jornalistas em São Paulo na última terça-feira. Para ele, o formato foi o que mais o atraiu: "A gente não trata a criança como bobinha. Essa concepção de programa casava muito bem com o Manual e era muito legal tentar fazer alguma coisa nova que estivesse ligada a ele".

Apelidado de "Beakman brasileiro", em referência ao programa "O Mundo de Beakman", sucesso dos anos 1990, Iberê se envolveu com "Experimentos Extraordinários" desde a concepção do projeto. "Desde a primeira reunião, eu estava junto. Depois, tivemos oito meses de construção de roteiro. Uma vez por semana, a gente ficava uma tarde toda decidindo, no começo da história de cada episódio, como cada experimento ia fazer parte da história", contou, explicando que as experiências não ficam soltas na trama - um caso de amor entre dois personagens, por exemplo, começará com uma delas.

Em uma integração entre a série e o Manual do Mundo, todos os experimentos feitos na série também foram produzidos para o canal. "Eles [produtores] iam pesquisando as coisas que a gente tinha feito no Manual do Mundo, e às vezes a gente se arriscava e pegava coisas que nunca havíamos feito. Depois, no Manual, produzimos todos os experimentos que foram mostrados na série. Qualquer coisa que você veja lá na série foi criada dentro do Manual do Mundo, com as ferramentas que a gente vê lá".

Fora os trabalhos com a equipe do roteiro, Iberê ainda encarou o desafio de estrear como ator, interpretando uma versão "caricaturada" de si. "Para quem acha que interpretar a si mesmo é fácil, não é bem assim. Se você vai ficar nervoso, tem que ficar 30 vezes nervoso para gravar de todos os jeitos, então não é tão fácil", avaliou, contando que ele e todos os atores tiveram um mês de preparação. "Eu me joguei de cabeça. Pensei 'nisso eu preciso ser o melhor da turma, senão estou ferrado'. Todos eles já são atores experientes, desde criança trabalham com isso, e eu não. Então tentei absorver o máximo, aceitar tudo o que fosse ensinado, era como se eu estivesse estudando para o vestibular de novo".

A experiência de se ver em frente às câmeras como ator produziu estranhamento em um primeiro momento – e custou a Iberê até a noite de sono antes da primeira gravação. "Eu já havia me acostumado com o Manual do Mundo, não tinha mais vergonha disso. Mas atuando é diferente, você fica em dúvida se conseguiu transmitir aquilo que precisa, é um passo bem além de apresentar alguma coisa. Quando você está apresentando, você pode demonstrar o que sente, pode mostrar que você está triste ou alguma coisa assim. Lá não, você tem que fazer aquele momento exato".

E para Iberê, que diz ter a missão de levar a ciência para o público, o esforço compensou: "Para mim, se a pessoa vê o gelo seco e quer pesquisar e descobrir o que ele é, já é uma vitória"