"Hora de Aventura" chega à 6ª temporada conquistando crianças e adultos
James CiminoDo UOL, em São Paulo
Trufas sabor tutti-frutti que explodem na boca; bonecos e máscaras de personagens; coleção de roupas de uma famosa loja de departamentos brasileira. O mundo de Jake e seu amigo Finn, a dupla protagonista do desenho "Hora de Aventura", cuja sexta temporada chegou neste mês ao canal pago Cartoon Network, conquistou o Brasil e o mundo.
Inicialmente escrito para crianças, a animação conta a história de um menino de 12 anos (Finn) que vive na Terra de Ooo com seu fiel companheiro, o cão amarelo Jake, que adquire qualquer forma que quiser. Com eles também vive um game boy, BMO, que além de ser seu amigo, tem várias funções como videogame, despertador, leitor de música, luz estroboscópica etc.
Juntos eles se envolvem em grandes aventuras e protegem este mundo pós-apocalíptico povoado por doces, uma vampira roqueira (Marceline), um rei malvado que adora colecionar princesas (Rei Gelado) e princesas de todo o tipo, como a princesa Jujuba, uma cientista que governa o Reino Doce, e sua melhor amiga: a estranha princesa Caroço, que tem voz de homem e se acha a mais irresistível das criaturas.
As características contraditórias destes personagens e suas relações afetivas e sociais, que sempre destacam a diversidade das criaturas, também têm conquistado adolescentes e adultos. Em um dos episódios, BMO se apaixona por uma bolha de ar.
Em outro, chamado "Princesa Biscoito", é contada a história de um cookie que cresce revoltado porque queria ser uma princesa. Muitos fãs discutiram em fóruns da internet se o desenho estaria discutindo a transexualidade. No entanto, em entrevista ao UOL, o coprodutor executivo da série Adam Muto disse que seria "limitador" dizer que o episódio trata de transgêneros e que o desenho não foi pensado para falar especificamente sobre diversidade.
"O episódio [da princesa Biscoito] é mais sobre a predeterminação de papéis e do poder dos nomes que são dados às coisas. Mas eu não acho que 'Hora de Aventura' tenha sido pensado com esse subtexto, embora ele seja inevitável, já que o programa é cheio de personagens de raças, reinos e criaturas diferentes tentando conviver."
Sobre o sucesso que o desenho faz entre adultos, Muto disse que isso se deve ao fato de que o programa usa muitos arquétipos de forma distorcida, de forma a criar uma atmosfera estranha e pessoal. "Tentamos fazer algo que seja divertido, único e que se ressoe com o maior número de pessoas. No entanto, é necessário dizer que este programa é feito para crianças um pouco crescidas, já que aqui nos EUA ele recebe classificação indicativa de supervisão parental."
Inspirações e novidades
Durante a entrevista, o coprodutor executivo da série contou que a nova temporada irá contar alguns fatos ocorridos na Terra de Ooo antes da Grande Guerra dos Cogumelos (na internet especula-se que a Guerra dos Cogumelos é uma alusão dos autores a uma guerra nuclear).
"Achamos difícil falar dos eventos antes da Grande Guerra dos Cogumelos sem nos aventurarmos por um território sombrio, mas para a sexta temporada estamos trabalhando em um episódio sobre isso que nos deixou bem animados", conta.
Muto diz ainda sobre a origem dos personagens principais da série. Finn, por exemplo, é baseado nas "aspirações heroicas" do criador da série, Pendleton Ward, quando era criança. Já o cão Jake é inspirado no personagem de Bill Murray no filme "Almôndegas".
"O que é interessante é a forma inesperada com que os personagens têm se desenvolvido desde a primeira temporada. A princesa Jujuba começou a série como uma líder amada e perfeita do Reino Doce. Ultimamente, contudo, ela tem se tornado muito mais autoritária e fez algumas escolhas questionáveis. O Rei Gelado, por outro lado, começou a série como uma espécie de vilão de série estranho e solitário. Na quinta temporada, sabemos que ele tem toda essa outra trágica persona heroica, da qual ele nem se lembra devido à maldição de sua coroa. Isso é algo que não poderia ter sido efetivamente previsto no início da série."