"Não compreendo o motivo de tanto barulho", diz atriz de "Sexo e as Negas"

Do UOL, no Rio
Reprodução/Facebook
Corina Sabbas desabafa sobre críticas de "Sexo e as Negas"

Corina Sabbas, uma das quatro protagonistas de "Sexo e as Negas", que estreia nesta terça-feira (16), na Globo, desabafou em seu Facebook nesta segunda-feira (15) sobre a polêmica de racismo envolvendo a série.

A atriz disse não compreender tanto barulho, defendeu o autor da série Miguel Falabella e criticou instituições de apoio ao negro, que têm ameaçado boicotar o programa.  

"Pensei muito se deveria entrar nessa discussão e dar minha opinião sobre a polêmica acerca da série 'Sexo e as Negas'. Eu, verdadeiramente, não compreendo o motivo de tanto barulho sobre algo que nem estreou, ninguém sabe o que é a série exatamente, a não ser as pessoas nela envolvida. As instituições de apoio ao negro, que sempre acreditei me representar, agora tenta de toda forma censurar um trabalho que eu e tantos outros negros fazemos parte sem ao menos nos procurar para saber do que se trata. Dito isso, declaro o meu orgulho de fazer parte de um trabalho tão maravilhoso".

Corina ressaltou que o programa, que é inspirado na série americana "Sex and The City", retrata a história de quatro amigas batalhadoras, mulheres negras, lindas e poderosas que vão em busca de seus ideais.

"Uma oportunidade jamais vista na televisão brasileira de trazer um programa onde a maior parte do elenco é negra, onde questões que fazem parte do nosso dia a dia serão abordadas. É um programa humorístico, mas que trará momentos preciosos de reflexão. É um programa de negros escrito por um branco que conhece as nossas dificuldades e sofre junto, afinal dor e revolta não tem cor, não tem etnia".

A atriz concluiu seu desabafo agradecendo Miguel Falabella pela oportunidade,  recebeu o apoio de seus amigos na rede social e convidou as pessoas a assistirem a série antes de reclamarem.

"Bem aventurado ele por fazer o que ninguém fez, por usar de sua influência para empregar tantas pessoas talentosas e por mostrar a todos o que acontece em nossas vidas. Miguel, não canso de dizer, sou eternamente grata por você ter segurado minha mão no momento que eu mais precisava e dito que 'Deus fecha uma porta mas abre uma janela, e essa janela pode ter certeza que eu abrirei para você'. Obrigada por seu amor, por seu carinho e generosidade. Para aqueles que protestam contra a série, sugiro que se dêem a chance de assistir à série antes de criticar o que lhe é desconhecido".

Seriado é acusado de racismo

"Sexo e as Negas" tem sofrido com uma campanha na internet de boicote ao programa antes mesmo da estreia. Nos últimos dias, diversas organizações do movimento negro e de mulheres se manifestaram contra o seriado. Na quarta-feira (10), o órgão federal autuou a Rede Globo e solicitou mais informações sobre o conteúdo da trama por causa de várias acusações de racismo recebidas contra o programa.

Nesta segunda-feira (15), a TV Globo confirmou ter recebido uma autuação Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) por conta da série.

"Certamente há algum equívoco de interpretação do conteúdo do seriado. Temos certeza de que essas dúvidas serão dirimidas ao se conhecer o programa. Cabe ressaltar que o nosso documento de Princípios e Valores prevê o respeito à diversidade e a repulsa ao preconceito, o que é praticado em toda a nossa programação" , informou em nota a Comunicação da Globo.

O autor da série, Miguel Falabella rebateu as críticas sobre preconceito e se mostrou indignado.  "Como é que se tem a pachorra de falar de preconceito, quando pré-julgam e formam imediatamente um conceito rancoroso sobre algo que sequer viram? 'Sexo e as Negas' não tem nada de preconceito. Fala da luta de quatro mulheres que sonham, que buscam um amor ideal. Elas podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor", escreveu ele em sua página pessoal do Facebook.

"Qual é o problema, afinal? É o sexo? São as 'negas'? As negas, volto a explicar, é uma questão de prosódia. Os baianos arrastam a língua e dizem 'meu nego', os cariocas arrastam a língua e devoram os S. Se é o sexo, por que as americanas brancas têm direito ao sexo e as negras não? Que caretice é essa? O problema é por que elas são de comunidade?", completou o autor.