"Gosto de personagens que me façam sofrer", diz Bruno Gagliasso
Marcela RibeiroDo UOL, no Rio
Um jovem advogado bonito, inteligente e sedutor, que esconde por trás de seu belo rosto a crueldade de um homem frio e calculista, capaz de matar mulheres apenas para se sentir poderoso e decidir o destino de suas vítimas. Este é Edu, o serial killer vivido por Bruno Gagliasso na série "Dupla Identidade", que estreia dia 19 na Globo.
Para convencer a autora Gloria Perez e o diretor Mauro Mendonça Filho - que o acharam jovem demais para o personagem - que o papel era seu, Gagliasso, 32 anos, dedicou-se e mergulhou no universo dos serial killers.
"A minha arma foi fazer um bom teste e mostrar que o personagem era para ser meu. Gosto de personagens assim, que me desafiem como ser humano, como ator. Já fiz vilão, esquizofrênico. Gosto de personagens que me façam sofrer", explicou ele na apresentação da série à imprensa, no último dia 4, no Rio de Janeiro.
Bruno garante que não sentiu medo durante o laboratório de Edu, que o fez conhecer melhor histórias reais de assassinos em série do mundo todo. Com uma fala acelerada, elétrica, provou o quanto está empolgado com o papel.
"Mergulhar no personagem não me deu medo. Vi como o ser humano é diferente e como existem pessoas ruins, sem compaixão, sem sentimento, mas você acaba acostumando. Vejo com uma certa naturalidade de tanto estudo, mas é chocante, muito forte".
Sobre a parceria com Gloria Perez, a quem chama carinhosamente de "mãe na TV", Gagliasso é só gratidão pelos papéis desafiadores que conquistou em suas novelas.
"A Gloria é minha mãe na TV, ela me deu grandes personagens, o Junior de 'América'; o Tarso, de 'Caminho das Índias', que era esquizofrênico. Ela me achava novo para esse papel, mas eu liguei para ela e pedi para fazer o teste. Quando a gente se prepara, estuda, vai atrás, as coisas acontecem. Sabia que o personagem seria meu", diz, com convicção.
Em "Dupla Identidade", Edu vive uma vida paralela: de um lado, um rapaz esforçado, ambicioso, que trabalha em um escritório de advocacia, estuda psicologia, afirma que será presidente do Brasil e namora Ray (Débora Falabella), uma jovem sensível, que sofre de transtorno borderline. Do outro, um assassino que assombra o Rio de Janeiro com crimes em séries, sem motivos e sem deixar rastros. A série gira em torno da investigação, comandada pelo delegado Dias e pela psicóloga forense, especialista em caçadores de mentes, Vera (Luana Piovani).
"O Edu é um cara envolvente, sedutor, inteligente, que poderia estar aqui entre nós, por isso que é tão fascinante. Sou viciado em série, gosto de filme de suspense e acho que é o sonho de todo ator querer fazer um personagem assim, que é muito rico. Gosto de problematizar, de levantar questões para que a sociedade possa discutir, esse é o papel do ator", conclui Gagliasso, que no dia 18 lança o primeiro filme de sua produtora, "Isolados".
"É suspense bem na linha terror mesmo, um gênero completamente novo aqui no Brasil".