Vilhena diz que público demorou a reconhecê-lo em papel de esquizofrênico
Renato DamiãoDo UOL, no Rio
Desde que Paulinho Vilhena surgiu na tela de "Império" como o esquizofrênico Domingos Salvador, os elogios a sua atuação se tornaram frequentes tanto pelo público quanto pela crítica. A empatia foi tanta que até mesmo o autor da trama, Aguinaldo Silva, prometeu dar mais destaque ao personagem.
"Muita gente disse que não sabia que era eu fazendo o personagem", contou Paulinho em entrevista ao UOL na tarde desta segunda-feira (25). Segundo ele, o visual e o gestual de Domingos ajudaram a "desconstruir" a imagem que o grande público tinha dele e de seus personagens anteriores.
"Essa imagem desconstruída tem atraído novos olhares, o Domingos é um personagem diferente do que as pessoas estão acostumadas a assistir", prosseguiu. Aos 35 anos, Paulinho já havia chamado atenção ao protagonizar a série policial "A Teia" e o filme "Entre Nós".
As oportunidades, para o ator, são fruto de uma trajetória profissional ascendente e que foi construída com estudo e dedicação. "Vejo que fui crescendo de forma gradativa, fui me apropriando do meu ofício, melhorando, evoluindo. É uma maturidade que alcancei tanto profissional quanto pessoal. Eu saio de casa para gravar com a nítida impressão que estou indo fazer uma obra de arte, mesmo que seja uma só cena. É uma grande oportunidade", comparou.
"Só sei desenhar casinha e boneco de palito"
Quando o assunto é a trama de Domingos Salvador, Paulinho afirmou que assim como o público ele sabe pouco. Toda a construção do personagem foi feita pelo próprio ator e por meio de suas pesquisas.
Paulinho chegou a passar uma tarde no hospital psiquiátrico Nise da Silveira, no Rio. "Não quis ficar na observação passiva, coloquei o figurino e fui ativamente participar daquele espaço. Vivi aquele momento como paciente e fui muito bem recebido. Não há diálogo entre eles, mas palavras soltas, gestos. Fui vivenciando aquilo e quando vi já éramos uma turma", relembrou.
Quanto aos desenhos de Domingos, ele revelou que conta com ajuda de uma "ghost painter" ("pintora fantasma") para saber o mínimo sobre técnicas de pintura. "Não tenho talento nenhum, só sei desenhar casinha e boneco de palito", disse aos risos.
Sobre as comparações com Tonho da Lua, papel eternizado por Marcos Frota em "Mulheres de Areia", Paulinho agradeceu: "Acho uma honra, eu adorava o personagem".