20 Anos de Castelo Rá Tim Bum

Atores lembram figurinos incômodos e suor no set de "Castelo Rá-Tim-Bum"

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

Vinte anos após a sua estreia, o "Castelo Rá-Tim-Bum" ainda é lembrado com carinho por milhares de brasileiros que acompanharam as aventuras do menino de 300 anos Nino (Cássio Scapin) e seus amigos Pedrinho (Luciano Amaral), Biba (Cinthya Raquel) e Zequinha (Freddy Allan). E as memórias continuam vivas para os atores que protagonizaram o programa infantil, apesar das duas décadas que já se passaram – ou um pouquinho mais, já que as filmagens ocorreram entre 1992 e 1994.

Sempre bem maquiada e produzida em cena, Rosi Campos, a Morgana, tinha muito trabalho com seu figurino, frequentemente composto por um vestido longo, uma coroa e uma imponente gola dourada. "Minha roupa era muito cheia de coisas", conta a atriz. "Então, era muito engraçado quando tinha que ir ao banheiro com unha postiça, peruca. Era uma coisa maluca se mexer naqueles figurinos, ainda mais o meu, que era uma obra. Quando eu conseguia me virar para andar, o cabelo enganchava. Demorava uma hora para me arrumar".
 
Quem também se lembra com bom humor dos contratempos de figurino é Cássio Scapin, o Nino, que disse que era comum chegar ao fim do dia com pouca maquiagem no rosto. "A gente suava muito, porque usávamos uma roupa pesadíssima em um estúdio sem ar-condicionado, gravando oito horas por dia. A gente chegava ao fim do dia sem maquiagem", relembra.

Divulgação/TV Cultura
Elenco de "Castelo Rá Tim Bum" posa nos bastidores do programa

Além da falta de ar-condicionado, as gravações também exigiam muito esforço físico, segundo Cássio: "O trabalho era muito físico, muito exaustivo. A gente pulava, tinha esse momento lúdico. A gente ficava inventando coisa, aí não dava certo e tinha que fazer de novo. Mas o convívio [nos bastidores] era superprazeroso".

Acompanhada frequentemente da fiel escudeira de Morgana, a gralha Adelaide, Rosi gravou suas cenas em apenas três meses, mas conviveu bastante com os colegas de elenco. "Poucas vezes eu ia lá para baixo, para o zoológico, ou para algum programa especial. Mas a gente conviveu lá o tempo todo. Tinha até a visitação ao castelo, que a gente teve que suspender , porque as crianças começavam a achar que o castelo existia, que realmente havia um castelo no meio de São Paulo".

Com um elenco que em grande parte já se conhecia do teatro antes de entrar no programa, as gravações do "Castelo" tinham um ar descontraído e sem vaidade, relembra Cássio. "Ninguém foi para a TV Cultura com a cabeça de fazer televisão. Todos moravam em São Paulo, eram atores de teatro e foram chamados pra fazer um programa de TV educativo. Nós nos encontramos como se fosse para fazer um espetáculo. A relação era muito boa, divertida, nada vaidosa".

Apesar da descontração, também havia nos bastidores uma forte preocupação com o conteúdo do programa, já que ele era educativo. "Havia pedagogas, o programa era muito bem cuidado, muito respeitoso", conta Rosi. E até a língua portuguesa ganhava atenção. "Havia um professor de português no set que ficava ali antenado para ver o que a gente estava falando, para ver se não havia erro de concordância, de construção de frase", completa Cássio.

Sucesso inesperado
E mesmo com o clima de alegria no estúdio e da preocupação com a qualidade do programa, nenhum dos atores imaginava que o "Castelo" alcançaria o sucesso que teve, chegando a alcançar dez pontos de audiência e ser exibido em três horários diferentes – sem contar os frutos que viriam no futuro, como a peça de teatro, o filme e até o lançamento dos DVDs do programa.

"Ninguém esperava. Aliás, quando a gente assistiu ao primeiro episódio na TV Cultura [antes de ir ao ar], todo mundo olhou e falou 'hum, será?'. Ninguém esperava que tivesse esse resultado, porque era bem diferente - tanto esteticamente, quanto nas porções de representação. Todo mundo estranhou um pouquinho", revela Cássio.

Concordando com o colega, Rosi ressalta que o "Castelo" foi um projeto muito bem-sucedido: "Foi uma boa surpresa para todo mundo. Chegou a várias gerações. Gente de 25 anos, de 15, de 7. Até hoje a gente colhe o resultado desse projeto que foi muito feliz. Ele deu certo, deu muito certo. É um programa que poderia continuar no ar por anos.  A gente nunca imaginou que fosse essa loucura. Mas é maravilhoso participar de um projeto que tenha esse eco vinte anos depois , ainda mais na televisão".

O furor em torno do programa chegou a tal ponto que, quando a Cultura anunciou que iria parar de exibir a série, em 1997, crianças mandaram cartas com dinheiro para que ele continuasse no ar. "Era divertido. Acho que valeu a pena. As crianças mandavam cartinhas com dinheiro para que o 'Castelo' continuasse, envelopes com moedinhas dentro. É muito doido, né?", recorda a atriz.

Os fãs do programa poderão matar as saudades ao conferir fotos, objetos de cena, figurinos dos personagens, depoimentos dos atores, entre outros, na exposição em cartaz no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, a partir do dia 16.

Outros atores relembram bastidores do "Castelo"

Divulgação O que sempre lembro é do clima das gravações, de como todos se davam bem, das histórias pessoais que o Cássio contava pra gente, da família, das viagens, de como o Freddy era pequeno e eu muitas vezes fazia o prato dele na hora do almoço. Lembro mais dos bastidores do que da gravação em si Cinthya Raquel, a Biba
Divulgação Meu núcelo era o Cássio e as crianças e lembro que eles eram bem novinhos. Eles eram mais enturmados, eram amiguinhos. Mas isso ajudava até na hora de fazer as cenas. Me lembro do Freddy vir da escola dormindo. A gente gravava das 13h às 20h e ele dormia pelo corredor, então tínhamos que acordá-lo gritando "Zequinha!" Pascoal da Conceição, o Dr. Abobrinha
Divulgação A relação entre todos da equipe era de total sinergia, algo que também contribuiu para o sucesso do programa. Um clima muito legal e só deixou boas lembranças. O que mais me lembro, mesmo sendo uma rotina maçante de gravações, eram os momentos de risadas da equipe toda Luciano Amaral, o Pedrinho

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