"Te olham com pena", diz Ferrari sobre laboratório para viver cadeirante

Carla Neves
Do UOL, no Rio
AgNews
Ator será Artur em "Vitória", nova novela da Record

Bruno Ferrari será um protagonista especial em "Vitória". Isso porque o ator, de 32 anos, interpretará o cadeirante Artur, que começa a trama disposto a se vingar do pai, Gregório, papel vivido por Antônio Grassi. Na história, Artur fica paraplégico após cair do cavalo aos 12 anos. Depois do acidente, o pai se afasta do menino, que passa a nutrir um ódio mortal por ele.

"Quando eu comecei a ler os capítulos, eu me impressionei. Esse cara faz coisas que… Eu até falei com a Cris [Fridman, autora] que esse cara pode virar um vilão. Depois disso, ela me entregou mais alguns capítulos que mostram o flashback do personagem e explicam tudo o que aconteceu na vida dele. E tudo tem sentido. Toda a vingança, a amargura, tudo tem explicação. Por isso que eu falo que ele é ser humano, super humano. Aliás, todos os personagens que a Cris escreveu são assim", adiantou.

Ferrari explicou que o desejo de o personagem se vingar do pai tem a ver com a falta que sente dele.

"A Cris falou na nossa reunião que a novela fala de amor, e é verdade. O Artur está se vingando do pai mais pelo amor que sente por ele do que por ter sido abandonado. Ele ama tanto esse pai e fica tão mal que resolve se vingar", contou.

Bruno contou que uma das vinganças vai se dar através da relação de Artur com Diana, personagem interpretada por Thaís Melchior. Ao descobrir que não é filho de sangue de Gregório, ele vai seduzir a jovem, que é filha do segundo casamento do pai, e trará à tona o tabu do incesto para fazer Gregório sofrer.

Munir Chatack/Record
Para se vingar do pai, Artur vai seduzir Diana, interpretada por Thaís Melchior

Para interpretar com naturalidade um cadeirante, o ator disse que fez um treinamento durante um mês e meio com uma fisioterapeuta.

"Ela me deu dicas de como me movimentar, como sair da cadeira para a cama, como trocar de roupa, o que eu posso e o que eu não posso fazer e quais são os limites desse cara", lembrou.

Durante o treinamento, Ferrari contou que chegou a andar com a cadeira de rodas pelas ruas de Copacabana, na zona sul do Rio. E ficou surpreso com a reação das pessoas ao observá-lo.

"Como elas te olham é mais louco do que como você olha para elas. As pessoas te olham com pena. É muito diferente ver um cara de 30 anos de idade na cadeira de rodas do que um senhor de 80. As pessoas abrem espaço, parece que você não consegue fazer nada. Acho que isso é o mais dolorido para um cadeirante: ser tratado como uma pessoa impotente, que precisa de ajuda o tempo inteiro. E não, o cara pode fazer tudo", disse.

Ferrari afirmou que o mais interessante de seu personagem é que ele não será abordado com piedade.

"Acho incrível a gente abordar esse assunto e mostrar o quão ignorante a gente é, eu falo por mim. Eu não tinha consciência do que um cadeirante pode fazer. E na verdade, dependendo da lesão, o cara pode ter uma vida supernormal: transar, ter filhos, trabalhar. O Artur é tratado de uma forma supernatural. Ele não tem problema com isso. Espero e quero que as pessoas vejam primeiro o personagem e depois a cadeira. Para que a cadeira não vire um personagem também", argumentou.