Ida do "Porta dos Fundos" para a TV é aumento, não migração, diz Tabet
Beatriz Amendola*Do UOL, em São Paulo
Os fãs do "Porta dos Fundos" não precisam se preocupar com a notícia de que o grupo ganhará uma série na Fox em 2015. O humor exibido pela sitcom no YouTube continuará integralmente presente na telinha, garantiu Antonio Tabet, humorista e sócio da produtora, revelando que não houve receio em assinar com a emissora.
"A Fox deu liberdade, não existe censura prévia", afirmou Tabet em entrevista ao UOL. "Se a gente tivesse algum medo, algum receio, não teria assinado. A gente sabe o que fazer, o que a gente faz bem e o que a gente quer fazer. Sempre houve receio do outro lado, nunca da nossa parte. Muita gente [emissoras de TV] quis o Porta dos Fundos para ter a marca, mas o mais importante para a gente era manter o humor".
A escolha pela Fox foi feita porque a emissora apresentou a melhor proposta para o grupo, contou o humorista: "Nós nunca dissemos que as portas estariam fechadas, para uma TV aberta ou paga, mas veio uma proposta satisfatória. E ela não nos barra, temos liberdade completa. De tudo o que foi conversado conosco até hoje, foi a melhor proposta".
Segundo Tabet, a produção de uma série do "Porta" para a televisão não representa uma migração - e sim um processo de aumento. "A gente não está migrando. A gente está indo para outro lugar também. A gente vai continuar na internet e a produção lá vai aumentar também. Ir para TV é um processo de aumento. A palavra migração está riscada do nosso vocabulário. A gente quer espalhar. O interesse partiu da TV e, quando foi ao encontro do nosso, nós aceitamos".
Os esquetes da internet do grupo, que frequentemente passam da marca de um milhão de acessos, não serão prejudicados com o novo trabalho. "Não vamos sacrificar o que já fazemos na internet. Vamos continuar tendo três vídeos por semana e ainda pretendemos fazer mais seis séries", revelou o sócio, referindo-se ao formato no qual o grupo investiu com a websérie "Viral", lançada neste ano.
Com doze episódios de meia hora cada, a série da Fox deve trazer o elenco habitual do grupo, do qual fazem parte também Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Clarice Falcão, Júlia Rabello e Marcos Veras, adiantou Tabet. "Pela demanda, é possível que a gente convide atores e atrizes para fazer parte dessa série, mas ainda não existe nada fechado. A ideia é usar principalmente o elenco do 'Porta'".
A expectativa do humorista para o novo trabalho é "a melhor possível": "A gente sabe que vai sentar e pensar em uma série que vai ser divertida, então eu já estou animado. Já sei que vou dar muitas risadas. Eu acho que vai ser super positivo, não só para a gente como para a Fox. As pessoas vão ver que é possível fazer TV com o humor que temos".
Ida para TV
A Fox anunciou na última terça-feira (13) que havia fechado o acordo com o Porta dos Fundos para a produção da série. Segundo o UOL apurou, a emissora também pretende reciclar vídeos do humorístico na web e exibir 26 episódios de trinta minutos cada, a partir do segundo semestre de 2014.
"Chegou a oportunidade certa de darmos um novo passo e levarmos o trabalho do Porta dos Fundos para a televisão. Começamos nosso trabalho na internet e acreditamos nela como nossa casa, afinal ela nos permitiu fazer um trabalho que a televisão não permitia e que sentíamos falta", disse o sócio e diretor do Porta dos Fundos, Ian SBF.
A decisão de levar o projeto para a TV, foi amadurecida aos poucos. Em março de 2013, Gregório Duvivier, um dos criadores do canal, defendeu a permanência da sitcom na internet.
"Talvez seja a TV que precisa ir para o YouTube, e não a gente ir para a TV. O futuro é a imigração oposta. A televisão precisa começar a pensar em coisas para a Internet", disse Gregório em entrevista para o "8 Minutos", canal no YouTube do humorista Rafinha Bastos.
Gregório destacou a característica mais autoral e plural que a web oferece aos humoristas.
"As pessoas às vezes falam: 'Nossa, isso é que é humor, precisa estar na TV'. Mas na televisão tem gente que odiaria este humor. O bom da Internet é que só vê quem gosta", contou o ator. "Ninguém te obriga a ver aquilo. Na TV gera implicância porque você acaba sendo obrigado a ver. O YouTube é feito de um espectador ativo".
*Colaborou Amanda Serra