Meu Pedacinho de Chão

Exuberante no HD, "Meu Pedacinho" fica bem até em TV velha, defende diretor

Renato Damião

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/Meu Pedacinho de Chão/Gshow

     Bruna Linzmeyer interpreta a professora Juliana em "Meu Pedacinho de Chão"

    Bruna Linzmeyer interpreta a professora Juliana em "Meu Pedacinho de Chão"

Com uma proposta estética inovadora, que capricha em cores, misturas de referências e efeitos visuais, a novela "Meu Pedacinho de Chão" pode ter resultados de imagens diferentes de acordo com o aparelho do telespectador.

Se em uma televisão ou computador de alta definição as cenas surgem exuberantes, ultracoloridas, com profundidade e nitidez, em aparelhos mais modestos as cores ficam mais "apagadas" e os efeitos desfocados não dão a mesma impressão de profundidade.
 
O próprio diretor Luiz Fernando Carvalho sabe que existem "óbvias diferenças entre uma imagem e outra", mas acredita que não são relevantes para a experiência de assistir à novela. "Aqui em casa assisto em HD e também em uma TV bem antiga, que chamo de Dona Maria, de 24 polegadas, bem modesta", contou ele ao UOL.
 
O diretor revelou ainda que prefere assistir à novela por meio de um aparelho de celular e gosta de experimentar os resultados proporcionados por diferentes aparelhos.

"Sinceramente, prefiro assistir em uma tela de celular. Pequena, como se fosse uma TV de bolso. Talvez por me lembrar a proporção de uma HQ. Outras vezes, dou preferência a assistir em TVs bem precárias, onde a imagem não tem tanta qualidade assim. TVs desreguladas, puxando para o lilás ou o verde. Não separo: esta é a melhor TV, esta é a pior. Tudo depende do olhar de quem assiste, e a novela é feita para servir à imaginação de todos os públicos, em qualquer suporte", disse o diretor, lembrando ainda que, em razão do horário, a faixa das 18h, muitas pessoas assistem aos capítulos pela internet.

Divulgação/TV Globo
Luiz Fernando Carvalho mistura referências visuais em "Meu Pedacinho de Chão"
Novela é "miscigenação estética"
Animes japoneses, western-spaghetti, Mazaroppi, operetas e até o dramaturgo alemão Bertold Brecht foram as referências buscadas por Luiz Fernando Carvalho para construir "Meu Pedacinho de Chão".

"Misturo tudo neste caldo, não separando ou julgando, isto é melhor que aquilo, não. Há uma busca por uma unidade dentro desta miscigenação estética, que deve resultar em entretenimento e só", explicou ele. A novela é filmada com câmeras de "última geração", e tudo é criado através dos enquadramentos, ângulos, lentes e posição de câmera.

"Neste trabalho me permiti misturar, de forma lúdica, gêneros e linguagens. Quase como uma paródia antropofágica, mas a verdade é que estamos brincando de cruzar várias formas de contar", completou o diretor.

Elogiado por trabalhos como "Os Maias", "Hoje é Dia de Maria" e "Capitu", Luiz Fernando contou que em seu atual projeto está revisitando suas próprias referências como modo de brincar com antigas verdades tidas por ele como conceitos absolutos.

"Agora me permito sorrir disto tudo, de mim mesmo, claro! Esta, talvez, seja a maior novidade em termos de linguagem do meu trabalho. Um diretor sorrindo de sua própria trajetória para se reinventar", opinou.

Indagado se o sucesso de "Meu Pedacinho de Chão" o surpreendeu, Luiz Fernando se autointitulou um "operário das imagens": "Tudo no meu trabalho são tentativas. Não me sinto chegando em lugar algum. Estou sempre recomeçando, independente de qualquer medição ou resultado, não tenho a arrogância da realeza", finalizou.

Cenas de "Meu Pedacinho de Chão"
Cenas de "Meu Pedacinho de Chão"

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