Geraldo Luís alfineta a Globo e diz que "televisão é para o povo"
Amanda SerraDo UOL, em São Paulo
Acompanhado do anão, da "morte", do galo e de mais dois personagens surpresas, Geraldo Luís estreia no "Domingo Show", da Record, dia 23 de março, com a presença de Sabrina Sato em uma gincana. Essa será a primeira aparição da apresentadora em um programa de auditório desde sua contratação.
É de olho no concorrente SBT que o novo âncora do fim de semana pretende conquistar a liderança no Ibope - "O Silvio Santos é dono do domingo, porque faz televisão para o povo". Seguindo a fórmula comum atualmente nas programações televisivas - jornalismo + entretenimento - a nova atração pretende derrotar Celso Portiolli e Eliana durante as 4 horas em que estiver ao vivo. Para fazer jus ao novo formato, comandante Hamilton participará semanalmente com o hard news (noticiário quente) de São Paulo. Geraldo também aproveitou para criticar a Globo.
"A linguagem da televisão mudou e hoje é preciso saber informar e brincar. A Globo demorou a ver isso e vem apanhando no Ibope. Derrotei muitas vezes o 'Vídeo Show' quando estava no 'Balanço Geral'. Televisão é entretenimento", opinou o jornalista , que vê a internet como precursora dessa nova linguagem. "A web acelerou o processo de mudança das televisões, ela chegou e disse: 'Eu vou te engolir'".
O apresentador aproveitou para citar como exemplo Fátima Bernardes, que durante 14 anos apresentou o "Jornal Nacional" e acabou migrando para um quadro de entretenimento - assim como ocorreu com os jornalistas Zeca Camargo e Pedro Bial. "A Fátima era aquela pessoa séria, que não dava risada, hoje ela dança até o 'Lepo Lepo' [hit da banda Psirico] se precisar. Quem vê televisão quer muito mais do que ficar de braços cruzados no sofá, assistindo passivamente".
A análise de Geraldo, expõe a crise do jornalismo tradicional, que vem se modificado nos últimos tempos não só por conta da internet, mas também para tentar se comunicar com a nova classe média que se expandiu no século 21. A junção de noticiário e entretenimento tem dado certo nas redes de televisão e seguem crescendo, mesmo com o número de demissões de profissionais. Cerca de 500 funcionários foram demitidos em 2013 na Record, conforme informado pelo colunista do UOL, Flávio Ricco.
"Não estou preocupado com audiência, mas em fazer um programa diferente, direcionado para a família. O povo é simples, não precisa inventar muito. Se você falar do jeito que ele gosta e fizer televisão para o povo, ele dá audiência. O domingo precisa ser do povo", afirmou Geraldo ao UOL, exaltando sua qualidade popular.
Com reportagens jornalísticas especiais, que o apresentador tem gravado nos últimos meses em viagens pelo Brasil, o resgate de algumas brincadeiras, como jogo da roleta, o programa terá ainda atrações musicais e cerca de 200 pessoas no auditório.
Por cerca de sete anos, o repórter policial e também artista circense, se dedicou ao vespertino jornalístico "Balanço Geral" e sentiu o impacto ao ser informado que assumiria um novo programa. "Não esperava, foi um choque pois estava muito bem lá, com uma audiência boa. Mas fiquei tranquilo ao saber que o núcleo de jornalismo viria comigo".
"Posso dizer com orgulho que foi um programa popularesco, visto até com preconceito, que fez a Globo mudar de mentalidade", acrescentou o apresentador, referindo-se ao 'Balanço Geral'."
Ao mesmo tempo em que afirma não querer se tornar um apresentador "elitizado", Geraldo também rejeita o título de apresentador popular. "Não vivo do ego da televisão, tenho apenas como meu trabalho. O título de apresentador é muito pesado e não quero. Sou um cara que fala com o povo e leva alegria. Também não quero ser um apresentador para elite", finalizou.