Em outubro do ano passado, Marcello Novaes se despediu do personagem que chama de um marco em sua carreira: Max, o parceiro de Carminha (Adriana Esteves) em "Avenida Brasil". Com o papel vivo na memória do público, o ator volta à cena no papel de outro vilão, o comerciante Kléber de "Além do Horizonte", nova novela das sete.

"Parece que foi ontem, mas eu não poderia voltar antes porque as pessoas não iam acreditar. Hoje, eu saio na rua e as pessoas gritam: "Max, Max". Vou ter que suar a camisa para desmistificar esse cara", avaliou Marcello Novaes.

Apesar da dificuldade, Novaes espera fazer de Kléber - um homem duro e assustador, mas um frouxo diante da mulher, Keila (Sheron Menezes) - bem diferente de Max.

"Estou fazendo muita força para que isso aconteça. E o resultado disso a gente vai falar mais tarde, daqui uns seis meses, e poderá chegar a essa conclusão: se eu consegui ou não me distanciar do Max. Pelo menos esforço eu estou fazendo", disse o ator, acrescentando que em 26 anos de TV Globo jamais recusou trabalho na emissora.

"Nunca neguei nenhum personagem. Inicialmente, eu rezava para trabalhar, porque eu tinha muita vontade de me concretizar como ator. Depois, eu fiquei muito feliz porque eu pude realizar um sonho de crescer nesta carreira. Eu acho que eu consegui isso com todos os personagens que eu fiz".

Ciente do sucesso de Max em "Avenida Brasil", Marcello Novaes contou que papeis como estes são únicos.

"Um personagem como o Max, um ator tem a oportunidade de fazer de dez em dez anos. Eu encontro atores consagrados de quarenta anos e eles têm dois, três, quatro personagens que entraram para a história deles. Não vou citar nomes, mas os grandes veteranos, quantos grandes personagens eles fizeram? Três, quatro, cinco em 40 anos? Eu tive dois. Todos foram ótimos, mas grandes personagens foram Raí ["Quatro por Quatro"] e Max. Eu tive o Timóteo ["Chocolate com Pimenta"], que era maravilhoso, foi uma delícia fazer, mas de explosão... Então, "Avenida Brasil" é um divisor de águas", avaliou Novaes.

O apego foi tanto que Marcello Novaes comprou um Labrador e batizou o filhote de Max. "Ele é uma peste. É um doce, mas é bagunceiro. Já comeu um controle remoto lá de casa. Mas não posso nem reclamar porque fui eu que dei o nome", sorriu o ator, abrindo um parêntese na conversa sobre os personagens.

Para tentar distanciar Kléber de Max, o ator está tentando fazer do novo vilão um cara mais comedido. "Max era expansivo, gritava, falava alto, o tom parecido com o meu. Neste, ele é menor, gesticula menos, interiorizado, menos expansivo, mais suspense. A credibilidade de ser mais duro que o Max. O Max era quase apaixonante porque a história dele era muito triste e isso acabou cativando as pessoas", apostou.