Chega nesta quarta (24) à TV aberta a premiada série "Mad Men", leia entrevistas com protagonistas

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

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    23.jan.2013 - Da esquerda para a direita: Betty (January Jones), Sally (Kiernan Shipka) e Megan (Jessica Paré) cercam Don Draper (Jon Hamm) em cena da sexta temporada da série "Mad Men"

    23.jan.2013 - Da esquerda para a direita: Betty (January Jones), Sally (Kiernan Shipka) e Megan (Jessica Paré) cercam Don Draper (Jon Hamm) em cena da sexta temporada da série "Mad Men"

Os telespectadores brasileiros poderão ver, agora na TV aberta, a cultuada e premiada série americana "Mad Men". A TV Cultura irá exibir a atração, que conta a história de um grupo de publicitários na Nova York dos anos 1960, desde a primeira temporada a partir desta quarta-feira (24), às 22h.

Quase nove anos depois de seu criador, Matthew Weiner, ter ouvido "não" de praticamente todas as emissoras de TV porque "uma série sobre os anos 60 nunca faria sucesso", "Mad Men" chega à sexta temporada nos EUA coberta de prêmios - quatro Emmys e três Globos de Ouro – e com uma das maiores audiências da TV por assinatura nos Estados Unidos.

São mais de 3,5 milhões de espectadores para cada episódio que vai ao ar no horário nobre, mais cerca de 1,2 milhões em episódios gravados, já que uma boa parte dos americanos assiste TV "on demand". Mais que isso: os temas e o estilo de "Mad Men" se integraram completamente à cultura pop dos EUA, da moda à linguagem.

A sexta temporada – que será, pelos planos do criador Matthew Weiner, a penúltima – coloca os publicitários no turbulento ano de 1968, marcado pelos assassinatos de Martin Luther King e Bob Kennedy, a guerra do Vietnã, os movimentos estudantis, a contracultura. Mas, como diz Weiner, "Mad Men" não é "sobre os anos 60, é sobre um grupo de pessoas que vive nos anos 60."

No centro desse grupo de pessoas estão dois personagens marcantes, cujas histórias formam o coração da trama: Don Draper, o publicitário super bem sucedido, mulherengo e com um passado que ele se esforça para esconder e Peggy Olson, que começou como secretária da agencia, batalhou até se tornar publicitária e, no episódio final da quinta temporada, aceitou um posto de direção numa agência concorrente.

Nos papéis de Don e Peggy, Jon Hamm e Elisabeth Moss têm carreiras parecidas: pequenos papéis e muita batalha até um fatídico teste de elenco, em 2005, para o que deveria ser uma pequena série independente…

Hamm, além da série, tem feito muito sucesso na mídia americana devido ao fato de ser um homem bem dotado, no sentido sexual mesmo, a ponto de não encontrar cuecas de seu tamanho, o que causou constrangimentos durante as gravações da nova temporada.

Aqui, nos intervalos da filmagem da sexta temporada, nos estúdios LA Center, no coração de Los Angeles, Hamm e Moss refletem sobre Don, Peggy, e o que esperar do futuro, dentro e fora da série. Leia as entrevistas, mas, cuidado, os textos contêm spoilers (informações sobre o enredo das temporadas futuras):

UOL - Como você define Don Draper nesta temporada?

Jon Hamm -Don está no meio de uma viagem de autoconhecimento e autodescoberta tentando saber o que realmente é a motivação de sua vida, o que o faz feliz.  Será o trabalho? Será o amor? Serão as amizades, os colegas? Será o sexo? A bebida? Se você olhar para a trajetória dele ao longo das temporadas você vai ver alguns avanços e alguns retrocessos, uma espécie de auto sabotagem. Don está numa encruzilhada. Ele tem 40 anos, está ficando mais velho. Nos anos 60, um homem de 40 anos era definitivamente um homem de meia idade, rapidamente a caminho da velhice. É o momento em que reavalia o que realmente importa em sua vida.

O que, na sua opinião, ele está esquecendo de valorizar?

Como está o relacionamento dele com os filhos, por exemplo? Certamente não é uma prioridade para ele. Ele deixou que Betty e Henry cuidassem disso. E as crianças estão crescendo sem nenhuma noção de perspectiva além do que veem no dia a dia. Eu cresci numa casa de pais divorciados e perdi minha mãe muito cedo, e meu pai um pouco depois. Eu sei como é se sentir sem um horizonte pela frente.

A última temporada terminou com uma clara indicação de que Don estava voltando à sua velha rotina de mulherengo… Que papel têm as mulheres na vida dele, agora que ele está quarentão?

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É uma benção ter alguém como Matt [Weiner] escrevendo nossas cenas… O uso da palavra "sozinho"... A moça no bar podia ter perguntado "você é solteiro?" ou algo parecido. Mas a palavra que Matt escolheu foi "sozinho". Que é a essência de Don Draper…

Jon Hamm, sobre seu personagem em "Mad Men"

E que cena incrível aquela…. Tão bem escrita… É uma benção ter alguém como Matt [Weiner] escrevendo nossas cenas… O uso da palavra "sozinho"... A moça no bar podia ter perguntado "você é solteiro?" ou algo parecido. Mas a palavra que Matt escolheu foi "sozinho". Que é a essência de Don Draper… Se você olhar para a série desde o princípio, Don Draper, querendo ou não, sempre esteve sob o domínio das mulheres em sua vida.  Agora ele está num triângulo entre a mulher, Megan, a ex-mulher, Betty, e Sally, a filha. Isso é essencial nesta temporada. Mas não posso dizer mais que isso… (risos)

Qual o impacto da série na sua carreira?

"Mad Men" mudou minha vida. Quando fui contratado eu achava seriamente que minha carreira tinha chegado ao fim. O que eu ouvia, nos testes, é que alguém com meu tipo físico não se adaptava a quase nenhum papel. É difícil descrever a mudança que este trabalho criou na minha vida. Ele já é uma parte integral da minha vida.

Esta deve ser a penúltima temporada… o que você espera da vida depois de "Mad Men"?

Quando eu acabar de filmar esta temporada, agora no fim do mês, eu e todos os meus colegas que estavam na primeira temporada teremos passado oito anos juntos no mundo de "Mad Men".  Se a série terminar na próxima temporada teremos mais de dez anos, mais de uma década de nossas vidas dedicada a esse projeto. Passamos por casamentos, divórcios, bebês, namorados, namoradas… O filho do John Slattery [que faz o papel de Roger Sterling, sócio de Don na agência] tinha seis anos na primeira temporada, estava começando na escola, agora joga beisebol e está quase se formando no ensino médio… O que aconteceu? Foi uma viagem longa , emocionante e muito educativa. Aprende-se muito sobre si mesmo fazendo televisão. Espero continuar mantendo este nível de energia e aprendizado em qualquer coisa que eu fizer depois.

UOL - E quanto a Peggy Olson? Como você a define nesta temporada?

Elisabeth Moss - Peggy provavelmente cresceu e se transformou mais rapidamente do que todos os outros personagens da série. Mas existem implicações emocionais que ela não está percebendo. Com tudo o que acontece nas vidas dos personagens ao longo dessas cinco temporadas, este é o momento de explorar seu mundo interior. Acho que esta é a temporada em que mergulhamos mais fundo no universo emocional de todos os personagens. Vai ser uma temporada maravilhosa, cheia de surpresas.

A última temporada terminou com Peggy tomando várias atitudes de extrema ousadia, mudando de time, assumindo um posto de chefia na maior concorrente da agência de Don Draper. Como ela vai lidar com essa nova situação?

Hummm… Não posso dizer muita coisa, obviamente. Mas o essencial é a ideia que é o tema de toda a temporada: a ideia de que as pessoas crescem, amadurecem, envelhecem e acham que mudam porque se colocaram em novas situações,  acham que são mais fortes e mais espertos porque estão numa nova situação mas… será mesmo?  Peggy definitivamente vai se ver frente a frente com os mesmos problemas e desafios que já enfrentou antes, que vão provocá-la nos mesmos lugares, que vão direto nas suas fraquezas, nas suas vulnerabilidades. Algumas coisas, para ela, nunca vão mudar, não importa o quanto ela se ache poderosa e independente.

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O tema de toda a temporada é a ideia de que as pessoas crescem, amadurecem, envelhecem e acham que mudam porque se colocaram em novas situações, acham que são mais fortes e mais espertos porque estão numa nova situação mas… será mesmo?

Elisabeth Moss, sobre sua personagem em "Mad Men"

Qual o impacto da série na sua carreira?

Impacto total. Acima de tudo eu sou extremamente grata pela oportunidade de fazer parte desse elenco. É muito difícil esquecer-se disso. Quando fizemos a primeira temporada, achávamos que seria uma pequena série independente, de qualidade, mas com um público muito específico, sobre os anos 1960. Não esperávamos ganhar aqueles prêmios todos. Não esperávamos o sucesso, o modo como a série cresceu em popularidade. Nunca perdemos essa perspectiva. Nunca nos sentimos a turma mais popular da escola… Sempre nos sentimos como os garotos "cool" que ficam do lado de fora, fumando no beco…

Esta deve ser a penúltima temporada… o que você espera da vida depois de "Mad Men"?

Ai meu Deus!  Não sei. Não sei mesmo como vai ser! Minha vida e esta série estão completamente interligados. Fiz o piloto quando tinha 23 anos. Vou fazer 31 em julho. Eu realmente não consigo imaginar o que será minha vida sem essa série. Vai ser apavorante, mas, por outro lado, muito libertador, sabe? O lado bom é que vou ter mais tempo para mim. O lado ruim é que não terei mais Peggy e não terei mais esse grupo maravilhoso de pessoas que se tornaram mais que amigos para mim. São uma família.

OUÇA O "LADO BI" Nº 3, QUE DEBATE SOBRE O "DOTE" DE JON HAMM

  • Montagem/UOL

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