A versão brasileira do tradicional humorístico norte-americano "Saturday Night Live", comandado por Rafinha Bastos, irá ao ar aos domingos, apesar de o programa se chamar, em tradução livre, "Noite de sábado ao vivo". "Eu bati muito o pé para que fosse no sábado, mas existem questões mercadológicas. Não sou especialista, mas sábado não é o melhor dia para fazer um programa de televisão", disse Rafinha em entrevista coletiva nesta quarta-feira (16), em São Paulo, em que também foi anunciada a data de estreia, 27 de maio.

Para o humorista, a solução é apostar na grife "SNL", que é um nome forte. "Também estou confiante que o brasileiro não vai saber que Saturday é sábado", disse ele. O humorista ainda zombou da possível repercussão após a declaração que tinha acabado de dar e imaginou a manchete nos jornais: "Rafinha Bastos ironiza a audiência".

O "SNL" será ao vivo como o norte-americano, terá 1h30 de duração e a participação de 10 humoristas - Anderson Bizzocchi, Carla Candiotto, Carol Zoccoli, Claudio Carneiro, Fernando Muylaert, Marcela Leal, Marco Gonçalves, Renata Gaspar e Rudy Landucci -, e da banda Kings De La Noche. O horário da atração não foi divulgado aos jornalistas nesta quarta (16), por uma questão de estratégia contra a concorrência. "Como eu ouvi hoje, 'para não dar carne aos tubarões", disse Rafinha. O "SNL", licenciado pela Endemol, provavelmente irá ocupar o horário do "Pânico na TV", às 21h, depois que o grupo foi para a Bandeirantes.
 

Atraso na estreia

Inicialmente marcado para começar no dia 13 e depois transferido para 27 de maio, o humorista explicou que o atraso ocorreu por conta das dificuldades de orquestrar um programa ao vivo. "Por mim teria estreado ontem, não gostaria que tivesse demorado tanto, mas é assim mesmo. Não é um programa simples", disse.

Para Rafinha, outro desafio está em fazer uma programa "fresco", recheado de assuntos atuais.  "Se Thor Batista matar mais 15 pessoas, a gente precisa estar atual. Não que ele vá fazer isso. Não é isso o que eu quero, pelo amor de Deus", disse o humorista, preocupado com o peso que os jornalistas poderiam dar às suas declarações.

No piloto, gravado no último domingo (13), os humoristas fizeram uma esquete sobre o caso Carolina Dieckmann, que teve fotos nua publicadas na internet sem autorização. "O que não vai dar para fazer no ao vivo, porque no dia 27, ela já vai ter tirado a internet do ar. A vontade de estrear logo é para que a gente possa aproveitar essas coisas que estão acontecendo", afirmou.

Futuras polêmicas

Rafinha, produtor executivo do "SNL", afirmou que terá liberdade total para fazer piadas. "Não pretendo ofender as pessoas, mas inevitavelmente isso vai acontecer."

Questionados se as esquetes possam vir a ofender algum famoso, Marco Gonçalves, que faz parte do elenco do "SNL", disse que a única preocupação é que o programa seja engraçado e bom. "A verdade é que vamos criar conteúdos que podem tocar nos limites de outras pessoas, mas é normal o humor fazer isso", disse. "A gente pode falar a bobagem que quiser, quem eles vão processar é o Rafinha. Ele é o nosso para-raio", disse o humorista Fernando Muylaert, que também integra o elenco do humorístico.

Convidados

Originalmente exibido pela rede americana NBC, o "Saturday Night Live" é veiculado aos sábados à noite desde 11 de outubro de 1975. A cada semana, o elenco recebe um convidado especial, que participa de quadros de humor, e uma atração musical.

Segundo Rafinha, outra grande dificuldade é conseguir convidados interessantes para comandar a atração. "Gostaria de trazer Lázaro Ramos, Selton Mello, Rodrigo Santoro, mas daqui a dois meses, você vai ligar a televisão e ver o Sidney Magal aqui. Ele é ótimo, mas eu não posso ter o Sidney Magal em um dia, o Inri Cristo no outro e a Gretchen no outro. Senão vira o 'Superpop'".