Roberto Bolaños

Caixão com corpo de Roberto Bolaños chega a Cidade do México

México, 29 nov (EFE).- O cortejo fúnebre de Roberto Gómez Bolaños chegou neste sábado às instalações da empresa Televisa no sul da Cidade do México procedente do aeroporto de Toluca, distante cerca de 70 quilômetros, para onde o caixão com o corpo do comediante chegou vindo de Cancún.

Na sede da Televisa será realizada uma cerimônia religiosa de caráter privado, com a presença de personalidades da empresa e do meio artístico mexicano.

Imagens de televisão mostraram muitas pessoas postadas à beira do Anel Periférico da capital à passagem da caravana de veículos procedente de Toluca para expressar carinho pelo ator e escritor, que morreu ontem aos 85 anos de idade em sua residência de Cancun.

O avião de uma companhia aérea comercial com o caixão de Chespirito (seu apelido no México) chegou a Toluca após ter partido às 11h15 (horário local, 15h15 de Brasília) do aeroporto internacional de Cancun, depois que o comediante foi velado em sua casa desse balneário do Caribe mexicano.

Momentos antes de abordar um dos veículos que levaram toda a família desde a casa rumo ao aeroporto, a atriz Florinda Meza, viúva de Bolaños, agradeceu as mostras de carinho recebidas: "Obrigado por todo o apoio que deram a meu Roberto".

Além disso, a família publicou através do Twitter uma mensagem de agradecimento "por tanto amor" dos admiradores do comediante. "Os esperamos amanhã no Estádio Azteca a partir das 12h para se despedir", diz a mensagem.

A Televisa vai fazer ao criador e intérprete dos personagens Chaves e Chapolin Colorado uma homenagem pública este domingo no Estádio Azteca, onde se prevê a presença de cerca de 100 mil pessoas.

A causa da morte do ator não foi divulgada. Com problemas respiratórios, dificuldades para se locomover e se mexer, o ator e comediante havia se isolado com a família em Cancún em busca de ar puro. Em suas últimas aparições públicas, Bolaños se deslocava com o auxílio de uma cadeira de rodas e aparelho respiratório.

Bolaños era pai de Roberto, Paulina, Graciela, Marcela, Teresa e Cecília, frutos do primeiro casamento, com Graciela Fernández Pierre.

 

SBT se despede de Bolaños

 
Assim que foi divulgada a informação da morte do ator, artistas do Brasil e do exterior manifestaram tristeza. Edgar Vivar, intérprete de Seu Barriga, escreveu no Twitter. "Roberto, não se vá. Permanece em meu coração e em todos os corações de tantos a quem nos fez feliz. Adeus, Chavito, até sempre".
 
A atriz que fazia a Chiquinha, Maria Antonieta de Las Nieves, também usou o Twitter para se despedir do colega: "Obrigada por ter feito tanta gente feliz e pelos maravilhosos momentos que dividimos no grupo."
 
Entre os humoristas brasileiros, Tatá Werneck foi uma das primeiras a se manifestar nas redes sociais. "Pelo amor de Deus!!! Luto oficial!! Meu maior ídolo! Meu amor!! Minha grande inspiração! Chaves!!!!!! Caraca, tô chorando que nem uma idiota", escreveu a atriz. 
 
Mesmo debilitado, Bolanõs era usuário da internet e escreveu para os brasileiros em suas últimas publicações no Twitter. "Todo meu amor, para Brasil", escreveu em resposta a uma fã brasileira em agosto.
 
A pedido do UOL, a dubladora de Chiquinha no Brasil gravou uma mensagem de despedida para o personagem mais famoso de Bolaños: "O Chaves morreu? Ele não vai mais brincar comigo? Eu estou muito triste. Ele vai fazer muita falta. Ele vai estar sempre no meu coração e no coração de todo mundo".
 

Biografia

Roberto Gómez Bolaños nasceu na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929. Filho da secretária bilíngue Elsa Bolaños Cacho e do pintor, cartunista e ilustrador Francisco Gómez Linares, Bolaños começou a carreira como escritor criativo para rádio e televisão durante a década de 1950. Começou a representar como ator em 1960, no filme "Dois Criados Malcriados". 
 
"Desde criança, minha característica principal sempre foi o medo. Lembro que sentia medo de olhar debaixo das camas e quando jovenzinho, foi pior, por isso fui briguento", contou Bolaños em uma das muitas entrevistas que concedeu.

Quando adolescente, Bolaños sonhava ser jogador de futebol e se destacou em torneios escolares de boxe, que disputava escondido da mãe. Aos 22 anos, começou a estudar engenharia mas se aventurou a escrever anúncios em uma agência de publicidade e logo estreou como roteirista em programas de rádio, televisão e cinema que ganharam fama.

Mais tarde, aproveitou a ausência de algum ator nas gravações para fazer graça diante das câmeras, dando os primeiros passos para o comediante que interpretaria personagens nascidos em sua própria imaginação.

Aos 40 anos, Bolaños estreou na televisão mexicana com o programa "Chespirito" que, com interpretações diversas, ficou no ar por 25 anos ininterruptos em horário nobre. Após alcançar níveis inéditos de audiência, foi exportado para o restante da América Latina e para a Espanha.
Bolaños começou sua carreira como roteirista de programas de comédia e de obras do seu xará de codinome, o britânico William Shakespeare, cujo apelido no diminutivo, pronunciado à espanhola, se leria "Chespirito".
 
Em 1968, começaram as transmissões Independentes de Televisão no México e Chespirito foi chamado como escritor para a realização de um programa com duração de meia hora. E assim, nasceu "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada". Ao lado de Chespirito, contracenavam Ramón Valdés, Rubén Aguirre e María Antonieta de las Nieves.
 
Em 1970, o programa teve sua duração aumentada. Nessa época, surge o Chapolin Colorado, um herói atrapalhado. Um ano depois, foi criado o personagem que se tornaria o maior sucesso de Bolaños, Chaves. Ambos os personagens funcionaram tão bem que as sketches se tornaram séries independentes de 30 minutos de duração em 1973, após o fim do "Programa Chespirito".
 
Conhecido pelo carisma, Bolaños também colecionou polêmicas durante a carreira, várias delas relacionadas ao elenco de seus seriados. A principal foi uma batalha judicial com Maria Antonieta de las Nieves, a Chiquinha, pelos direitos de utilização da personagem, criada e posteriormente registrada por ele, nos anos 1970.
 
Com Carlos Villagrán, o Quico, a relação também não era das melhores, principalmente após a saída do ator do elenco de "Chaves". Proibido de encarnar o personagem no México, ele foi obrigado a rumar para a Venezuela, onde estrelou a própria série, num formato similar ao seriado original.
 

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