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28/02/2008 - 21h40
Eri Johnson diz que se inspirou em Zeca Pagodinho para compor o personagem Zé da Feira

Do PopTevê

Pedro Paulo Figueiredo/CZN

Eri Johnson, que interpretaZé da Feira em Duas Caras

Eri Johnson, que interpreta
Zé da Feira em Duas Caras

Dia desses, Eri Johnson, que interpreta o Zé da Feira em "Duas Caras", foi surpreendido ao entrar em uma churrascaria carioca e ser aplaudido pelos clientes que lá estavam. A manifestação, que contou com o aval de Aguinaldo Silva, autor da trama das oito que também estava no local, tem motivo: o êxito do ator na pele do pagodeiro boa-praça que não resiste a um copo de bebida.

"Isso nunca tinha acontecido antes", surpreende-se o ator, acrescentando que a repercussão do personagem é tanta que, vira-e-mexe, tem recebido letras de samba em fitas e até em guardanapos. "Não esperava que as pessoas fossem entrar numa de: ah, vou mandar uma letra para o Eri, de repente ele grava. Não vou gravar! Não sou cantor, nem compositor! Sou ator!", esclarece, às gargalhadas.

Inspiração

Convidado por Wolf Maya, diretor da novela, para viver o sambista que adora uma "birita", Eri conta que não teve nenhum preparo especial na hora de compor o personagem. "Não sei fazer laboratório", admite, aos risos. Mas Eri revela que se inspirou em um conhecido sambista: Zeca Pagodinho. Seu amigo de longa data, Eri procurou incorporar seus trejeitos e seu modo de falar. "A preocupação foi colocar no Zé da Feira a essência do Zeca, o respeito que ele tem pela família, pelos amigos", conta o ator.

E a atuação de Eri tem sido aprovada pelo próprio Pagodinho. Outro dia, o músico ligou para o ator elogiando sua performance na cena em que Zé da Feira coloca fogo na Portelinha. "O Zeca me ligou e disse: pô, bebedeira total, 'cumpade!' Pior é que você fica transfigurado, fica outra pessoa", conta, imitando a maneira de falar do pagodeiro.

Acostumado a interpretar tipos bem-humorados, Eri conta que Zé da Feira é um personagem especial. Até porque, na hora de interpretá-lo, ele tem de dosar muito bem drama e comédia. "Tenho consciência de que estou representando um alcoólatra e que, como tal, tem uma baita responsabilidade social. Mas fico louco quando aparece uma brecha para a comédia", confessa, aos risos.

O público e a bebida

Considerado por Eri como um dos seus trabalhos mais penosos - "é difícil fazer um bêbado sem ser caricato", reconhece -, o ator não esperava tamanho entusiasmo do público com o personagem. De motorista de caminhão a senhoras de idade, desde que começou a dar vida ao cachaceiro, é raro Eri passar despercebido pelas ruas. "Tem gente que pede para o Zé da Feira parar de beber, outros dizem que é maneiro quando ele bebe. Tudo o que você puder imaginar acontece na rua", conta.

Uma das abordagens que mais marcou Eri, no entanto, foi a de um fisioterapeuta que o parou na praia para contar sobre os problemas que enfrentou por conta do alcoolismo. "Ele disse o seguinte: hoje sou fisioterapeuta, mas perdi a família, o emprego e cheguei até a morar na rua por causa da bebida", relata o ator, surpreso com a história do desconhecido.

Além de gravar freneticamente --outro dia, saiu dos estúdios do Projac, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, às cinco horas da madrugada--, Eri ainda arranja tempo para divulgar o filme "Sexo Com Amor?", no qual interpreta o atormentado Pedro, e para atuar na peça "Alarme Falso", em que dá vida a dez personagens, entre eles um garotinho, uma professora de escola pública, um português, um gago, um homossexual e um bêbado, entre outros. "Não consigo deixar de fazer teatro. Preciso atuar em comédia. O Zé da Feira é viciado em bebida e eu sou em teatro", declara, entre risos. (por Carla Neves)

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