Mariana Hein está tendo de se desdobrar. Literalmente. Afinal, sua atual personagem, a Andressa de "Chamas da Vida", passa o dia ajudando crianças e adolescentes carentes como uma séria e competente assistente social. À noite, adota um visual bem mais extravagante para oferecer outro tipo de assistência: acompanhar executivos como prostituta de "luxo". Por conta da "dupla jornada", pode-se até dizer que sua vida não é nada fácil. "Brinco que ela é uma assistente social ao quadrado", diverte-se a simpática atriz de 29 anos.



Apesar do trabalho dobrado, Mariana não tem do que reclamar. A atriz, que estreou na tevê no humorístico "Garotas do Programa", exibido pela Globo em 2000, cita Andressa como a personagem mais completa de sua carreira. "Sempre me pergunto quem será essa personagem, qual sua verdade... Ela é cheia de mistérios, até para mim", elocubra. Além de ter vivido duas vilãs, a Carol, de "Um Anjo Caiu do Céu", e a Bebel, de "Malhação", a paulistana foi repórter do "Video Show" por dois anos. E adorou a experiência. "Como tinha bastante improvisação, isso me deu segurança para a atuação na tevê e no teatro", avalia.

Inquieta, Mariana conta que vive na ponte aérea, já que grava no Rio e mora em São Paulo, onde, aliás, mantém vários e intermináveis projetos. Integrante do Grupo Tapa, ela vive fazendo cursos de todos os tipos, que vão do canto à interpretação. No teatro, tem três projetos "engatilhados", que devem sair do papel quando a novela terminar. No cinema, ela participou do curta-metragem "1X1", de Alexandre Ingrevallo, e do longa "Dores & Amores", de Ricardo Pinto Silva, com estréia prevista para 2009. "Acho que estou encaminhada na tevê e no teatro. Mas pretendo fazer carreira no cinema. De um ano para cá senti uma evolução grande na minha forma de pensar e agora sei o que quero", avisa.

Por ser uma personagem de vida dupla, você teve de se dedicar mais à composição? Como foi a preparação para a Andressa?

Conversei com uma assistente social experiente, que já está aposentada. A partir daí percebi que ela tem uma aproximação grande com quem trata, olha no olho, pega na mão... Isso é importante para criar vínculos e confiança. Já a parte da prostituição confesso que foi mais difícil, porque as garotas de programa de luxo são muito discretas e é complicado encontrar uma que assuma o que faz, já que a maioria é de universitárias.

Então de onde buscou referências? Até porque ela cumpre um papel "sadomasoquista" com os clientes...

Quando entrei na faculdade freqüentei boates e via mesas com homens mais velhos, garrafas de uísque e várias mulheres bonitas em volta. Era ingênua, não sabia como aquilo era possível. Até que fui percebendo e ouvindo do que se tratava. Até porque não é nada bagaceiro. Muitas falam línguas e fazem isso para se sustentar. Para a coisa "dominatrix" eu me inspirei na Madonna, na época do álbum "Erotica".

Estou tentando levar, porque tenho um pouco de vergonha. Procuro falar com a voz mais baixa, porque já percebi que quando tento ser sexy, acabo não ficando. Descobri que o caminho é não fazer nada, não forçar, deixar a sensualidade vir naturalmente.

Você fez cursos de interpretação nos exterior. Sempre soube a profissão que queria seguir?

Embora eu sempre tomasse a frente nas apresentações de final de ano do colégio e adorasse atuar, na adolescência meu negócio era jogar vôlei. Pensava em ficar famosa ganhando uma medalha de ouro para o Brasil. Quando fui para Los Angeles, me matriculei no curso de interpretação só para ficar mais tempo lá, já que meu visto era de estudante. Quando voltei para o Brasil, acabei me matriculando em outro curso de teatro e as coisas foram acontecendo.

Depois de oito ano na Globo, como é trabalhar na Record?

Estou adorando mas, para falar a verdade, não sinto tanta diferença assim, porque tem muita gente lá que já foi da Globo.

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