15/05/2008 - 14h19

Atores mais jovens têm a ilusão de que fazer TV é fácil, diz Antônio Calloni; leia entrevista com o ator

Do PopTevê

Pedro Paulo Figueiredo/CZN

Antônio Calloni, que Eduardo na novela Beleza Pura

A veia italiana de Antônio Calloni não salta só pelo sobrenome. Nascido em São Paulo e filho de imigrantes, o ator gosta de uma boa conversa e não esconde a passionalidade típica dos ancestrais ao falar sobre seu ofício.

A mesma empolgação pode ser sentida quando o assunto é Eduardo, o personagem que interpreta em "Beleza Pura", de Andrea Maltarolli. "Estou fazendo esse trabalho com um prazer imenso. É uma oportunidade de reaprender a fazer o simples, depois de vários personagens de composição", comemora ele, que vinha emendando tipos históricos como o poeta modernista Augusto Frederico Schmidt, de "JK", e o Padre José, de "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes".

Em "Beleza Pura", Eduardo é um homem simples mas cheio de nuances: rígido na educação da filha Luiza (Bianca Comparato), ele vive um amor quase adolescente com Débora (Soraya Ravenle). Antônio garante não ter fórmula mágica para não deixar a ambigüidade tornar o personagem "esquizofrênico". "Todo mundo já passou por essa situação ao ficar apaixonado. Basta ter um pouco de bom senso na hora de expressar, para não ficar caricato", ensina.

E não são só os brasileiros que admiram o trabalho de Calloni. Presente em novelas que se tornaram sucesso de vendas da Globo --como as recordistas "Terra Nostra" e "O Clone"-- o ator conta receber, através de seu site, recados de fãs de países tão diferentes quanto Argentina e Moldávia, pequena república da Europa Oriental entre a Ucrânia e a Romênia. "É um prazer muito grande alcançar pessoas tão longe", orgulha-se, antes de ressaltar que o entusiasmo não se deve a qualquer tipo de presunção. "Isso vai além da vaidade. Estou representando meu país, exportando entretenimento de muito boa qualidade", anima-se.

Divulgação

Antônio Calloni contracena com Bianca Comparato em Beleza Pura

Pergunta - O Eduardo não é o protagonista da trama mas vem recebendo uma boa recepção do público. A que você atribui isso?
Antônio Calloni - Não sei. Mas sempre procuro fazer as coisas com a maior simplicidade possível, mesmo quando é um trabalho de composição. Isso humaniza. No caso do Eduardo, em que não existe tanta elaboração, é puro sentimento. O trunfo do personagem é esse: a simplicidade. Eu acho que as pessoas compreendem isso e vêem nele um cara que é real. Não é nada de mirabolante.

Pergunta - Apesar da sua participação recente em "Casos e Acasos", que é contemporâneo, seus trabalhos mais recentes foram de época. Como está sendo fazer um cara real e dos dias de hoje?
Calloni - Fazer essas composições me dá muito prazer. Mas eu estava mesmo querendo voltar a fazer uma coisa mais simples, sem lente de contato, alisamento ou sotaque. Sem artifícios. Estou achando muito difícil, estou tendo de reaprender. Mas estou tendo muito prazer. Cada vez que consigo ver que fiz uma cena bem, fico extremamente feliz.

Pergunta - E para chegar a esse ponto de saber fazer o mais simples, o aprendizado de cursos variados é importante?
Calloni - É fundamental. Os atores mais jovens, hoje, só fazem aulas voltadas para a novelas. Existe a ilusão, para essa geração, de que a TV é uma coisa fácil de fazer. Não é verdade, não basta ser natural. Tem de ter a emoção no tom certo, assim como o humor. Não é uma coisa simples. Mesmo sendo experiente, é fácil errar.

Pergunta - Você já trabalhou com autores veteranos, como a Glória Perez e o Benedito Ruy Barbosa. Como está sendo a adaptação ao texto da Andrea, que está estreando na função ainda que com a supervisão do Sílvio de Abreu?
Calloni - Acho que ela estreou com um milhão de pés direitos! Estou fascinado pelo texto da Andrea, ela sabe amarrar as situações muito bem. E, ao mesmo tempo, era um sonho antiqüíssimo trabalhar com o Sílvio. Fiquei emocionado, porque ele era o meu sonho de consumo. Estou muito feliz de ver que a experiência e a estréia estão se dando muito bem e que a gente vê o resultado disso no ar.

(por Louise Araújo)