Outro dia, Anderson Muller foi dar uma entrevista para o "Video Show" e viu de perto a resposta dos guardas em relação a Abel, seu papel em "Caminho das Índias". Como a produção não tinha autorização para gravar em um parque, no Centro do Rio de Janeiro, o pedido teve de ser feito aos profissionais que tomavam conta do local. "Eles disseram, brincando: 'Você está denegrindo nossa imagem'", diverte-se.
Depois de exaltar que o personagem ajudava a transmitir informações sobre o trânsito, ele tirou até foto com os fardados. Mesmo interpretando um homem que é traído descaradamente pela mulher, Anderson jura nunca ter tido problemas com a corporação por causa disso. "Tenho dado sorte, ou então eles ficam tímidos", analisa o ator que, aos risos, conta que existem vans com buzinas com a gravação do bordão "Abre o olho, Abel".
A fama de "corno" do personagem fez com que Anderson se preocupasse em dobro no processo de composição. Afinal, na trama, além de levar várias "voltas" de Norminha (Dira Paes), Abel é exageradamente correto no trabalho. "Poderia cair no chato", imagina. Para buscar o lado ingênuo e ainda, de quebra, conquistar a simpatia do público, o ator se inspirou no soldadinho de chumbo. "Guarda e policial são vistos pelas crianças como heróis", explica. "Ninguém vem me chamar de corno e é uma coisa que tinha certeza de que iria acontecer, mas não acontece", surpreende-se.
Com 22 anos de carreira na TV, Anderson está satisfeito com o papel atual. Mas, apesar de tanta repercussão, ele destaca o Quibe Frito de "Brega & Chique", exibida pela Globo em 1987, como seu personagem mais marcante. "Foi minha primeira novela e era um papel de comédia", recorda o ator, que está em seu terceiro trabalho assinado por Glória Perez. Antes, Anderson atuou em "América" e na minissérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes".
O interesse pelas artes dramáticas surgiu cedo, aos 9 anos de idade, enquanto ele assistia ao "Sítio do Picapau Amarelo" e resolveu mandar uma carta para a Globo para ser o Pedrinho. "Óbvio que não passei, mas no ano seguinte entrei para o Tablado", conta ele que, há duas semanas, causou polêmica ao declarar ser filho de Anísio Abraão David, bicheiro e presidente de honra da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. "Nunca escondi isso de ninguém. Apenas sou discreto. Não saio por aí anunciando quem é meu pai. Mas tenho orgulho de ser filho de quem sou", ressalta.
(Por Luana Borges)