Os Dez Mandamentos

Travessia de Arão no deserto é cheia de símbolos, diz Petrônio Gontijo

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

"Há quanto tempo não ouço o silêncio". Esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça de Petrônio Gontijo ao gravar no Rio Grande do Norte as sequências em que Arão cruza o deserto em busca do irmão em "Os Dez Mandamentos". O ator ficou impressionado com a beleza da cidadezinha de Porto do Mangue, onde a equipe da novela passou dois dias gravando as cenas previstas para ir ao ar a partir do próximo dia 29.

"É um lugar espetacular, tem partes de duna rosada e duna branca. Fui muito bem recebido pela população, comi muito bem, tomei banho de rio... Aproveitei, porque adoro ir pro Nordeste", diz.

Para o personagem, que deixa o Egito após ouvir um chamado de Deus para encontrar Moisés (Guilherme Winter), a passagem pelo deserto tem um significado bastante especial. "Ele vai fazer uma coisa diferente pela primeira vez, ele só trabalhar como escravo o dia inteiro. E essa travessia é cheia de símbolos, de encontros. É uma parte muito bonita da novela, até encontrar o irmão ele passa por um exame de consciência. Ninguém atravessa um deserto e sai incólume. É um símbolo muito forte", analisa o intérprete.

Durante as gravações, que começavam quando o sol nascia e duravam até os últimos momentos de luz natural do dia, Gontijo diz que não sofreu muito com o calor, apesar das roupas pesadas e da barba e do cabelo postiços. "Usar roupas compridas no deserto funciona! Aqueles tecidos mais pesados deixam passar o vento, porque o Nordeste tem brisa, e você não se queima de sol. No Rio sinto mais calor.

A travessia de Moisés também foi gravada no local, separadamente, mas cenas do encontro dos dois irmãos foram rodadas no Rio. A edição é  que vai reunir todo o material como se tivesse sido feito num único lugar. E quando Arão e Moisés estiverem frente a frente novamente será emocionante, garante o intérprete.

"É uma história milenar belíssima, que mexe com as nossas histórias familiares, pessoais, e até com a nossa percepção da afetividade, do espiritual. Na verdade, é um momento de redenção para o Arão. Ele passou por muitas dificuldades afetivas, criou uma antipatia, uma raiva pelo irmão. Levou 30 anos pra fazer as pazes com ele e está há 20 sem vê-lo", conta.

Por conta dessa raiva acumulada e de sua postura até agressiva muitas vezes, o personagem já provocou uma reação negativa do público. "Ele foi muito xingado no começo. Ele faz um contraponto daquelas pessoas que sofrem o problema da escravidão, que almejam sair dali e que conseguem ter fé. Pelo que ouço, as pessoas começaram a entendê-lo. Ele é um cara honesto, não esconde nada, não é dissimulado. É puro, na verdade. Dos perfis que já fiz em TV, esse foi o mais diferente. A sinopse o descrevia como um homem bruto, forte, rústico. Pensei: 'Será que sou eu mesmo?' (risos). Foi um desafio construí-lo e deixá-lo crível", conta.

Por causa do ritmo puxado das gravações, Gontijo, que mora em São Paulo e grava no Rio, diz que tem sentido mais a resposta do público no aeroporto em suas contantes pontes aéreas. E o assédio até deixou o ator surpreso. "Achei que por causa da caracterização forte do personagem, ia ser menor. Mas não. O pessoal está vendo muito a novela, gente de várias religiões", conta.

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