O cara do ano, Alexandre Nero pôs fogo na TV em 2014 e garimpou seu império
Do UOL, no Rio
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AgNews
"Galã é o Cauã Reymond", diz o ator, que contou já ter sido tratado como "um beatle"
Com sobrenome de imperador romano, Alexandre Nero pôs fogo na televisão brasileira ao assumir o manto negro de Zé Alfredo da novela das nove. Aposta de Aguinaldo Silva para o papel principal do carro-chefe da programação global, o ator curitibano de 44 anos foi garimpando aos poucos seu império. A tarefa incluía causar frisson semelhante à sensação Chay Suede nos primeiros capítulos da trama, convencer como pai de Andréia Horta, Caio Blat e Daniel Rocha e emocionar num romance com a jovem Marina Ruy Barbosa. Missão dada, missão cumprida. E, de quebra, o Comendador caiu nas graças do público.
"As pessoas me agarravam, puxavam o meu cabelo, queriam um pedaço da roupa e gritavam sem parar. Parecia que eu era um beatle", disse às gargalhadas, sobre a recepção do público em uma premiação no Rio, em novembro, onde foi um dos artistas mais assediados da noite e eleito o melhor ator, por voto popular.
Personagem fascinante, o Abominável Homem de Preto guarda algumas semelhanças com seu intérprete, garante o próprio. Um quê de mistério, talvez. "Não gosto de ficar sorrindo para todo mundo. O José Alfredo também é um cara assim. Ele parece casca grossa, mas, na verdade, tem o coração imenso. Sou um pouco isso. Sempre ouço isso. As pessoas acham que sou uma coisa e falam depois que sou legal", afirmou.
O curioso é que, para assumir o personagem, Nero "morreu" antes da hora em "Além do Horizonte" (uma das novelas mais criticadas do ano) e renasceu, sem nenhum arranhão, na pele do Comendador. Se hoje é possível arriscar que Zé Alfredo tenha virado unanimidade entre público e crítica, sobre o ator é mais difícil ter tanta precisão. Polêmico até o último fio de cabelo grisalho, Nero costuma dividir com seus 510 mil seguidores no Instagram, quase 117 mil no Facebook e 217 mil no Twitter pequenos poemas, estilo haikai, e comentários irônicos sobre os mais variados assuntos. Nem todos agradam, muitos não são compreendidos.
Sem se encaixar no rótulo do politicamente correto, Nero gasta alguns preciosos posts apenas para se explicar, justificar o humor de alguma piada, negar acusações de zoofilia (!) ou até negar a própria morte. Bem, declarar "Gente, alguém sabe me dizer se essa notícia é real? Se me confirmarem até as 14:00 não preciso gravar, né Globo?" não é exatamente negar. Mas é mais compatível com o jeito Nero de ser.
Sim, ele compartilha fotos em que se considera "gato" e agradece ao inventor do Photoshop por virar capa de revista – e este ano, não foram poucas. Mas as imagens desconstruídas são mais frequentes. Um Chewbacca aqui, uns óculos extravagantes ali, uma máscara de um herói misterioso. As piadas nunca cessam, "a zoeira não pode parar jamais". Afinal, ele não se considera galã.
"Eu sou galã de bairro. Claro que não sou galã, gente. Galã é o Cauã Reymond. Eu do lado do Cauã me sinto um pobre coitado", disse ao site oficial de "Império".
Humor sarcástico, a gente vê por aqui. Até na hora de fazer propaganda às avessas de sua carreira musical, num ano em que até fará dueto com Roberto Carlos em seu especial de fim de ano. "É só fazer um sucessinho em novela da Globo e esses atorzinhos começam a querer cantar do dia pra noite, gravam CD e agora até DVD. A mim eles não enganam não. Sou macaco velho!", publicou em seu Instagram.
Eleito Homem do Ano pela "GQ Brasil", o ator desconversa sobre o título. Pelo visto, o de Comendador basta. "Você sabe o que é gravar uma novela das 21h? Não tem tempo para nada! Só faço gravar, gravar, estudar e decorar o texto, gravar e gravar. Eu não sei se sou mesmo o Homem da Televisão desse ano, mas com certeza sou o cara que nesse momento mais grava, mais passa horas nos estúdios e nas externas, o que mais trabalha", afirmou.
Mas há algo de especial num ano em que o ator ainda "morre" e renasce mais uma vez (na ficção, claro). Do que Nero será capaz nos próximos 12 meses?