Roberto Bolaños

Milhares de pessoas se despedem de Roberto Bolaños no Estádio Azteca

Do UOL, no Rio

Milhares de fãs, alguns vestidos de Chaves, Quico, Chiquinha e Chapolin Colorado, foram neste domingo ao Estádio Azteca, na Cidade do México, para se despedir do comediante Roberto Gómez Bolaños, criador do "Chaves" e que morreu na última sexta-feira, aos 85 anos.

Um carro com o caixão de Bolanos, flores e duas estátuas, uma do Chaves e outra do Chapolin Vermelho, entrou no estádio e foi recebido aos gritos de "Chesperito! Chesperito!" dos fãs presentes. 

No centro do estádio, há um altar, onde estão os filhos do ator e sua mulher, a atriz  Florinda Meza.

Xinhua/Pedro Mera
Corpo de Roberto Bolaños chega ao Estádio Azteca e é recebido aos gritos e aplausos de milhares de fãs

"Era como um irmão, como um tio, como um pai. Por isso viemos aqui para nos despedir dele", declara Esteban Chávez, um dos muitos fãs de Bolaños.

"Fiquei muito triste quando soube que ele morreu porque vi todos os capítulos do 'Chaves' e do 'Chaves em Desenho Animado'", contou à Agência Efe a pequena Carla Díaz, de nove anos. A garota e seu irmão levavam consigo uma flor, como pedido na convocação feita pela emissora mexicana "Televisa", que produziu a maioria dos programas do comediante.

Xinhua/Pedro Mera
Pequeno fã de Chapolin Vermelho leva flor à despedida de Bolaños

Grandes cartazes com célebres frases de personagens do "Chaves", como "Não contavam com minha astúcia", do Chapolin Colorado, enfeitaram a fachada do estádio.

"Sentimos muita tristeza porque se foi uma grande pessoa, que divulgou o México de muitas formas, como éramos ou como é o senso de humor dos mexicanos", comentou a ambulante Elvira Domínguez, que neste domingo trabalhava nos arredores do Azteca e, assim como outros camelôs, negociava vários artigos alusivos aos personagens de 'Chespirito', como Bolaños era conhecido.

O estádio se vestiu de gala para dar adeus ao torcedor mais célebre do clube proprietário do local, o América. A paixão ficou refletida nos filmes "El Chanfle" e "El Chanfle 2" (ambos sem títulos em português). A obra inclusive é citada em um dos mais célebres episódios de "Chaves", mas como não foi reproduzida no Brasil, deu lugar ao "filme do Pelé".

A homenagem deste domingo é a segunda feita no Azteca a Bolaños. Neste sábado, durante a vitória do América sobre o Pumas por 1 a 0, que selou a classificação dos donos da casa para as semifinais do Campeonato Mexicano, foram exibidas imagens do ator e de seus personagens, além de um grande cartaz.

Depois desta cerimônia, o caixão será levado de volta para os estúdios da Televisa, onde foi velado na noite de ontem.

Velório para familiares

Artistas, familiares e amigos prestaram as últimas homenagens ao comediante Roberto Goméz Bolaños nas instalações da Televisa, na noite de sábado (29).

Em uma capela improvisada em um dos estúdios, a primeira cerimônia teve muita emoção e uma salva de palmas de dois minutos, quando o caixão chegou à emissora por volta das 20h (horário local; 24h no horário de Brasília).

De acordo com informações do jornal local El Universal, o primeiro a falar foi Emilio Azcárraga, presidente do canal. "A Roberto devemos todos, sem exceção, um sorriso, um momento de alegria que conseguiram unir as famílias em cada programa Graças Roberto, nunca vou deixar de dizer obrigado", disse.

Em seguida, a viúva Florinda Meza e os seis filhos foram para o altar para rezar o Pai Nosso de mãos dadas .

O ator  Edgar Vivar, intérprete do personagem Senhor Barriga, também acompanhou a cerimônia.

Embora o jornal hispânico La Opinión afirme que Carlos Villagrán, o Quico, tenha sido vetado na cerimônia pela viúva de Bolaños, o ator foi visto sentado próximo a Vivar.

Reprodução/Twitter
29.nov.2014 - Mãe e filho na série "Chaves", Florinda Meza abraça Carlos Villagrán após mais de 30 anos de rusgas. Ambos se afastaram após a saída do ator, que interpretava Quico, do programa em 1978. Ex-namorados, a convivência entre ambos só piorou após Meza começar a namorar Roberto Bolaños em 1977
Mãe e filho em "Chaves", Florinda Meza mantém distância de Villagrán desde 1978, quando o ator deixou o elenco do programa. Os dois namoraram no começo da década de 1970, mas se separaram pouco tempo depois. Em 1977, a atriz e Bolaños começaram a namorar.

Após a cerimônia, ambos conversaram e se abraçaram, em um primeiro sinal de reconciliação, após mais de 30 anos.

Do lado de fora, fãs e jornalistas se aglomeraram na porta da emissora. Caracterizado como Chapolin, o mexicano Lidio Istrieya tentou invadir a cerimônia e foi retirado à força por seguranças.

Biografia

Roberto Gómez Bolaños nasceu na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929. Filho da secretária bilíngue Elsa Bolaños Cacho e do pintor, cartunista e ilustrador Francisco Gómez Linares, Bolaños começou a carreira como escritor criativo para rádio e televisão durante a década de 1950. Começou a representar como ator em 1960, no filme "Dois Criados Malcriados". 
 
"Desde criança, minha característica principal sempre foi o medo. Lembro que sentia medo de olhar debaixo das camas e quando jovenzinho, foi pior, por isso fui briguento", contou Bolaños em uma das muitas entrevistas que concedeu.

Quando adolescente, Bolaños sonhava ser jogador de futebol e se destacou em torneios escolares de boxe, que disputava escondido da mãe. Aos 22 anos, começou a estudar engenharia mas se aventurou a escrever anúncios em uma agência de publicidade e logo estreou como roteirista em programas de rádio, televisão e cinema que ganharam fama.

Mais tarde, aproveitou a ausência de algum ator nas gravações para fazer graça diante das câmeras, dando os primeiros passos para o comediante que interpretaria personagens nascidos em sua própria imaginação.

Aos 40 anos, Bolaños estreou na televisão mexicana com o programa "Chespirito" que, com interpretações diversas, ficou no ar por 25 anos ininterruptos em horário nobre. Após alcançar níveis inéditos de audiência, foi exportado para o restante da América Latina e para a Espanha.
Bolaños começou sua carreira como roteirista de programas de comédia e de obras do seu xará de codinome, o britânico William Shakespeare, cujo apelido no diminutivo, pronunciado à espanhola, se leria "Chespirito".
 
Em 1968, começaram as transmissões Independentes de Televisão no México e Chespirito foi chamado como escritor para a realização de um programa com duração de meia hora. E assim, nasceu "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada". Ao lado de Chespirito, contracenavam Ramón Valdés, Rubén Aguirre e María Antonieta de las Nieves.
 
Em 1970, o programa teve sua duração aumentada. Nessa época, surge o Chapolin Colorado, um herói atrapalhado. Um ano depois, foi criado o personagem que se tornaria o maior sucesso de Bolaños, Chaves. Ambos os personagens funcionaram tão bem que as sketches se tornaram séries independentes de 30 minutos de duração em 1973, após o fim do "Programa Chespirito".
 
Conhecido pelo carisma, Bolaños também colecionou polêmicas durante a carreira, várias delas relacionadas ao elenco de seus seriados. A principal foi uma batalha judicial com Maria Antonieta de las Nieves, a Chiquinha, pelos direitos de utilização da personagem, criada e posteriormente registrada por ele, nos anos 1970.
 
Com Carlos Villagrán, o Quico, a relação também não era das melhores, principalmente após a saída do ator do elenco de "Chaves". Proibido de encarnar o personagem no México, ele foi obrigado a rumar para a Venezuela, onde estrelou a própria série, num formato similar ao seriado original.
 

* Com informações das agências AFP e EFE

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