Atores negros opinam sobre acusações de racismo contra "Sexo e as Negas"
Ana Cora Lima e Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
Autor da polêmica série "Sexo e as Negas", que é acusada de racismo nas redes sociais, Miguel Falabella teve o apoio de atores ouvidos pelo UOL. A atriz Zezeh Barbosa, amiga do ator, roteirista e diretor há mais de 20 anos, sai em defesa do criador da atração e explica que ele, ao contrário, é conhecido por criar boas oportunidades de trabalho para intérpretes negros. "Como pode ser racista um autor que coloca quatro mulheres negras como protagonistas? Não tem como atacar alguém que dá o seu melhor papel para uma mulher negra", afirma. A atriz conta que até acha graça das acusações. "Conversei com ele esses dias e falei: 'Mas de novo, Miguel?' Fiz uma condessa e gravei em Paris em 'Aquele Beijo'. Isso nunca aconteceria se não fosse ele", afirma.
Divulgação/TV Globo Acho uma sacanagem o que estão fazendo com o Miguel... Ele é um cara inteligente, não ia fazer um programa para denegrir ninguém.
Luis Miranda, no ar como a Dorothy de "Geração Brasil", também não acredita que o seriado tenha uma carga pejorativa, como muitos acreditam. "Acho uma sacanagem o que estão fazendo com o Miguel. Ele foi um cara que nunca se colocou em defesa nem em crítica de nenhuma classe social. Ele é um cara inteligente, não ia fazer um programa para denegrir ninguém. Ele tem tantos amigos negros e jamais iria denegrir nem acirrar diferenças de classes. Acho isso tudo falta do que fazer", desabafou o ator. Luis cita ainda uma outra polêmica recente envolvendo a questão do preconceito como um dos casos que merecem atenção: o caso do goleiro Aranha, do Santos, ofendido durante uma partida contra o Grêmio "A sociedade tem mais coisas para pensar. Vamos nos preocupar com o povo chamando os outros de macaco", diz.
Anderson Borde/Léo Marinho/AgNews Não vejo problema em chamar ninguém de negro. Sou negro, e daí? Ficaria ofendido se me chamassem de mau caráter.
Dono de uma respeitada carreira no teatro, na TV e no cinema, Milton Gonçalves também não vê problema na série para justificar tamanha repercussão negativa, que começou antes mesmo de o programa estrear. "Vivemos num país em que a manifestação é livre. Todo mundo tem o direito de protestar. E se alguém se sentir ofendido, tem a Justiça para amparar. Mas isso é mais uma postura pessoal. Só se machuca quem se deixa machucar. Não vejo problema em chamar ninguém de negro. Sou negro, e daí? Ficaria ofendido se me chamassem de mau caráter", afirma. "Minha grande preocupação é que a série seja ruim. Se for mal feita, mal dirigida, vou ficar danado da vida. Mas chamar de negro, qual é o problema?", completa.