"Não me deixam esquecer", diz Jonas Torres sobre o Bacana de "Armação"
Carla Neves
Do UOL, no Rio
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Globo/Paulo Belote
Jonas Torres em 'Armação Ilimitada" e 26 anos depois, prestes a estrear na novela "Império"
Aos 39 anos, Jonas Torres ainda é lembrado como o Bacana, personagem que interpretou dos 8 aos 11 no seriado infantojuvenil "Armação Ilimitada", exibido entre 1985 e 1988 na Globo. De volta às novelas como o catador de lixo Ismael em "Império", o ator – que no tempo que se afastou da TV trabalhou com aviação e segurança marítima em plataforma – afirmou que sempre é parado nas ruas por conta do companheiro de Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biasi).
"O 'Armação' marcou muito uma geração. O Bacana faz parte da minha história. É inevitável as pessoas lembrarem dele. Não me deixam esquecer. Na rua sempre falam: "Ô, Bacana!". Mas não me preocupo muito com rótulos. A gente vai trabalhando e as pessoas lembram dos personagens que mais marcam a vida delas", disse ao UOL.
Casado com a fotógrafa Dani Pinheiro e pai de Pedro, de 11 anos, e Nina, de 4, o ator comemorou o carinho com que tem sido recebido pelo público desde que foi divulgado que ele voltaria à TV depois de 16 anos ausente – o último trabalho de Jonas na TV foi em "Malhação", em 1998. "As pessoas estão vendo com muita alegria a minha volta. Sempre tive muito carinho do público. Só tenho a agradecer", contou.
No tempo em que esteve ausente, Jonas não deixou de lado completamente o trabalho como ator. "Fiz participações em 'Malhação', em uma novela da Record e teatro entre 2009 e 2010. Passei um ano e meio fazendo 'Dona Flor e Seus Dois Maridos', que é dirigida pelo Pedro Vasconcellos, o mesmo diretor da novela. Não fiquei completamente ausente, mas meu trabalho como ator era mais pontual. Agora que estou voltando à ativa de fato", disse.
Jonas contou que apesar de ter sido feliz com as outras profissões, teve um momento que bateu a saudade de exercitar sua veia artística. "Como comecei muito cedo, minha identidade vai um pouco por aí. Ser ator faz parte de mim. E chega uma hora que tem que dar vazão a isso. Sem falar que ser ator também me possibilita viver várias vidas e situações diferentes. O ator bebe da história de vida de cada personagem", opinou.
Disposto a voltar a atuar, Jonas se colocou novamente no mercado e surgiu a oportunidade de integrar o elenco da próxima trama das nove da Globo. "Resolvi voltar a trabalhar como ator, comecei a fazer os contatos e pintou esse papel. Foi aquela história de estar no lugar certo e na hora certa", lembrou.
Na história, Ismael tem um casamento de conveniência com Lorraine (Dani Barros) e os dois moram em uma comunidade. "Eles são casados, mas não têm mais uma relação. Recebem um certo auxílio do governo e estão meio juntos por causa disso. Tem uma situação que o cunhado dele é atropelado e há todo um desenrolar na história por conta disso", adiantou, referindo-se ao fato de Lorraine chantagear José Alfredo, protagonista vivido por Alexandre Nero.
Jonas contou que o personagem tem uma certa dualidade e o público não saberá de cara se ele é bom ou mau. "Ele tem uma ética, mas por outro lado não é 100%. Vamos ver o que o Aguinaldo [Silva, autor da novela] vai fazer. Estou deixando correr. O interessante é que ele é um personagem bem diferente da minha realidade. É um cara que tem poucas oportunidades na vida", definiu ele, que deixou a barba crescer para encarnar o papel.