Ganhando mais de R$ 150 mil, Luiz Bacci acredita ser o futuro da televisão

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

Com 29 anos, o jornalista Luiz Fernando Bacci, o "menino de ouro", vive o auge de sua carreira profissional e não se importa com o apelido que ganhou de Marcelo Rezende. Há duas semanas, ele assumiu o comando do vespertino "Balanço Geral", da Record e por duas vezes ultrapassou a audiência do "Vídeo Show", da Globo. Além, de ter visto seu salário aumentar três vezes desde 2010.

Segundo apuração do UOL, Bacci fatura mensalmente mais de R$ 150 mil [entre publicidade e salário]. "Não tenho ostentação, gosto de viver bem e economizo dinheiro para minha aposentadoria, que vai demorar", contou o apresentador em entrevista exclusiva ao UOL.

Bacci é um grande comunicador, com uma incrível presença no estúdio. Flui fácil. A carreira dele esta começando e, creio, que a transição natural será migrar para um programa auditório. Muitos dizem que esse tipo de programa já era. Eis a grande oportunidade dele: criar algo novo. E para isso talento não lhe falta

declarou Marcelo Rezende sobre seu "pupilo"

Após 1 mês e 10 dias cobrindo as férias de Marcelo Rezende no "Cidade Alerta", Bacci foi escolhido para assumir o lugar de Geraldo Luís no "Balanço" – que assumirá o "Domingo é Show" – e renovou seu contrato até 2018 com a emissora do bispo Edir Macedo. "A mudança foi muito rápida e não teve preparação. Estou vivendo meu melhor momento profissional", declarou ele, que já até ganhou uma vinheta própria na atração, após deixar a reportagem do "Cidade Alerta".

Sobre o trabalho ao lado de Rezende, Bacci confessou ter tido receio de se tornar repórter do jornalista. "Não o conhecia pessoalmente, mas sabia que o Marcelo tinha um jeito durão, que gostava de saber até o tamanho do pneu do carro do bandido. Pensei: 'vai ser difícil, mas vamos lá'. Fui com medo, mas a gente se encontrou e ele construiu uma família no 'Cidade Alerta".

  • Reprodução/Instagram

    Silvio Santos, além de ter colocado o jovem jornalista para apresentar o "Fantasia", lhe deu oportunidade para ser âncora e repórter dos principais telejornais do SBT. Em 2009, o dono do baú cobriu a oferta da Record e renovou o contrato com Luiz. "O Silvio gostava de se comunicar por cartas, que guardo até hoje. Todo aniversário ele mandava presente", lembrou Bacci, ao exibir uma delas

Considerado pupilo de Rezende e Silvio Santos -- com quem já trabalhou apresentando o programa "Fantasia" e telejornais do SBT--, Bacci acredita estar no caminho certo e é tido como uma aposta dos apresentadores para o futuro da televisão brasileira. "O Marcelo vê em mim um jovem que um dia precisou de apoio, como ele necessitou também. Ele se enxerga em mim. Na Globo, ele teve que passar por muito desafio para chegar onde está. Sou mais um fruto que ele está deixando para televisão. Um dia ele precisou de ajuda e estenderam a mão. Hoje ele que faz isso".

Marcelo acredita que o futuro de seu "aprendiz" será cercado de uma plateia. "Fico feliz pelo desempenho do nosso 'menino de ouro'. Agora, ele vai precisar de calma para enfrentar o grande sucesso que começa a fazer. Bacci é um grande comunicador, com uma incrível presença no estúdio. Flui fácil. A carreira dele esta começando e, creio, que a transição natural será migrar para um programa auditório. Muitos dizem que esse tipo de programa já era. Eis a grande oportunidade dele: criar algo novo. E para isso talento não lhe falta", declarou o apresentador a reportagem.

Novo perfil do "Balanço Geral"

  • Antonio Chahestian/Record

    Geraldo Luís e sua equipe recepcionam Luiz Bacci no "Balanço Geral"

Sem galo, sem anão e sem a morte, Bacci tem tentado imprimir um novo estilo a atração. "Já tem um 'Cidade Alerta' com três horas e meia no fim do dia, é preciso dosar para não ficar igual. Essa é uma preocupação minha. A intenção é que seja um bate-papo, afinal é o horário do almoço. Se eu começar a explorar tragédia, ninguém mais almoça".

Com experiência em assuntos policiais, Bacci acredita que cumpre uma função social na mídia. "Não é exploração da notícia mostrar um crime não resolvido, como uma mãe que tem seu filho morto. São fatos expostos. É na televisão que as pessoas têm esperança que seus casos sejam resolvidos. É um trabalho social, não é apenas noticiar. Me destaquei em São Paulo por conta desse meu lado", avaliou.

Para se blindar da carga pesada do dia a dia do noticiário brasileiro, o paulistano, criado em família católica, reza todas as noites e agradece por suas conquistas. "Não há técnica, mas procuro sempre deixar as notícias tristes dentro do estúdio", afirmou ele, que se deixou abater em alguns momentos, quando cobriu o desastre com o avião da TAM em Congonhas.

Apesar dos elogios e do conhecimento, Bacci ainda tem como missão se consolidar na vice-liderança do Ibope - ele conta ser viciado em audiência -, o que aconteceu nos últimos dias, além de encontrar seu próprio tom na atração. Ele mesmo já assumiu em outras entrevistas, que pede para sua equipe lhe alertar quando imita alguns dos trejeitos de Marcelo Rezende – famoso pelo bordão "corta pra mim".

Jornalismo e Entretenimento

Aos 9 anos, Luiz começou apresentando um programa de rádio infantil em sua cidade natal Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, além de produzir um jornal impresso no condomínio onde morava e comercializá-lo por 0,20 centavos. Filho de um médico e de uma educadora, o jovem passou pelas principais emissoras do Brasil – TV Diário (Globo), Manchete, SBT e Record e  sua trajetória profissional é marcada por programas de auditório e jornalismo diário - entre eles "Domingo no Palco" e "Aqui Agora".

Aos 10 anos, Luiz Bacci entrevista Sandy e Junior no "Domingo no Palco"

"Sempre quis misturar jornalismo com entretenimento. O 'Balanço' fala sério quando tem que falar e brinca quando tem que brincar. É um programa de auditório, sem auditório. Era o que eu queria fazer. O rádio e o auditório me deram segurança para improvisar e o jornalismo me deu bagagem para explorar assuntos complexos", analisou Bacci, que diz se sentir à vontade diante das câmeras e da plateia.

Para o repórter, a mistura de entretenimento com jornalismo, cada vez mais presente na programação das emissoras, é fruto de uma sociedade globalizada, que deu abertura ao conteúdo da web. "A internet passou a escancarar mais a vida dos apresentadores – mostrando que eles choram, riem, assistem novelas, vão a shows -, ou seja, são pessoas comuns. O público exige que o seu apresentador favorito seja alguém como ele, mais natural".

Fã do apresentador Gugu Liberato desde a infância, Luiz acredita que ele é o que melhor explora isso. "Gosto da forma com que ele consegue esmiuçar os assuntos e a facilidade que tem para segurar o público em frente a TV. Segui os passos dele, no momento em que escolhi fazer jornalismo, para depois apresentar programas de auditório", afirmou. 

"O genro que toda sogra sonha"

  • Junior Lago/UOL

    Luiz Bacci ajeita o cabelo antes de entrar no estúdio do "Balanço Geral"

Essa é uma das principais mensagens que surge na central de atendimento ao telespectador da Record. Luiz só perde para Rezende no quesito assédio. "Só não concordo com uma coisa, de que o Bacci é o apresentador mais bonito da emissora. O mais bonito, claro, é o Percival", brincou Marcelo.

Solteiro e com quase 35 mil seguidores do Instagram, Luiz Bacci viu o assédio das fãs crescer depois que Marcelo Rezende resolveu arranjar uma noiva para ele na televisão. "Algumas realmente acreditaram que estava à procura de alguém. Recebo muitas cartas e algumas mensagens eróticas no Twitter. Vire e mexe acontece de eu encontrar uma fã mais exaltada, que agarra, beija, aparece na porta de casa... Prefiro chamar isso de carinho em excesso", desconversou ele.

Trinta minutos antes de entrar no estúdio, o jornalista passa pela sala de maquiagem e, vaidoso, prefere cuidar de seu cabelo e dar o próprio nó na gravata. O processo dura 15 minutos. "Cabelo faço questão de arrumar meu cabelo. Aprendi com o Silvio [Santos], frequentando o Jassa (cabeleireiro do empresário). Também tenho fama de fazer o nó mais rápido na gravata".

A aparência elogiada pelas fãs, entretanto, já foi motivo de decepção para o âncora. "Em 2006, fui fazer teste para ser garoto do tempo da Globo e o diretor Carlos Henrique Schroder disse que não podia me contratar porque eu tinha cara de bebê e continuaria assim mesmo com 40 anos. Foi minha primeira grande decepção".

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