Bruno Gissoni e Lica Oliveira passam o texto sentados em uma casal de solteiro que serve de cenário para o quarto de André, personagem do ator na novela "Em Família". Ao redor dos atores, pelo menos 30 pessoas entre câmeras, iluminadores, maquiadores, equipe de produção de arte, etc. Na cena, Dulce (Lica) fica exultante com os presentes que o filho traz da sua viagem a Viena.

Pouco tempo depois, o rapaz pede que a mãe não se refira a ele como "filho", não na frente de estranhos. "É por causa da nossa diferença", diz André referindo-se a cor da pele da mãe. Na trama de Manoel Carlos, o jovem é filho adotivo de uma negra, Dulce.

Compreensiva, a mãe concorda com o pedido do filho e termina dizendo: "Debaixo da pele somos todos iguais". A curta cena é elogiada pela diretora Teresa Lampreia: "Ficou lindo gente, obrigado". Lica e Bruno se abraçam e partem para as próximas cenas do dia. 

"Acho que esse é um personagem profundo, existe uma linha muito sutil que precisamos estabelecer para que ele não pareça preconceituoso, a verdade é que André se incomoda mais com a história dele, de ter sido rejeitado pelo pais biológicos, do que propriamente da mãe ser negra", defendeu Bruno em conversa com UOL, no Projac.

"Em Família" é a terceira novela onde o ator interpreta um filho adotivo - as outras foram "Avenida Brasil" e "Flor do Caribe" -, mas dessa vez o drama é explorado por outro viés. "Nas outras novelas isso pouco importava, ele tinha ótimas relações com os pais, era algo bonito, bem resolvido. Agora dói tanto e isso está no texto", explicou.

Além do drama familiar, André terá que encarar a rejeição da namorada, Luiza (Bruna Marquezine). Ao longo da trama, a jovem se envolvera com Laerte, papel de Gabriel Braga Nunes. "Será um outro drama, a Luiza é tudo para o André, quando ele sentir que está perdendo a namorada vai ser como perder o chão", adiantou.

Bruno, assim como Bruna, gravou em Viena no final de 2013. Para ele, o tempo foi importante para criar relações com os outros atores de seus núcleo, como Erika Januza. Indagado sobre estar de volta ao horário nobre em uma novela de Maneco, ele elogiou: "Me sinto honradíssimo, morei oito anos nos EUA, como sou carioca, as novelas dele mostravam o que era minha vida, minha infância. Matava saudade do Brasil nas novelas dele".