Pecado Mortal

"Fazer um epilético mexe comigo", diz Felipe Cardoso, de "Pecado Mortal"

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

"Pecado Mortal" figura entre as melhores novelas exibidas atualmente. A trama, do veterano autor e estreante na Record Carlos Lombardi, se passa na década de 1970, época em que houve o advento do jogo do bicho e da ocupação das comunidades pelos bandidos e traficantes.

As boas atuações chamam a atenção e agregam ao bom enredo da trama. Apesar de já ter atuado em outras produções na Record e na Globo, é nesta novela que o ator Felipe Cardoso, que interpreta Otávio Vêneto, filho dos personagens Donana (Jussara Freire) e Michelle (Luiz Guilherme), se destaca como aspirante a vilão, sedutor e um dos "boys magias" descamisados, que nunca faltam nas novelas de Lombardi.

Mas o que também chama a atenção em Otávio são seus ataques epiléticos. A veracidade com que Cardoso incorpora a doença faz com que o telespectador fique atento à cena.

Em entrevista ao UOL, o ator contou que não é fácil interpretar um epilético, uma vez que ele se inspirou em um problema semelhante na família. "Busquei inspiração em casa. Fazer um epilético mexe muito comigo. Emocionalmente e fisicamente. É um nervosismo real, pois eu caio e começo a me debater. É um dos momentos mais difíceis para mim na novela", afirmou o ator.

Felipe falou mais de Otávio, o que sente o bad boy, os conflitos familiares, e adiantou os rumos que seu personagem vai seguir na novela, exibida às 22h30, na Record. 

UOL - Em "Pecado Mortal", o Otávio é um dos personagens com maior destaque. Ao mesmo tempo em que ele é ruim, também demonstra ingenuidade. O Otávio pode ser considerado um vilão?
Felipe - Então, ele tem vários mistérios, mas não o considero vilão, apesar de seus momentos rebeldes. Eu atribuo esse título de vilão à mãe adotiva, Donana, e ao delegado Picasso (Vitor Hugo), não ao Otávio. E acaba tendo atitudes de crianças, além de conviver com as maldades da mãe, querer a todo momento chamar a atenção do pai, ser epilético. Mas ele demonstra simpatia quando está com o irmão, vai se tornar um cara apaixonado. Lá vai eu defender o personagem (risos). Mas ele não é um vilão.

UOL - Ele é agressivo com as pessoas e machista, mas perto da mãe, Donana, parece uma criança amedrontada e obediente. Por que ele é tão dependente dela?
Felipe - O Otávio sempre foi manipulado pelas opiniões da mãe adotiva para chamar a atenção do pai. Agora que ele descobriu sua verdadeira mãe (Stella, papel de Betty Lago), vai ser mais complicado. O Otávio e a Stella tiveram um início conturbado, com cenas fortíssimas onde ele a agride. Mas o verdadeiro amor de mãe ele tem pela Donana, apesar de ela o tratar como patinho.

UOL - O Otávio sempre teve ciúmes e inveja do irmão, Marco Antônio (Fernando Pavão). Agora que ele voltou depois de 15 anos desaparecido, nota-se que o Otávio nutre um sentimento bom pelo Marco Antônio. Afinal, ele odeia ou não o irmão?
Felipe - A relação deles foi baseada na inveja por influência da mãe. Ele puxa para o mal o que o Marco Antônio puxa pelo bem. Mas o que existe entre os dois é amor. Ele sente ciúmes da predileção do pai pelo Marco. Mas os irmãos se amam.

  • Reprodução/Instagram

    Marco Pitombo, Felipe Cardoso e Fernando Pavão: os descamisados de "Pecado Mortal"

UOL - O Otávio sofre de ataques epiléticos. Como você se preparou para a doença do personagem?
Felipe - Eu tive problemas na família e busquei inspiração em casa. Fazer um epilético mexe muito comigo. Emocionalmente e fisicamente. É um nervosismo real, pois eu caio e começo a me debater. É um dos momentos mais difíceis para mim. Mas o público vê isso, a entrega do ator.

UOL - Seu personagem também se envolve em muitas brigas. Já chegou a se machucar de verdade durante as gravações?
Felipe - A gente sofre arranhões, batidas, nada de grave. Também temos uma equipe de dublê muito boa, mas a gente gosta mesmo de fazer as cenas de ação. Somos muito bem preparados. Apesar de que nas cenas de tapas, eu prefiro tomar de verdade para passar mais realismo.

UOL - As cenas em que o Otávio agride a mulher, Catarina, personagem de Daniela Galli, também são fortes. Como é a parceria com a atriz?
Felipe - As cenas são muito bem coreografadas, o cenário é limpo. A gente passa e repassa as cenas várias vezes. Começamos lentamente e vamos aumentando a velocidade até o diretor achar que está bom. E a Dani é disponível. Se a atriz não topa fazer a cena com realismo, não fica bom.  As pessoas se chocam mesmo com as nossas cenas, pois são muito verdadeiras.

UOL - Qual é a sua reação ao assistir essas cenas?
Felipe - Assim como o público eu fico um pouco chocado. Embarco nas minhas cenas, critico, fico tenso.

UOL - Você atua boa parte das cenas sem camisa. O assédio do público feminino aumentou?
Felipe - Eu levei para o Otávio a minha vaidade. Sou um cara da natureza, malho, cuido da saúde. Com o calor intenso que faz no Rio de Janeiro, é natural a gente ficar sem camisa o tempo todo (risos). Mas o assédio é normal. Tenho saído pouco. Mas o que mais ouço na rua é:  'O Otávio bate em mulher, mas eu adoro ele'. E recebo muito carinho nas redes sociais, as pessoas gostam do meu trabalho e eu fico muito grato.

UOL - O que você pode adiantar do Otávio na novela?
Felipe - Vai ter muito mais ação. E o que posso adiantar é que ele vai se apaixonar perdidamente por uma mulher. E acho que a partir dessa relação, ele vai mudar.

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