"Posso ser 100% eu", diz Fiuk sobre estreia como apresentador na MTV

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

Em uma rua tranquila do bairro de Santa Cecília, em São Paulo, um portão azul claro esconde o estúdio que tem sido o lar do primeiro programa a estrear na nova MTV: o "Coletivation", apresentado por Fiuk e Patrick Maia. No interior da propriedade, a reportagem do UOL é conduzida pelo chão de paralelepípedos ao grande galpão onde fica montado o cenário vermelho do programa de entrevistas, que vai ao ar diariamente às 21h30.

Tendo como trilha sonora o ensaio dos dois músicos que tocam com os apresentadores no programa, a equipe já começa a preparar o estúdio para receber o convidado do dia, o sertanejo Luan Santana. Enquanto isso, Fiuk e Patrick começam a se arrumar no camarim próximo ao estúdio, após fazer a leitura do roteiro com o diretor da atração, o argentino Diego Pignataro.

Na sala branca e cheia de espelhos, Fiuk – que gosta de chegar ao estúdio já com a roupa da gravação - recebe um pouco de maquiagem pelas mãos do maquiador Vinicius Cicconi, enquanto Patrick escolhe uma camisa entre as várias selecionadas pela figurinista Fernanda Kenan. "O que a gente gosta, a gente tenta roubar", brinca Patrick. "Mas a gente usa muita coisa nossa também. Eu tenho preguiça de trocar de calça, então às vezes eu consigo convencer a figurinista a deixar usar minha calça. Hoje não foi um dia desses, estou com a calça do figurino".

Fazendo caretas, Patrick passa uma pomada para dar um efeito desarrumado nos cabelos. "Eu desfaço meu cabelo. Quando acham que está ruim, está bom. É o mendigo exatamente pensado. Você tem que sujar em poucos lugares", contou, logo em seguida pegando os pinceis de maquiagem para fazer graça. "Esse é o pincel Supla, mas quando ele já não retoca a raiz há muito tempo", brinca, mostrando um pincel de pelos espetados com apenas as pontas claras.

Os jovens apresentadores não demoram a ficar prontos para as gravações. E nem poderiam, já que, em certos dias, chegam a gravar dois programas. "A gente grava uns três, quatro dias por semana. Em dois dias, a gente sempre grava dois programas e, no outro, a gente fica mais tranquilo e grava um só", explica Fiuk.

Wanezza Soares/UOL
Ninguém sabia o que ia acontecer porque eu nunca tinha apresentado. Acabou sendo eu fazendo as coisas que eu amo, apresentando as coisas que eu gosto. Posso ser 100% eu

Fiuk

Vivendo uma nova rotina como apresentador, o filho de Fábio Jr., que estava longe da televisão desde a novela "Aquele Beijo", de 2011, está gostando da atividade. "O bichinho me picou. Quando eu ficar sem essa rotina, vou ficar triste", diz ele, que ficou à vontade no ambiente do "Coletivation". "Ninguém sabia o que ia acontecer porque eu nunca tinha apresentado. Acabou sendo eu fazendo as coisas que eu amo, apresentando as coisas que eu gosto. Posso ser 100% eu".

Ex-roteirista do "Agora É Tarde", da Band, e ex-apresentador do "Morning Show", da Rede TV, Patrick também vive um novo momento na carreira no ano em que saiu de trás das câmeras para ficar em frente a elas. "Acabou acontecendo um pouco mais rápido do que eu pensava, porque no mesmo ano passei por três emissoras. Eu não estava procurando nada, mas houve a proposta da Rede TV e, em paralelo, começou uma conversa aqui", relembra.  

Sair dos bastidores foi um movimento importante para sua carreira, avalia Patrick. "Sou comediante, então tenho que falar coisas por aí. Tenho que fazer as pessoas rirem e, para isso, eu tenho que aparecer. Não dá para ser engraçado só no roteiro. Acho que é primordial [estar em frente às câmeras]", analisa.

"Claquete"

Com o roteiro estudado e figurino e maquiagem prontos, Patrick e Fiuk se dirigem ao estúdio, onde a equipe técnica acerta os últimos detalhes da gravação. Em um clima descontraído, os dois recebem as últimas orientações dos produtores e já se posicionam para gravar quando chega Luan Santana, acompanhado de sua namorada, Jade – que o acompanha quando não está envolvida em seus estudos para a faculdade de moda –; sua assessora de imprensa, Arleyde Caldi; e outros membros de sua equipe.

No estúdio cheio, com cerca de vinte pessoas, a gravação começa ao grito de "Luan Santana, claquete um". Após uma animada introdução de Fiuk e Patrick, o cantor entra em cena por meio de uma porta lateral do cenário e, depois de cumprimentar os apresentadores, dá início ao bate papo, centrado principalmente em sua carreira. Comentando sobre o assédio das fãs, ele aproveitou para lembrar a presença da namorada no estúdio e mandou um beijo para a jovem estudante paranaense, que estava de camisa rosa, shorts com animal print e salto alto.

Como o dia estava quente, assim que as câmeras paravam de rodar, o maquiador Vinicius Cicconi ia ao cantor e aos apresentadores para reforçar a maquiagem e impedir que os três aparecessem com a pele brilhante em frente às câmeras. Luan ainda encontrou outra forma de lutar contra o calor: bebendo tereré, uma bebida fria a base de erva mate, em uma caneca que ganhou de Jô Soares. "Ele foi no 'Programa do Jô' e disse para ele que sempre quis ter uma caneca igual a dele. Aí o Jô deu uma", contou a assessora Arleyde.

Na conversa com Fiuk e Patrick, Luan foi questionado sobre as críticas que recebeu de Rita Lee em 2010. Na época, a cantora teria dito que ele era um artista "pré-fabricado". Luan minimizou o ocorrido e chamou a cantora de "rainha". E, para aproveitar a referência, foi sugerido que ele tocasse o sucesso "Erva Venenosa" no desafio proposto no início do programa – de transformar um rock em um sertanejo.

  • Wanezza Soares/UOL

    Luan Santana conversa com Patrick Maia e Fiuk durante a gravação no "Coletivation", da MTV

Ao fim da gravação de mais ou menos uma hora, não há tempo a perder. Luan, sua namorada e sua equipe saem logo em direção a van em que vieram, para seguir com outros compromissos. No rápido caminho até o veículo, Patrick aborda Luan e pede um autógrafo para sua prima de 13 anos. "Ela soube antes de mim que você vinha no programa", brinca.  

Ter contato com várias personalidades diferentes como Luan e Demi Lovato, primeira convidada interacional do programa, é um dos aspectos mais divertidos do trabalho no "Coletivation", acredita Patrick. "Está sendo muito legal fazer o programa porque a gente está conhecendo umas pessoas que eu não imaginei que conheceria, como a Demi Lovato.  E o próprio Luan, que está aí. O cara é legal, dentro do estilo que ele faz, eu acho que ele é um dos melhores. É um cara que eu não viveria encontrando por aí porque eu não vivo frequentando os lugares que ele frequenta e vice-versa".

Wanezza Soares/UOL
Tenho que fazer as pessoas rirem e, para isso, eu tenho que aparecer. Não dá para ser engraçado só no roteiro

Patrick Maia, sobre estar em frente às câmeras

Entre as entrevistas dos sonhos do humorista, estão dois importantes ícones do rock, Mick Jagger, dos Rolling Stones, e Eric Clapton. E o ex-presidente Fernanda Henrique Cardoso também seria um candidato interessante: "Seria muito legal entrevistar o Fernando Henrique. Acho que o papo renderia para vários lados. Ele tem várias polêmicas em volta dele, várias bandeiras que ele levanta, acho que seria bacana trocar uma ideia com ele".

Influenciado em sua carreira musical pela banda norte-americana Blink 182, Fiuk gostaria de entrevistar seus membros. "Eu comecei a ter banda e a sonhar por causa do Blink, com 12 anos de idade. Um dia vou dar um jeito de ir lá para fora e encontrar o Travis [Barker, baterista]", disse o apresentador, que ainda gostaria de conhecer John Mayer e os membros da banda Paramore.

Entrevista com Fábio Jr. e "empréstimo" da Globo

Fiuk, aliás, se considera outro apresentador após a oportunidade de entrevistar o próprio pai, Fábio Jr., para o "Coletivation".  "Eu era um apresentador antes da entrevista com meu pai e acho que sou outro depois. Passei pela maior prova de fogo da vida. Não teve explicação pra mim. Foi um divisor de águas", afirmou, contando que se emocionou após a gravação: "No programa, eu segurei [as lágrimas]. Mas quando acabou, eu despenquei", confessa.

Na conversa com o pai, Fiuk teve a oportunidade de falar sobre assuntos que ambos nunca haviam falado anteriormente. "A gente fez um quadro chamada cara a cara que eu fiz três perguntas para ele que eu nunca tive coragem de fazer. Eu não sabia como ele ia reagir a algumas coisas. Antes de gravar, fui falar 'pai, tem umas duas perguntas que eu quero te falar, pra ver se tem problema'. Comecei a falar a primeira e ele disse 'não quero ouvir, confio em você'. Isso pra mim foi muito f***".

Contente com o desafio de apresentar pela primeira vez, Fiuk não sente vontade de largar a atuação ou a música. "Não sei viver assim: 'Ou eu sou ator, ou eu sou cantor; ou sou baterista, ou apresentador'. Eu respiro isso. Sempre falo 'quero fazer isso também'. Eu sou assim, não vou parar de atuar, de cantar, de apresentar. Está em mim. Se não tivesse, eu não ia amar tanto tudo o que eu faço".

"Emprestado" para a MTV, Fiuk segue como contratado da Globo – que chegou a não autorizar sua ida para a emissora a cabo em um primeiro momento, mas depois o liberou.  "Eles comparam a minha ideia, me deram esse espaço, acreditaram em mim, foram muito generosos. Foi parceria, muita gentileza", contou Fiuk, que chegou a fazer testes para o papel de protagonista de "Além do Horizonte", a nova novela das sete, e elogiou a franqueza do diretor Ricardo Waddington, que acreditou que Fiuk não se encaixava no papel. "Foi muito legal o papo com ele. Ele me entendeu muito. Ele foi muito honesto comigo e eu fui muito honesto com ele".

A razão para Fiuk ter aceitado a proposta da MTV, que veio em agosto desse ano, foi a identificação imediata com o diretor Diego Pignataro, com quem costuma se reunir duas vezes por semana fora dos estúdios para pensar no roteiro do programa. "Comprei a briga por causa do Diego mesmo. Ele é como eu, mas atrás das câmeras. Meu apelido entre os meus amigos é 'Noinha' e ele é o 'Noinha 2'. Foi o casamento  perfeito. Se eu for pra qualquer lugar, vou dar um jeito de trabalhar com ele".

Primeiro programa a inaugurar a "Nova MTV", o "Coletivation" ainda não tem uma quantidade definida de episódios a serem produzidos – e não há previsão de quando as gravações devem acabar.

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos