Renato Aragão opina sobre o Porta dos Fundos: "pegam pesado, né?"

Do UOL, no Rio

Durante o bate-papo transmitido pelo UOL na tarde deste sábado (24), o ator e comediante Renato Aragão, fundador do grupo Os Trapalhões, opinou sobre o humor produzido pelo coletivo Porta dos Fundos.

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A criança não mudou nada. A criança é a mesma, não tem pátria, não tem preconceito. A de agora é mais bem informada, vê internet, TV a cabo, cinema. Tem que se transformar para dar entretenimento para elas

sobre a infância de antigamente e a de agora

"Minha filha (Lívian) assiste ao "Porta dos Fundos" e passa para mim. Já vi uma ou duas vezes. Eles são muito bons. Mas pegam pesado, né? É o tipo de humor que não dá para fazer na TV aberta", comentou, na sabatina promovida pelos 50 anos da "Folhinha", suplemento infantil do jornal "Folha de S. Paulo".

O humorista de 78 anos, que ficou conhecido pelo personagem Didi Mocó, afirmou que não tem planos de fazer conteúdo para a internet, como é o caso do Porta dos Fundos. "Já sei passar e-mail, leio sempre notícias, mas não é o meu veículo".

Renato teceu elogios sobre os espetáculos de humor stand-up, mas não se vê adotando o estilo em que a piada é verbalizada por um comediante. "O stand-up não existia no meu tempo, não é meu estilo, mas é maravilhoso. Eu sei fazer a piada, encenar a piada".

Sobre o fato de Mussum, seu companheiro dos Trapalhões, estar tão presente até hoje em brincadeiras na internet, o humorista comentou que ele não era muito diferente na vida real e na TV. "Ele era aquilo mesmo. Ele era Mussum dentro e fora da TV, diferente do Didi e do Renato. Tá eternizado. Muito engraçado, não precisava escrever muito para ele, só dar as dicas. Hoje em dia, ele está aí, na lembrança de uma geração que não o viu".

Afastado da programação semanal da TV Globo, Renato não tem planos para aposentadoria e está produzindo três telefilmes em 2013.  Também vai investir em um seriado no estilo "Tapas & Beijos", com o personagem Didi. "Didi não tem idade, ele é eterno, pode fazer qualquer tipo de personagem. Vamos sair do estúdio, gravar em cenários diferentes", adiantou. O maior medo do humorista é parar de trabalhar: "Enquanto você tem projetos, você não envelhece".

Dos 47 filmes que produziu, "Bonga, o Vagabundo" (1969), rodado sem os outros três trapalhões Dedé Santana, Mussum e Zacarias, foi citado como marcante em sua carreira, apesar de não ter feito a bilheteria de "Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão". "Penso até em refilmá-lo", disse o humorista. A inspiração em Oscarito foi lembrada. "Não era humorista de rádio, não tinha dicção. Mas aí veio um ator muito famoso, o Oscarito, que me botou aqui. Tinha 14 anos e assisti a um filme dele. Só tinha rádio no Ceará. Esperei chegar meu momento, quando chegou a TV Ceará. Foi difícil. Tinha TV, mas não tinha registro, não tinha videotape".

Para Renato, seu ponto alto na TV foi o quadro em que encenou versões musicais para sucessos da música brasileira "Antigamente, não tinha videoclipe. Fui um precursor nisso. Me deu na cabeça de fazer musicais. A que mais me marcou foi a versão da música do Chico Buarque, "Teresinha", em que usava um cabelo igual à Maria Bethânia". O quadro foi recentemente revisitado pelo humorista Marcelo Adnet no "Fantástico".

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