Vanessa Giácomo conta por que Aline de "Amor à Vida" abandonou o decote

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

"Eu achei ótimo quando soube que chamavam a Aline de 'secretina' no Twitter. Ela é uma cretina mesmo", conta aos risos a atriz Vanessa Giácomo ao comentar o apelido que sua personagem, a dissimulada e vingativa Aline de "Amor à Vida", ganhou na rede social.

Ela comentou também, em entrevista por telefone ao UOL, os provocantes decotes usados pela secretária de César (Antônio Fagundes). O figurino, além de outras coisas que acontecem no fictício hospital San Magno, foi alvo de crítica por não ser um traje adequado ao ambiente de trabalho.

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    As atrizes Bette Davis (à esq.) e Barbara Stanwyck, que inspiraram Vanessa

"O decote foi usado porque eu a interpreto de uma maneira muito elegante, com sofisticação. Se eu forçasse na sedução, se eu fizesse muito escancarado, ia ficar muito o clichê da secretária que seduz o chefe, e ela não é periguete. Então o figurino foi colocado para ela conseguir seduzir o César. Agora que ela conseguiu, ela não usa mais."

Vanessa buscou nas atrizes e filmes clássicos de Hollywood a elegância e a sofisticação de Aline. "Vi muitos filmes da Bette Davis, inclusive 'A Malvada', que tem aquela personagem que se faz de sonsa. Também me inspirei na Barbara Stanwyck. Essas mulheres todas tinham um tempo diferente na hora de seduzir. A sensualidade vinha de dentro para fora. E foi isso que procurei colocar na Aline."

A atriz conta a ainda que o papel é um dos mais desafiadores que já interpretou, porque a "secretina" é muito racional e não se permite demonstrar emoções. "Ela joga pesado. Comparada ao Félix [Mateus Solano] e ao César, ela é a mais inteligente. O César, por exemplo, prejudica as pessoas porque ele tem poder. A Aline não. Ela não demonstra o que sente, não fica se exibindo. Ela vai e faz. Só não consegue enganar o Félix."

Conversinha...

Questionada se é fácil de conquistar um homem como César jogando a conversinha mole de Aline, a atriz responde que o médico percebe parte do joguinho da personagem.

É claro que um homem vivido como ele [César] percebe algumas coisas, mas como ele tem uma vida confortável, proporcionar certos luxos à amante, para ele, é nada

Vanessa Giácomo sobre César

"É claro que um homem vivido como ele percebe algumas coisas, mas como ele tem uma vida confortável, proporcionar certos luxos à amante, para ele, é nada. E isso se encaixa com o machismo do personagem, que acredita que a mulher tem que ser sustentada por ele. Mas não o acho bobo de forma nenhuma. Ele só não sabe da vingança", diz Vanessa, que explica que a secretária é prima de Paloma (Paola Oliveira).

Já sobre o assédio moral, a falta de ética e as transas dos médicos dentro do hospital, Vanessa diz que o público exige coerência da ficção, mas não da realidade.

"É como restaurante. Se você conhecer a cozinha, talvez não queira comer lá. O que o Walcyr [Carrasco, autor da novela] mostra é que as pessoas erram, independente do ambiente em que estejam. Médico não fala só de medicina. Eu nunca convivi em um hospital, mas acredito que pelo menos algumas daquelas situações aconteçam, que as pessoas se paquerem, já que ficam tanto tempo no mesmo ambiente. E as pessoas têm que entender que é um universo fictício, em que o autor tem que criar situações para cativar o público. A Patrícia [Maria Casadeval] e o Michel [Caio Castro] transarem no elevador, por exemplo, é um exagero cênico. Uma licença poética."

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