Walcyr Carrasco diz que solução para Félix "é ser amado"

Do UOL, no Rio

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    O autor Walcyr Carrasco na festa organizada para promover a novela "Amor à Vida"

    O autor Walcyr Carrasco na festa organizada para promover a novela "Amor à Vida"

Walcyr Carrasco, autor de "Amor à Vida", saiu em defesa do vilão de sua trama, o gay (agora não mais enrustido) Félix, interpretado por Mateus Solano. Em texto publicado neste final de semana pelo site da revista "Época", intitulado "Meu filho Félix", o dramaturgo garantiu que a solução para seu antagonista é "ser amado".

"Todo Félix tem uma saída: ser amado. Félix é meu filho. Como todo pai, torço por ele", sentenciou Walcyr. Ele explicou ainda o motivo que o levou a apostar em um vilão gay. "Por que não um gay cruel? Eu mesmo me assustei com a ideia. O policiamento do 'politicamente correto' é enorme para um autor. Quando se escreve uma novela, que atinge milhões de pessoas, a pressão é inacreditável. Grupos exigem que se apresente um mundo perfeito. Se há um personagem negro, tem de ser bonzinho – ou sou acusado de racismo. Se é gay, também tem de ser do bem. Não admito o 'politicamente correto'. Pessoas são pessoas. Arrisquei".

Na última semana, o segredo de Félix foi revelado pela mulher Edith (Bárbara Paz) em uma cena carregada de drama e que ganhou elogios do público e da crítica. Ao mostrar fotos de Félix com o amante, Edith chegou a chamar o marido de "bicha". Pilar (Susana Vieira), mãe do vilão, pediu desculpas pelos anos de "cegueira" e a irmã, Paloma (Paolla Oliveira), completou que Félix "precisava se aceitar".

Em entrevista à revista "Playboy", Walcyr chegou a se intitular como "bissexual", fato que, segundo ele, o tornou alvo dos homossexuais. "Recentemente, declarei que sou bissexual. Fui apedrejado por homossexuais, segundo os quais deveria ter me declarado gay. Respondi: tive relacionamentos com várias mulheres na minha vida, a quem amei. Seria um desrespeito a elas dizer que tudo foi uma mentira", ponderou.

O autor ainda disse que "o meio gay é o mais homofóbico que existe" e que Félix "não é uma bandeira a favor ou contra os gays". "Félix cai em seus próprios precipícios, movido pela inveja da irmã, mais amada pelo pai, e pelo sentimento de rejeição. E também pelo desejo de poder", pontuou.

Wlacyr elogiou também o "sarcasmo" dado a Mateus Solano ao personagem. "Félix é sim capaz da maldade extrema. Mas paradoxalmente faz rir. É amado pelo público, que reconhece nele a dor de uma sociedade", finalizou.

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