Dona Xepa

Ângela Leal compara Dona Xepa à presidente Dilma Rousseff

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

  • Higson Miranda/PhotoRioNews

    Ângela Leal interpreta Dona Xepa no folhetim da Record, previsto para estrear em maio

    Ângela Leal interpreta Dona Xepa no folhetim da Record, previsto para estrear em maio

Em meio a caixas de verduras, frutas, caminhões e acompanhado por 150 pessoas, o elenco de "Dona Xepa" se reuniu no Ceagesp, em São Paulo, para gravar a cena de abertura da nova novela da Record na última quinta-feira (7). O UOL acompanhou os bastidores e conversou com as protagonistas Ângela Leal e Bia Montez que adiantaram alguns detalhes.

Hoje com 65 anos e na pele da protagonista Dona Xepa, Ângela se mostrou bem emocionada por poder trabalhar com o texto do dramaturgo Pedro Bloch pela terceira vez, já que participou da peça homônima em 1952 e da primeira versão do folhetim adaptado por Gilberto Braga na TV Globo em 1977, como a personagem Regina. "Estou muito orgulhosa de fazer essa mulher brasileiríssima, batalhadora, que sofre pra cacete, mas ri de tudo. É no humor que a gente se salva", disse a atriz, citando o psicanalista Freud.

Higson Miranda/PhotoRioNews
Estou muito orgulhosa de fazer essa mulher brasileiríssima, batalhadora, que sofre pra cacete, mas ri de tudo

afirma Ângela Leal

Na trama, a feirante de origem humilde e sem formação superior é abandonada pelo marido, Esmeraldino (José Dumont) e desde então faz de tudo para sustentar os filhos, a advogada Rosália (Thaís Fersoza) e o estudante de arquitetura Édison (Arthur Aguiar). "A Xepa é a Dilma [Rousseff] do século 21, é atemporal", metaforizou Ângela, que disse se identificar com a solidariedade e o amor incondicional da personagem pelos filhos.

A atriz Bia Montez concorda com a analogia e elogia o governo da presidente do Brasil - "Dilma veio para arrepiar, tem a força da mulher brasileira, o olhar. É a Dona Xepa".

Como a arte imita a vida, depois de formados, Édison e Rosália passam a ter vergonha de Xepa e a feirante fica abalada com a rejeição. "A pior coisa que tem é o filho ter vergonha de ter a mãe que tem", afirmou a atriz.

Bastidores
Com bom humor e clima descontraído no estúdio, Ângela Leal, Alessandra Loyola Camila e Bia Montez chegaram ao local às 7h, demoraram cerca de 1h para comporem os personagens e começaram a gravar às 9h a cena de abertura em que Dona Xepa e Camila (Alessandra Loyola) encontram com Matilda (Bia Montez) na feira e logo começam a discutir.

  • Fernando Donasci/UOL

    No Ceagesp, maior mercado de frutas e verduras de São Paulo, as atrizes Ângela Leal (Dona Xepa), Bia Montez (Matilda) e Alessandra Loyola (Camila) gravam a primeira cena de "Dona Xepa"

- Me dá essas frutas que eu vou levar, cheguei primeiro, diz Matilda
- Nada disso. Coloca as frutas aqui para mim, rebate Xepa, trocando olhares furiosos com a inimiga.

Com uma frente de 15 capítulos, o folhetim deve estrear na segunda semana de maio e além das atrizes citadas, Thaís Fersoza e Pérola Faria (Yasmim) gravarão na Rua Oscar Freire, na capital, nesse sábado. A produção volta aos estúdios do Recnov, no Rio de Janeiro, na segunda-feira.

Guerreiras e corajosas, Ângela e Matilda têm em comum o fato de terem criado os filhos e serem solidárias com os vizinhos do bairro. Porém, a disputa por espaço e destaque na feira onde têm barracas será palco de boas discussões entre as amigas e rivais. "É uma amizade italianada. Vivem de "picuinha", mas se amam", afirmou Bia, aos risos.

No folhetim, Bia promete repetir o sucesso da característica inspetora Dona Vilma, de "Malhação" (2001), na pele da viúva mal-humorada Matilda. O ponto alto da rixa entre Xepa e Matilda será a disputa pela presidência da Associação dos Moradores do bairro.

"Estamos precisando de uma novela que mostre a importância da amizade entre a vizinhança. O mal da nossa época é a solidão", opinou Montez.

No folhetim, Matilda será mãe da extravagante "mulher fruta" Dafne (Robertha Portella), que fará de tudo para aparecer.

Com 25 anos de profissão, Bia teve várias profissões --  assistente de cenografia, telefonista de hotel, fotógrafa, desenhista, vendedora – até conseguir viver como atriz. "Sou muito trabalhadora e sei que nada vem de graça. É preciso ter objetivo, falo muito com os jovens sobre isso".

Ainda sobre a carreira artística, Bia, que começou no teatro, percebe que a profissão, assim como outras, está sucateada. "Hoje existe fazedores de novelas. Basta ficar na frente da câmera e pronto. Agora se essas pessoas vão ter sucesso na carreira daqui 40 anos não sei dizer".

Cronograma

"Dona Xepa" é escrita por Gustavo Reiz, inspirada na peça teatral homônima, com colaboração de Joaquim Assis, Mário Vianna, Mariana Vielmond e Valéria Motta. Com 90 capítulos, cerca de três meses de duração, a trama pretende ser compacta e tem um orçamento total de R$ 200 mil, podendo ser diminuído. "A ideia é reduzir e diluir os custos", afirmou o diretor Ivan Zettel, que comemorou o fato de poder filmar na capital paulistana, o que traz mais credibilidade, já que a história se passa na cidade.

Sem grade de programação fixa, com mania de trocar os horários, acabar do dia para noite ou prolongar a duração de suas atrações, o horário de "Dona Xepa" é ponto de interrogação para os próprios funcionários da emissora. "Você não conhece a Record, né? Não sabemos o horário e nem a data de estreia da novela. Só descobrimos quando vemos a chamada na TV", disse um dos produtores da trama.

"Se não estragar, elenco e força para atuarmos temos", completou Zettel, que também não soube dizer se o horário da trama se manterá às 22h15. 

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