Barreira no Rio imita deserto em nova minissérie bíblica da Record; veja cenas exclusivas
Carla Neves
Do UOL, no Rio
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Ricardo Leal/UOL
Caracterizado como Simeon, Caio Junqueira grava externa da minissérie "José", da Record, na zona oeste do Rio (6/11/2012)
Sob o sol forte do Rio, de aproximadamente 35 graus, 11 atores caracterizados com roupas pesadas gravam externas para "José – De Escravo a Governador", a nova minissérie da Record, em uma barreira de extração de saibro chamada Lama Preta em Santa Cruz, na zona oeste carioca. Para driblar o calor, o grupo se hidrata com isotônico, água e come frutas durante os intervalos. Mas nem o incômodo provocado pela alta temperatura nem as barbas e os longos apliques nos cabelos atrapalham o bom humor do elenco, que chega ao set por volta das cinco e meia da manhã e grava até as seis e meia da tarde.
Esta semana, o UOL acompanhou com exclusividade um dia de gravação externa da minissérie e notou que a empolgação faz parte do set de filmagem. A começar pelo ator Ricky Tavares, que interpreta o papel-título na primeira fase da produção. "Pena que só vou ficar nos primeiros 10 capítulos. Vai bater saudade. Porque estamos juntos no processo de preparação para a minissérie há quatro meses, desde junho. Meio que forma uma família. Depois vem a estreia e vai ser aquele chororô", contou Ricky, antes de gravar uma das cenas mais importantes da minissérie.
Prevista para estrear em janeiro, a próxima minissérie bíblica da Record terá 26 capítulos e contará a saga de José, que é vendido como escravo pelos irmãos e levado para o Egito, onde é injustiçado e preso. Mas José prospera e, graças a seu dom de interpretar sonhos, consegue salvar o Egito da fome e da desgraça durante o período de escassez, transformando-se em governador.
Antes de ser vendido ao mercador de escravos Jetur (Thelmo Fernandes), José é jogado pelos irmãos em um poço. Foi a cena em questão que a reportagem do UOL acompanhou. Durante a sequência, Ricky – que na fase adulta será substituído pelo ator Ângelo Paes Leme – fez questão de fazer a cena e dispensou o uso de um dublê. "Quando me falaram que poderia usar um dublê, não quis. É tão legal fazer! São as melhores partes, né? Amo o que faço, estou numa produção incrível e está sendo maravilhoso interpretar o meu primeiro personagem principal", comemorou.
Ricky contou que teve aulas com o preparador de elenco Sergio Penna durante dez dias. "Também li o Gênesis 37, li o livro 'O Jovem José', de Thomas Mann, assisti a alguns filmes e a uma palestra com um historiador. A gente tem uma fonte de pesquisa muito rica. Dá para sugar de tudo quanto é lado", disse.
Com direção-geral de Alexandre Avancini, a minissérie também conta com a direção de Hamsa Wood e Armê Manente. A sequência em que José (Ricky Tavares) é jogado no poço e depois vendido a Jetur foi dirigida por Hamsa Wood. Wood explicou que a barreira de extração de saibro foi parcialmente modificada para a gravação da minissérie. "Criamos os platôs para simular um terreno mais árido. Vamos filmar boa parte da minissérie no Atacama [no Chile]. No fim de novembro estamos indo para lá. O equipamento já está indo esta semana. A barreira é para fazer um link com a locação de lá porque não dá para fazer tudo lá", afirmou ele, explicando que seria inviável levar todo o equipamento, o cenário e o figurino para o Chile.
Wood contou que a cena em que o jovem José é jogado no poço e depois vendido a Jetur pelos irmãos é uma das principais da minissérie. "É a cena que define basicamente todo o desenrolar da história. A partir desse momento, José é separado da família, vendido como escravo e levado para o Egito. E acaba sendo vendido novamente para alguém do alto escalão do governo egípcio. Isso lhe abre portas, até que ele começa a ascender dentro do governo egípcio e se torna um governador, um administrador do império egípcio da época", disse.
O diretor também falou sobre as dificuldades de se gravar externas, especialmente por conta do calor. "Esses fatores climáticos dificultam porque o figurino é muito pesado. Isso causa um desgaste nos atores muito grande. Ao mesmo tempo que temos que preservá-los, também temos que exigir deles o máximo", afirmou.
Entre os irmãos de José, estão Ruben (Guilherme Winter), Simeon (Caio Junqueira) e Judá (Vitor Hugo). Primogênito de Jacó (Celso Frateschi), Ruben também é motivado a maltratar José quando percebe que o jovem é o filho predileto do pai. "Na verdade, o Jacó é quem acaba criando essa desavença entre os irmãos. Ao mesmo tempo que o Ruben quer dar apenas um susto em José, jogando-o no poço, ele pensa no pai, tem compaixão e enxerga a dor de Jacó perder um filho", contou Guilherme Winter, que foi recém-contratado pela Record.
Já Simeon é o pior dos irmãos. Segundo Caio Junqueira, ele é o grande movimentador das ações contra José. "Primeiro porque ele sempre almejou o lugar de Ruben, que é o irmão mais velho, o primogênito. Mas Ruben nunca demonstrou valor pelo seu posto de primogênito. E depois que Simeon vê que José é o filho preferido de Jacó, ele acha que, mais uma vez, está perdendo as possibilidades que ele teria de tomar o lugar de Ruben. Então, motivado pelo ódio e pela inveja, ele arma uma estratégia para eliminar José", adiantou Caio.
Assim como Ruben, Judá também tem compaixão por Jacó e dá a ideia de jogar José no poço para livrá-lo da morte. "De todos os irmãos, o Judá é o único que tem uma família independente. Ele é casado, tem mulher e filhos. Então ele entende as dificuldades pelas quais o pai passa, já que também é pai. Ele é um dos irmãos que tem um olhar mais maduro em relação aos acontecimentos. Ele também acha que José merece ser penalizado de alguma forma, mas não através da morte", contou Vitor Hugo.
Para encarnar o malvado mercador de escravos Jetur, Thelmo Fernandes contou com uma caracterização especial. Ele teve os olhos pintados de preto e os dentes sujos por conta da maquiagem. "Gosto muito dessa caracterização. Acho que fica muito bacana. Porque ao mesmo tempo que o Jetur fica com o ar misterioso, ele também fica com um ar cruel. E acho que o personagem precisava ter essa pegada", elogiou.
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Thelmo Fernandes grava externa de minissérie da Record na zona oeste do Rio (6/11/2012)
Thelmo contou que há cinco meses começou a deixar a barba e o bigode crescerem. "Achei que poderia ser interessante para o personagem deixar tudo crescer. Já a ideia do dente foi da equipe de maquiagem. Esse ar sujo é feito com verniz, o mesmo de colar barba. Depois é feita uma maquiagem, que fica grudadinha e dá esse aspecto. Para tirar uso álcool", contou.
A minissérie será filmada, do começo ao fim, com cinco câmeras Arri Alexa, equipamentos usados na produção de cinema digital. A Arri Alexa foi utilizada recentemente em filmes como "Os Vingadores" e "A Invenção de Hugo Cabret".