O brasileiro quer o pão com responsabilidade

Flávio Ricco

Flávio Ricco

Colunista do UOL

Não deve existir um brasileiro de bem contrário às manifestações das ruas contra os desmandos no nosso país, nos seus mais diferentes setores.

O movimento, como legítimo instrumento da democracia, só reivindica uma vida melhor para todos, através de sistemas adequados de saúde, educação, segurança etc. Não existem meios de se impor contra isto.

O brasileiro quer o pão. O circo, como Copa do Mundo e outros devaneios, pode perfeitamente ser subtraído de nossas vidas, que não irá fazer falta nenhuma.

É dever de todos lutar por um país mais forte e mais justo, sem nunca perder o foco ou a razão. E em nenhum momento permitir que um movimento tão saudável termine por se misturar com a marginalidade.

Qual o motivo das agressões às emissoras de televisão ou quaisquer outros órgãos de imprensa, e até mesmo aos seus representantes nas ruas, como aconteceu na semana passada? Os jornalistas ou as empresas que eles trabalham não podem e nem devem, em nenhuma hipótese, ser confundidos com partidos políticos. Não se trata aqui de uma defesa de classe, mas apenas a tentativa de restabelecer a verdade de tudo.

Outro aspecto

Guardadas as proporções e as possibilidades de cada uma, as emissoras de televisão, mesmo com riscos, acionaram as suas equipes nessas coberturas de rua, difundindo a validade do movimento.

O respaldo da imprensa, de uma maneira geral, não faltou em nenhum momento.

Balanço de quinta

Considerando apenas os protestos de quinta-feira passada (20), tivemos um jornalista da Globo News atingido por bala de borracha, o tapa no rosto de uma repórter do SBT e um carro da mesma emissora incendiado no Rio. Além de outra viatura, só que da Band, tombada por vândalos em Natal.

Como se explica?

Espalhou no mundo

Um bom exemplo é o Bandnews. A CNN internacional transmitiu 16 reportagens das manifestações geradas pelo canal brasileiro. A CNN Newsource, agência de notícias, praticamente "plugou" o canal brasileiro.

A NHK, do Japão, e Al Jazeera, do Catar, com os quais são mantidos acordos de cooperação, também fizeram a mesma coisa.

  • Edu Moraes/Record

    O apresentador Rafael Cortez, que deve ser aproveitado em outras atrações da Record depois do fim do "Got talent"

Trivial de cada dia

O "Got Talent" terminou na última semana e a Record ainda não tem uma decisão sobre o futuro dele.

Se haverá a segunda edição no ano que vem. É quase certo que não. A ideia que agora prevalece é aproveitar Rafael Cortez em outro projeto.

Pés no chão – 1

Mas apenas repetindo a velha ladainha de sempre, por que trazer de fora coisas que o profissional da televisão brasileira pode perfeitamente fazer aqui? E pagar caro por elas?!

O "Got Talent" é mais um desses exemplos. O que ele trouxe de diferente em relação aos nossos tantos programas de calouros? Qual foi a novidade?

Pés no chão – 2

Como toda generalização é burra, num determinado momento se entendeu que só o que vem de fora é bom, deixando de lado a capacidade de criação do profissional brasileiro.

E no meio de alguns formatos muito bons, também veio muito lixo, que nada tem a ver com a nossa realidade. Que o fracasso do "Got Talent" leve as nossas emissoras a refletir sobre isso.

  • Francisco Cepeda/AgNews

    A humorista Dani Calabresa, que deve ser testada em pilotos na Bandeirantes

Pilotando

A Bandeirantes, se utilizando por exemplo da Paloma Tocci, já gravou pilotos do "Lo Sabe No lo Sabe".

Mas a ideia é não parar por aí. Marcelo Mansfield, do "Agora É Tarde", e Dani Calabresa, do "CQC", também serão testados. Todo este material, depois de finalizado, será avaliado por Diego Guebel, do Artístico.

Um pelo outro

O SBT acabou com o "Cante se Puder". Na quarta-feira (19) foi ao ar o último. Em seu lugar, vai entrar uma nova temporada do "Amigos da Onça", para estrear agora.

Façam as apostas: o que é pior?

  • Patricia Stavis/Folhapress, ILUSTRADA

    A superintendente artística Mônica Pimentel, que deixa a Rede TV! em julho

Nome por fora

Não faltam especulações sobre nomes prováveis para assumir o Artístico da Rede TV!, em substituição a Mônica Pimentel, que deixa a emissora no dia 15 de julho.

O de Andréa Dallevo, cineasta e jornalista, filha do sócio majoritário Amilcare, já começa a aparecer como um dos mais fortes para assumir o cargo.

Mercado

Ricardo Frota está deixando a Fox, mas vai continuar com ela, agora através da sua empresa, a Spokesman, especializada em relações públicas, assessoria de imprensa, mídia training, gerenciamento de imagem, carreira artística e novos negócios com foco na área de entretenimento.

Frota é um profissional com passagens importantes em diversas emissoras, de modo especial pela Record, na época dos seus melhores índices de audiência. Depois disso, Globo e Fox.

Cortes e mais cortes

A Bandeirantes em Brasília decidiu acabar de vez com a primeira edição do "Brasil Urgente" local. Ficou apenas com a edição vespertina.
Tudo como parte do processo de enxugamento da sua equipe, que já não é muito grande.

Bate – Rebate

•       Globo hoje tem a estreia de "Saramandaia", nova novela das 11.
•       A Record já está gravando as primeiras cenas de "Pecado Mortal", de Carlos Lombardi...
•       ... Mas, por enquanto, só em externas.
•       O terceiro episódio inédito do "Sai de Baixo" será apresentado nesta terça (25), no Viva.
•       Christiane Torloni é outro nome cogitado no elenco da nova novela do Manoel Carlos na Globo.
•       Um grande defeito do cinema brasileiro, entre outros e durante muito tempo, foi a falta de luz em suas produções...
•       ... Hoje, quando o Canal Brasil reprisa alguns, é possível observar isso.
•       Em "Amor à vida", está acontecendo algo parecido, com a tentativa de fazer uma coisa bem sombria em determinadas cenas...
•       ... Mas tão sombria que em muitas situações está empobrecendo a novela.
•       Vale ressaltar que a Globo sempre foi craque na iluminação das suas novelas.

C"est fini

Outro lado bom e importante dessas manifestações é que também serviram para que os donos da Fifa deixem de imaginar que o Brasil está limitado a alguns dirigentes de futebol que eles conhecem.

E que a maioria das pessoas não pensa e muito menos age como eles.

Ficamos assim. Mas amanhã tem mais. Tchau!

Flávio Ricco

Jornalista, passou por algumas das mais importantes empresas de comunicação do país, como Tupi, Globo, Record e SBT. Dirigiu o "Programa Ferreira Netto" e integrou a equipe do "SBT Repórter". Escreve sobre televisão desde 2003. Email: colunaflavioricco@uol.com.br.

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