!
Com excelente noção de “timing”, a Globo anunciou, poucas horas antes da final do BBB11, que as inscrições para a décima segunda edição começam no próximo dia 15. Resta saber se a emissora entendeu os sinais enviados pelo público nos últimos 80 dias.
Mais do que a vitória de Maria, o programa será lembrado como aquele que alcançou a menor audiência e o maior faturamento da série. É um fenômeno que tem várias explicações e sugere algumas especulações.
A queda no Ibope, da ordem de 20% em relação ao ano anterior, tem quatro razões óbvias.
Elenco clonado: O desafio de renovar alguns ingredientes numa receita de sucesso fracassou redondamente. O choque causado pela presença de uma transexual durou poucos dias. Os demais participantes, todos, se pareciam com tipos que já haviam participado de outras edições do programa.
Rotina: Depois de dez anos, o excesso de conhecimento geral sobre o BBB dificulta cada vez mais a produção. Como surpreender os candidatos? Paula, por exemplo, narrou o jogo em voz alta, diariamente, prevendo cada passo do reality para os colegas de confinamento e para o público.
Improvisação: Para uma equipe com a experiência adquirida ao longo de dez anos, foi surpreendente a quantidade de erros técnicos, provas mal elaboradas e improvisações feitas no programa. Além do incômodo causado, esses problemas alimentam a suspeita do público sobre a idoneidade do reality.
Falta de transparência: Por motivos mal esclarecidos, a direção do programa alterou a forma de registrar os votos nos paredões. Segundo informação de um blog, para evitar “fraudes”. Depois dos números astronômicos no BBB10 (chegou a 150 milhões na final), Bial parou de falar o número de votos em cada paredão. Abriu uma exceção na final, para anunciar 51 milhões de votos, um terço do ano anterior.
Uma quinta razão, ainda a ser medida, seria o papel da internet, possibilitando uma migração de parte do público. Os poucos números disponíveis sugerem que houve explosão de audiência nesta mídia, causada pelo BBB11.
Duas curvas que se afastam
Esses fatores, e outros, ajudam a explicar a curva descendente, sem freios, do programa. De uma audiência média de 47,5 pontos no BBB5, o Ibope vem caindo ano a ano, alcançando média de 30,7 na décima edição e, sem contar os últimos dois dias, 24,6 no BBB11.
Como se vê, não é um fenômeno recente. Ainda assim, o faturamento com publicidade não deixou de crescer. O recorde batido em 2010 foi novamente superado este ano. Segundo a coluna “Outro Canal”, da “Folha”, o BBB11 ultrapassou a marca de 20 produtos anunciados em merchandisings dentro da casa e bateu o faturamento da décima edição, chegando aos R$ 380 milhões .
O anúncio sobre as inscrições abertas para o BBB12 é um sinal tranquilizador da emissora enviado ao público e ao mercado. Significa que mal um avião aterrissou, outro já se prepara para levantar voo.
Também buscou o mesmo efeito o discurso de Pedro Bial, na noite de encerramento, procurando reforçar a ideia de que o programa tem contribuído para a discussão de tabus e preconceitos.
Ainda vai levar algum tempo para se medir os impactos deste cabo de guerra entre publicidade em alta e a audiência em queda. Levantamento de uma consultoria em mídias digitais, divulgado pela “Folha” mostra que os cinco principais patrocinadores obtiveram uma repercussão muito baixa nas mídias sociais.
Fato é que, independentemente das avaliações individuais (“foi o melhor BBB da história”, “foi o pior”), o programa que já deu tanta alegria e tanto lucro à Globo recebeu um duro recado do público este ano. Veremos se a emissora o ouviu e saberá como responder a ele.