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26/11/2005
Netinho, Repórter Vesgo e a imprensa guaxinim


O último domingo (20) foi marcado por dois choques históricos. No primeiro, o goleiro corintiano Fábio Costa derrubou dentro da área o avante Tinga, do Inter, diante de várias câmeras e mais de trinta mil pessoas. Mas, o juiz, talvez por ler muito Nélson Rodrigues, pôs a culpa em quem sofreu em vez de quem bateu: não marcou o pênalti e ainda expulsou o jogador gaúcho.

No mesmo dia, irritado com uma pergunta de duplo sentido sobre se iria abrir seu canal [o TV da Gente] a todos, o apresentador Netinho de Paula deu um soco de mão única na orelha do repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa), do "Pânico na TV", diante de apenas uma câmera (a do programa) e meia dúzia de pessoas que estavam por perto, na entrega do Troféu Raça Negra.

Sem juiz para punir o agressor, que merecia um cartão vermelho em tamanho A4, a turma do deixa - disso teve de segurar Netinho, que berrava --talvez porque o pobre Vesgo já não podia ouvir direito-- que a festa era "de negão, mano, não de playboy", e chamava o repórter para a briga.

Se Netinho fez da pergunta um cavalo de batalha, Vesgo, reconvertido no cidadão Scarpa, fez da resposta um Boletim de Ocorrência. E o vídeo da agressão, ao contrário das imagens do pênalti, exibidas à exaustão nos programas esportivos, continua inédito. Deverá ir ao ar somente neste domingo (27), dando um belo gás na audiência no já-não-tão-badalado "Pânico na TV".

Dois dias após o incidente, em nota à imprensa, Netinho se disse arrependido e pediu desculpas genéricas "à opinião pública", mas declarações de Scarpa sugerem que a bofetada ainda renderá muito, tanto em honorários quanto em documentos legais. Mas é pouco provável que, na pilha de papel a ser gerada, haja um só parágrafo capaz de justificar reação tão violenta a uma simples pergunta, por mais idiota que pudesse ter sido.

Piadas bobas ou de mau gosto são parte do repertório de Vesgo. Ele é movido tanto pelo espírito jornalístico, que o torna xereta, quanto pelo espírito de porco, que o faz embaraçar entrevistados. Assim, seu humor é por natureza de alto risco: só funciona quando a pergunta deixa a "vítima" sem graça, e há gente que simplesmente não tolera ser ridicularizada. Uns fecham a cara e passam batido, mas, outros, fecham o punho e partem pra cima. Antes de Netinho, o ator Vítor Fasano também havia reagido dessa forma, digamos, veemente.

Depois de dois anos de "Pânico na TV", todo o meio artístico sabe que não pode esperar de Vesgo uma entrevista educadinha e reverente, como as que Glória Maria faz com celebridades no "Fantástico". Sabendo disso, Netinho poderia ter se prevenido contra as armadilhas verbais do repórter e até pagar-lhe na mesma moeda. Como?

Fácil. Bastaria que ele, sem dizer uma só palavra, caísse num choro sentido, soluçado, de lágrima correr pelo cantinho do olhar, feito na música de Gilberto Gil. Homens nunca sabem muito bem o que fazer nesses momentos, e seria enorme a chance de vermos o repórter Vesgo desconcertado, com a mais legítima cara de tacho.

Netinho também poderia ter se fingido de surdo, cantado um pagode, imitado Merchã Neves ou até perguntado ao repórter sobre o pênalti. Mas bater nele, jamais. Ora essa, se todo entrevistado achar que pode bater em quem faz pergunta incômoda, muita redação vai ficar parecendo um viveiro de guaxinins, com todos os jornalistas exibindo uma mancha preta ao redor de cada olho.

Nota do autor: Minha descrição da briga de Netinho e Vesgo foi feita a partir de informações da coluna Ooops!, de Ricardo Feltrin

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