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04/10/2005
Ainda deve haver riquezas a extrair de "Bang Bang"


É bem provável que nos corredores da TV Globo, gente graúda ainda esteja em dúvida sobre se não teria sido uma aposta ousada demais bancar uma história longa, como costumam ser as novelas, de western --gênero que anda em baixa até nos Estados Unidos, onde foi criado.

O fato é que diligências, salloons, duelos e personagens gringos não são familiares às telinhas brasileiras --não vale contar a meia-dúzia de americanos fajutos de "América". E, por tratar-se de uma história de época, a estreante "Bang Bang" não deve despertar grande identificação cultural na audiência. Porém, pelo que se lê sobre a trama e pelo que se viu no primeiro capítulo, o autor Mario Prata e o diretor Ricardo Waddington têm pelo menos duas cartas na manga para compensar as teóricas desvantagens: o visual cool e o humor.

Não se sabe o quanto de intencional existe na semelhança, mas "Bang Bang" tem fortes referências do descolado e cult "Kill Bill", díptico cinematográfico do diretor americano Quentin Tarantino.
Assim como o filme, a nova novela tem desenhos animados ilustrando flashbacks, lutas marciais, mestre oriental e a busca do herói por vingança. Para completar, a vinheta de apresentação da novela é uma animação bacana feita com bonequinhos do tipo playmobil.

No quesito comédia, há o próprio autor, que já mostrou suas armas e recheou o primeiro capítulo com piadinhas infames e trocadilhos de duplo sentido. Também foram escalados atores de tradição na área, como Evandro Mesquita, Marisa Orth e Ney Latorraca, e criados personagens curiosos, com bom potencial cômico.

Há uma dupla composta pelos donos de barbearia Zorroh e Tonto, estranha combinação do Zorro da Disney, adversário do Sargento Garcia, com o índio Tonto, amigo do outro Zorro (dono do cavalo Silver), que nos EUA se chama "Lone Ranger". Outra dupla é formada pelas "damas" Henaide e Denaide, que na verdade são os célebres pistoleiros Billy the Kid e Jesse James, disfarçados de mulheres para escapar da lei.

Outra atração de "Bang Bang" é a estréia, em novela, de gente com sucesso em outras áreas da TV, e pouca ou nenhuma experiência de atuação. Entre eles as ex-apresentadoras Fernanda Lima, que faz a protagonista Diana Bullock, Babi Xavier e os cantores e músicos Paulo Miklos, Sidney Magal e Luiz Melodia.

Como todo primeiro capítulo, o de "Bang Bang" teve muita cena externa e pouca conversa. Começou com um desenho animado, mostrando a chacina que explica a sede de vingança do protagonista masculino Ben Silver (Bruno Garcia). Outro grande tema foi a viagem de Silver de volta à cidade de Albuquerque, onde aconteceu a tragédia. Na diligência, ele conhece seu futuro par romântico, Diana, e eles derrotam juntos uma quadrilha de assaltantes. A façanha, naturalmente, desperta em ambos o interesse pelo outro.

O terceiro assunto importante foi a expectativa do duelo entre o veterano xerife John MacGold (Tarcísio Meira) e seu desafiante, o bandido Joe Wayne (Jece Valadão), que deve terminar em morte no capítulo desta terça (5).

Como se poderia esperar, a produção foi esmerada, com figurinos, cenários e ambientação dignos de norte-americanos. Porém, como também é tradição na TV Globo, as cenas de ação deixaram a desejar. Os bandidos parecem esperar pelos socos, que por sua vez são dados sem muita convicção e passam longe demais da cara da "vítima". Já nas cenas de perseguição e assalto à diligência, a velocidade dos envolvidos não parecia passar de 20 km/h.

Quanto aos atores estreantes, eles se comportaram ... bem, como estreantes. Paulo Miklos, na pele do bandido Kid Cadillac, parece tender à caricatura: fala em tom de voz forçado e usa expressões como "o velho e bom Joe Wayne" ou "acordaremos com cheiro de pólvora e dormiremos com cheiro de uísque". Já Fernanda Lima, em sua personagem destemida e durona, só usou a expressão facial nas posições "pensativa" e "brava", sem dar pista de aonde poderá chegar. Luiz Melodia só pode dar um sorriso, e Babi ainda não apareceu.

Via de regra, primeiros capítulos fornecem pouco mais que indícios, vagas noções do que aguarda o telespectador. Porém, como "Bang Bang"
pertence a uma faixa de horário marcada pela leveza e humor, e seu autor, retornando à TV depois de muitos anos, é dos bons autores brasileiros na categoria, a expectativa é, no geral, favorável. Ainda deve haver riquezas a extrair do Velho Oeste.

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