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05/08/2011 - 07h00

"Hoje há excesso de desgraça na TV. A Ana Maria Braga trocou o pudim pelo presunto", dispara Ratinho em entrevista

AMANDA SERRA
Da Redação

Conhecido por seu temperamento explosivo, Carlos Massa, 55, o apresentador Ratinho, revela seu lado mais tímido, família e o jeito caipira, durante entrevista ao UOL. Com 15 anos de carreira e sem nunca ter frequentado uma universidade, ele conta como alcançou a popularidade que tanta almejava e conquistou um patrimônio considerável.

Atualmente, ele é dono de oito emissoras de rádio, da rede filiada do SBT no Paraná (Rede Massa), tem 13 fazendas, uma área de 220 mil hectares no Acre, 10 mil cabeças de gado, dois aviões, negócios de café e soja e cinco mil funcionários.

Tendo apenas concluído o ensino médio, Ratinho afirma que sente falta de ter estudado. “Gostaria de ter feito geografia ou história. Seria um ótimo professor de história, adoro saber sobre as coisas, adoro ler biografias. Adoro os livros do Gabriel García Marquez.”

Com visão de mercado e público, Ratinho não quer mais apresentar programas policiais e diz que esse tipo de temática já está “batida.” “Hoje há excesso de desgraça na televisão. A Ana Maria Braga trocou o pudim pelo presunto”, dispara. Leia abaixo a entrevista completa com o apresentador.

UOL - Como você iniciou sua carreira na TV?
Ratinho - Eu comecei cedo na TV, ainda quando ela era preto e branco. Eu fui muito persistente. Fui para televisão, de fato, no programa “Cadeia”, exibido na rede CNT (Central Nacional de Televisão). Foi aí que comecei a ser profissional de televisão. Trabalhava como repórter policial. Sempre quis ir para TV.

UOL - Você teve uma infância pobre, porém sua ousadia fez com que você conquistasse o público. Como você avalia sua trajetória?
Ratinho - Eu sempre busquei ser popular de alguma forma. Na infância, eu era o menino mais popular da escola e na pré-adolescência era líder do colégio. Procurei a popularidade de todas as formas possíveis. Trabalhei no circo como palhaço, viajei por um ano com uma trupe de artistas mambembes, tentei ser cantor, mas desafinava demais, era horrível. Fiz essas coisas para tentar ser popular. Meus pais sempre me apoiaram, sempre acreditaram em mim. Meu pai diz que todo mundo tem que fazer o que gosta na vida. O ser humano só é feliz se faz o que gosta.

  • Rodrigo Paiva/UOL

    O humorista Eduardo Mascarenhas ao lado do seu fiel escudeiro, Xaropinho. Há 13 anos ele interpreta um dos personagens mais marcantes da televisão brasileira (2/8/11)

UOL - Você ficou fora do SBT durante um ano e oito meses, logo depois o Silvio Santos pediu para que você retornasse. Hoje você divide o lucro do programa. Como funciona essa parceria?
Ratinho - Minha parceria com o Silvio funciona da seguinte forma:  Se o programa fatura R$ 5 milhões, R$ 1 milhão é destinado para pagar as despesas da atração; R$ 2 milhões vão para o SBT e o restante para “Rede Massa”, minha empresa.

UOL - Como é sua relação com o Silvio Santos?
Ratinho - Ah, é a melhor possível. Faz um ano que a gente não se vê. É uma beleza [risos]. Falando sério agora, a gente se dá bem. Devo muito a ele.

UOL – Dividir o lucro com o SBT fez com que a pauta do seu programa mudasse?
Ratinho - Chegamos à conclusão de que programa que fala palavrão e exibe violência gratuita não tem patrocinadores, apesar da audiência. Optamos por uma temática alegre, sem apelação para termos mais anunciantes e a mesma audiência. Quando o Silvio me convidou para apresentar programa policial, eu automaticamente mudei o foco, sem falar nada com ele, pois já tinha muita gente na TV falando sobre desgraça. Tem notícia ruim desde as 6 horas. Eu não quero mais fazer isso. Foi uma decisão minha. Acostumei com o auditório, só quero ter programa com plateia agora.

UOL - Como surgiu a história do DNA na TV?
Ratinho - Fiz isso no programa porque um pai me procurou, aí deu ibope e resolvi continuar. Eu introduzi isso na TV, nem mesmo as novelas falavam sobre isso. O teste de DNA não termina no palco, nós damos toda assistência para família após o programa.

UOL - Por muito tempo você buscou altos índices de audiência. Você ainda é um cara ambicioso por alcançar esses índices?
Ratinho - Não. Quero ter uma boa audiência ainda por uns dez anos. Fazemos um arroz com feijão bem temperadinho para alcançarmos isso. Tento ser terceiro lugar no ibope, mas aí fico concorrendo com novela (exibidas na Rede Globo)... e aquelas novelinhas são boas né?

UOL - Por que você parou com o jornalismo policial?
Ratinho - Hoje existe excesso de desgraça na televisão. Quando eu comecei a apresentar programa policial só havia praticamente o meu programa. Agora, logo cedo a Ana Maria Braga já coloca desgraça na TV. Ela trocou o pudim pelo presunto. A população está cansada disso. E outra, o crime no Brasil se organizou. Hoje, se eles quiseram matar eles matam. Eu quero viver para minha família. Não existe essa de valentão, de não morrer. Morre sim e como eu não sou valentão... Assisto ao programa do Datena, gosto dele como pessoa, apesar do mau humor [risos]. Teve uma época que os jornais começaram a criar “encrenquinha” entre a gente, aí ele me ligava e dizia: “hoje eu vou meter o pau em você”. A gente combinava tudo. Somos muito amigos.

VEJA FRASES DO APRESENTADOR RATINHO

"Adoro os livros do Gabriel García Marquez. Gosto da forma como ele conduz as histórias, o enredo." "O Xaropinho surgiu para falar mal dos outros. Combinava com o Edu quando queria meter o pau nos políticos." "Eu procurei a popularidade de todas as formas possíveis. Eu gosto de ser popular. Adoro tirar fotos."

UOL - O início da sua carreira foi como repórter policial. Alguma vez você foi ameaçado de morte?
Ratinho - Ameaça séria não. Tem uns “imbecis” que ligam no seu telefone, mas ameaça séria eu nunca recebi.

UOL - Você se arrependeu de entrevistar o Guilherme de Pádua?
Ratinho - Eu não me arrependi de fazer a entrevista, mas sim de entrevistar ele. Ele me enganou. Disse que tinha um segredo para contar e usou meu programa para se promover. Logo depois, a Globo e a revista “Veja” o entrevistaram e ninguém falou nada. Por que a Glória Perez e os “merdinhas” dos atores da Globo não criticaram esses veículos também? Tentei falar com a Glória depois, mas ela não quis conversar. Não fiz a entrevista para ofendê-la, era apenas um programa de TV. O Guilherme de Pádua é um bandido e o tratei assim.

Essa coisa de escolher religião é uma bobagem do ser humano, Deus é um só

diz o apresentador Ratinho.

UOL - Você tem três filhos homens. Nunca teve vontade de ter uma menina? Você acha que sua postura seria outra?
Ratinho - Não. Eu sou um cara calmo, tenho quatro netas, uma nem veio ainda, mas já estou contando. Fui um paizão e estou sendo um avozão. É uma delícia ser avô.

UOL – Como é sua relação com seus filhos?
Ratinho - É a melhor possível, eu apoio eles em tudo. Em todos os meus momentos eu estou com eles. O Rafael, 26 anos, sempre foi mais apegado a mim, apesar de eu achar que ele faz isso para ganhar alguma coisa, pois sempre que ele me abraça é para pedir dinheiro. Os três (Carlos Roberto, Gabriel e Rafael) sempre dormiram comigo. Minha cama deve ter uns dez metros. O Rafa dormia ao meu lado e o Gabriel do lado da Solange [mulher]. Isso durou até a adolescência deles. O mais velho (Carlos Roberto) tem 29 anos e uma cabeça de 40, ele é muito maduro. Resolveu virar político vendo o “idiota” do pai [risos].

UOL - Com 20 anos você foi eleito vereador. Como você resolveu entrar para política?
Ratinho - Eu era muito popular na cidade e a população me escolheu. Eu nem sabia o que era ser vereador. As pessoas me escolheram porque eu sempre fui muito assistencialista, ajudava todo mundo e ainda ajudo. Faço doações para hospitais, clínicas, mas faço questão de não revelar minha identidade. Não gosto de demagogia. Sobrou dinheiro, estão precisando eu ajudo.

UOL – Por que você abandonou o cargo de deputado federal?
Ratinho - Fui para Curitiba, tive dois mandatos, mas foi a pior coisa que fiz. Perdi tudo o que tinha, vendi tudo para investir em obras assistenciais, em política. Quando vi, estava só com a minha casa, que era financiada, e eu não podia vender.

  • Rodrigo Paiva/UOL

    "Quem paga a campanha política do meu filho sou eu, ninguém banca nada. Ele não tem patrocinador, tem 'paitrocinador'", conta Ratinho (5/8/11)

UOL - Qual a visão que você tem do cenário político brasileiro atual?
Ratinho - O governo da Dilma é muito inteligente e está tentando fazer as coisas direito, mas o Brasil tem um grande problema com partidos políticos. Tem muito ladrão atrapalhando a presidência. A população está à mercê de quadrilhas. Por exemplo: O PR (Partido da República) é uma quadrilha dentro do Ministério dos Transportes, o PMDM no Ministério da Agricultura. Quantas quadrilhas estão instaladas no Brasil e o povo não sabe? Em quantos ministérios eles estão? Por que pagamos tantos impostos e não temos nada em troca? Estão investido R$ 400 milhões na construção do estádio do Corinthians, sendo que não temos esse dinheiro. Por que não investem em clínicas de reabilitação, hospitais? Por que uma rodovia no Brasil custa muito mais caro que em qualquer outro país? Por que nos preocupamos com trem bala se não conseguimos consertar o trânsito de São Paulo? Por que não investem em transporte público? As pessoas vivem como sardinhas. Se eu fosse presidente faria tudo isso. Quem paga a campanha política do meu filho sou eu, ninguém banca nada. Ele não tem patrocinador, tem “paitrocinador”.

UOL – Quem é seu maior parceiro (a)?
Ratinho - A Solange sempre foi minha parceira, além de ser a pessoa que mais me critica. Estamos juntos há 34 anos. Ela, inclusive, me convenceu a não apresentar mais programas policiais. Ela não suporta palavrões e quando eu fico com muita “frescura” com a mulherada ela acha ruim. Minha mulher é muito ciumenta.

UOL - Como é o Ratinho nas horas livres?
Ratinho - Gosto de pescar, ficar na fazenda. Adoro assistir “Two And a Half Men”, gosto das piadas curtas, durmo assistindo isso. Sou apaixonado por forró. Antigamente era muito bom de dança. Apesar de não ser muito fã de leitura, adoro os livros do Gabriel García Marquez -- “Cem anos de Solidão”', “Memórias de Minhas Putas Tristes”. Gosto da forma como ele conduz as histórias, a facilidade que ele tem em criar enredo. Gosto também do João Ubaldo Ribeiro. Eu gosto de assistir às novelas de época como: “As Pupilas do Senhor Reitor”, “Chocolate com Pimenta” e “Cravo e a Rosa”. Atualmente estou acompanhando “Cordel Encantando”, que é uma mistura de nada com coisa nenhuma.

UOL - Você é um homem religioso?
Ratinho - Não, mas eu sou um camarada que frequenta igreja. Vou à Igreja Católica e também frequento a Igreja Assembleia de Deus. Eu me sinto muito bem nas duas. Essa coisa de escolher religião é uma bobagem do ser humano, Deus é um só. Uma vez o pastor da Assembleia de Deus pediu para eu deixar de ser católico. Perguntei a ele o motivo e o questionei se existia mais de um Deus. Ele afirmou que não, e eu respondi: “Se é o mesmo Deus, então eu vou aonde me sinto bem, independente de religião.”

  • Rodrigo Paiva/UOL

    "Não sou um bom administrador, sou desorganizado. Tenho uma visão além, o que me ajuda a ganhar dinheiro", diz Ratinho (5/8/11)

UOL - Além de apresentador, você também é agropecuarista e empresário. Tem negócios de café, cana, soja, e é dono do SBT do Paraná, além de ter algumas emissoras de rádio. Como você administra sua fortuna?
Ratinho – Em 1994 quando comecei a apresentar o programa “Cadeia”, eu queria ter patrocínio, mas não estava conseguindo, pois os patrocinadores queriam patrocinar somente o antigo apresentador, Luiz Carlos Alborghetti. Aí resolvi criar um produto e comercializá-lo no programa por meio de um televendas. Iniciei vendendo lotes de terra e ganhei muito dinheiro. Pensei: “Melhor eu vender um produto meu, ganhando dez vezes mais, do que ficar vendendo patrocínio.” Fui criando produtos e vendendo, como Café no Bule, Xocopinho, In Natura, ração Foster, entre outros. Fui fazendo parcerias e vendendo produtos meus. Logo depois, a rede CNT começou a transmitir o programa “Cadeia” em São Paulo, das 18h às 18h30, que chegava a bater sete pontos no ibope. A partir daí eu comecei a incomodar. No mesmo dia em que a Record me convidou para ir trabalhar na emissora, eu recebi um convite da Globo para apresentar um  jornal estadual, da Bandeirantes, da Manchete e do SBT. E a CNT também queria renovar o contrato comigo na época. Vim para São Paulo, primeiramente procurei o SBT, mas eles não queriam que eu vendesse meu produto em rede nacional, aí eu preferi ir para Band, porém a direção não assinou o meu contrato. Logo depois o Eduardo Lafon [então diretor de programação da Record] me chamou para ir para Record. Em 1998, quando o Silvio Santos me tirou da Record ele dobrou meu salário. Aí, com o meu salário e com o dinheiro que eu recebia com a venda de produtos, fui comprando terras, pois não sabia lidar com o dinheiro. Foi aí que meu patrimônio cresceu. Percebi que de fato meu negócio era Comunicação e fui investindo em rádio e TV. Hoje tenho oito emissoras de rádio, comprei o SBT do Paraná (atual Rede Massa), tenho negócios de café, soja e gado. Sou um bom vendedor, vendo bem. Todos os meus patrocinadores ficam comigo mais de um mês. Direta e indiretamente eu tenho uma equipe com cinco mil funcionários para administrar meus negócios.

UOL - O que você pretende fazer com sua propriedade no Acre?
Ratinho - Recebi uma proposta de uma madeireira para comprar minha propriedade, mas descobri que eles queriam desmatar e não vendi. Foi aí que começaram a dizer que eu estava desmatando o local. As pessoas são muito maldosas! Isso foi maldade do próprio governo. Eu não conheço a área e nunca tirei uma árvore de lá, mesmo com autorização. Fiquei dez anos regularizando a terra, dei a parte dos índios para eles e regulamentei a população ribeirinha. Minha propriedade é a única no norte do país documentada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Eu pretendo vender a área para alguém que não queira desmatar o local. Também estou aberto a negociações caso alguém queira investir em sustentabilidade. Já recebi mais de dez propostas de grandes madeireiras, mas todas pretendiam desmatar irregularmente e eu não fechei negócio. Ninguém fala que eu tenho uma fazenda em Apucarana, no Paraná, com 50% de mata virgem, da qual cuido e não deixo ninguém desmatar.

Adoro “Two And a Half Men”, gosto das piadas curtas, durmo assistindo isso

conta o apresentador Ratinho

UOL- Quem é seu ídolo na TV?
Ratinho – O Silvio Santos. Ele pega um papel em branco e consegue transformar em audiência. Isso é fantástico. Tem um detalhe no Silvio, uma característica comum com o cantor Roberto Carlos: Todos entendem tudo o que eles falam. Isso é fundamental para um apresentador, um comunicador, um cantor. O Silvio me inspirou. Desde menino eu assisto aos programas dele e lamento o fim do “Show de Calouros” (1981). Acredito que cabe um programa desse na televisão ainda hoje.

UOL - O SBT vai comemorar 30 anos esse ano. Você mudaria algo na emissora?
Ratinho – Mudaria, mudaria muita coisa. Minha cabeça é diferente. Se eu fosse o programador, tiraria o “Jornal do SBT” e colocaria um telejornal de cinco em cinco minutos, sendo exibido de hora em hora, a partir das 16 horas. E no lugar colocaria uma novela, em seguida o “Programa do Ratinho” [claro vou tirar eu fora? Não sou besta. Risos], e em seguida uma atração boa. O Silvio [Santos] tem que tirar uma hora do programa da Eliana, do Celso Portiolli e dá para o Ratinho [risos].

  • Rodrigo Paiva/UOL

    "A gente tem que persistir sempre. Talvez a palavra persistência seja a mais importante do dicionário", afirma Ratinho (5/8/11)

UOL - Quais as novas apostas do SBT?
Ratinho - Acho que a Patrícia Abravanel é uma aposta. O André Vasco, apresentador do programa “Qual é o seu talento?”, também. Ela [Patrícia] nunca tinha feito televisão antes e está se saindo muito bem. Estou louco para Hebe voltar para o SBT, ela é a cara da emissora e está deslocada na RedeTV!. Se eu fosse a Hebe faria um talk-show de meia hora, para ser exibido à meia-noite. Ela é melhor que o Jô Soares.

UOL - Você mudaria de emissora?
Ratinho - Não. Não tenho vontade de passar pela Globo, por exemplo. Claro, sou profissional, óbvio que se recebesse uma proposta boa de qualquer emissora iria. Quando o Silvio quis me tirar do ar ele tirou. Mas hoje eu tenho dificuldade de sair do SBT. Primeiro porque eu gosto da emissora, segundo porque eu devo muito ao Silvio e terceiro porque sendo filiado ao SBT no Paraná fica ruim para trabalhar em outro veículo de comunicação. Então, tenho que esperar ser mandado embora SBT, mas eu não vou pedir emprego em lugar nenhum.

UOL - Você tem uma casa em Miami, pretende morar fora do país?
Ratinho - Não. Primeiro porque não sei falar inglês. Só sei falar português e “caipirês”. Sinto-me inseguro fora do Brasil. Não gosto nem de viajar.

UOL - Você gosta de ser famoso?
Ratinho - Eu gosto de ser popular. Hoje todo mundo já me conhece. Adoro tirar foto.

UOL - Você já conquistou tanta coisa. Ainda tem um sonho?
Ratinho -
Não, não tenho. Ah, tenho sim. Quero ter um programa aos domingos e trabalhar uma vez por semana.

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