Geração YouTube

Com programas na web, artistas buscam liberdade e alternativa à TV

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/Montagem UOL

    Junior Lima, Penélope Nova, Suzy Rêgo e Maria Cândida têm programas na web

    Junior Lima, Penélope Nova, Suzy Rêgo e Maria Cândida têm programas na web

Há anos, vídeos produzidos para a internet lançam anônimos ao estrelato – e à riqueza. Na lista de personalidades que começaram sua fama na web estão nomes como o da atriz Kéfera Buchnam, o gamer sueco Felix Kjellberg e os humoristas do Porta dos Fundos. Agora, artistas e jornalistas já conhecidos do público fazem o caminho inverso, garantindo sua presença na web em busca de mais liberdade e alcance do que nos canais de televisão.

O músico Junior Lima estreou no fim de abril como apresentador do Vevo Sessions, programa quinzenal no qual recebe vários cantores e bandas, e está empolgado com o novo meio: "Acho que a internet esta cada vez mais forte, ainda é um território bastante inexplorado, com muita coisa a ser descoberta, acho que tem tudo a ver comigo também, é um lugar  muito democrático, onde as pessoas todas podem se colocar, e enfim, ao mesmo tempo supercontemporâneo".

A liberdade de formato permitida pela internet é um ponto positivo para o cantor. "A gente tem bastante liberdade, não tem que ficar chamando pra comercial, é um programa direto. Tem bastante espaço pra música. E como é um território meu, é praticamente minha casa, eu tenho ficado muito à vontade para interagir com os artistas, pra fazer um som junto, a ideia é que fiquemos muito a vontade mesmo durante o programa e  que a gente possa falar de tudo, centralizando na música".

Reprodução
Penélope Nova entrevista Thammy Miranda no "P & Ponto"

A ex-VJ da MTV Penélope Nova também quis tirar proveito da liberdade da web quando resolveu montar o "P&Ponto", canal no YouTube no qual fala de sexo e relacionamentos – aos moldes do "Ponto P", que apresentou na emissora de 2004 a 2007. "O legal da internet é isso: o programa não precisa ter um formato. Qualquer ideia que a gente ache legal e válida, a gente vai lá e faz. Em parte, é um programa, e é óbvio que existe uma expectativa de audiência, mas é muito libertário você poder fazer o que você acha legal e descobrir como as pessoas também acham legal. Muito melhor do se enquadrar em fórmulas e pressupostos de que 'isso' funciona ou 'aquilo' dá resultado". O canal já tem mais de 8 mil assinantes e mais de 136 mil visualizações.

Novo público e novos formatos

Também no site de vídeos, a jornalista Maria Cândida lançou o programa iMãe, no qual discute temas relacionados ao comportamento das crianças ao lado de Suzy Rêgo, Vanessa Jackson, Solange Frazão e Mônica Carvalho. A ideia de lançar o programa na web veio do desejo de atingir as mães que usam blogs e grupos de redes sociais para compartilhar informações, de médicos a brincadeiras para festas infantis. "Vendo que as mães estão ligadas na tecnologia, pensei esse tinha que ser um programa para a internet mesmo. Vamos conversar com essas mulheres que estão aí acessando. Por isso que chama iMãe. Vem do iPhone, tem a ver com a mãe conectada", contou a jornalista. Até agora, o canal já teve mais de 20 mil visualizações.

Para Maria Cândida, que já teve passagens por emissoras como Globo, Record e RedeTV, a internet é uma boa oportunidade para quem está fora da TV. "As TVs estão enxugando cada vez. Enxugando pessoas, programas, tudo. Por causa da situação do país, não tem tanto patrocínio para formatar programas novos. Então você vai diminuindo, contrata pessoas cada vez mais novas, os salários estão cada vez mais baixos. Existe esse movimento de enxugamento. Já na internet existe esse movimento de total expansão, tanto que as TVs tem conteúdos lá".

A falta de disposição para testar novos formatos e programas também é um ponto criticado por Penélope Nova – e que na visão dela atinge tanto a TV aberta quanto a fechada, que em tese deveria ter uma programação mais diversa. "A TV a cabo no Brasil surgiu com essa possibilidade, mas hoje ela sofre com essa síndrome de 'quero ser TV aberta', eu não entendo. Ela reproduz o pensamento da TV aberta, ela busca o número. O princípio dela é a segmentação, mas você não e essa diversidade, essa pluralidade. Por isso, salve a internet".

Retorno financeiro

Divulgação
Suzy Rêgo, Maria Cândida, Solange Frazão, Mônica Carvalho e Vanessa Jackson lançaram o programa iMãe

Os programas feitos para as mídias digitais também podem trazer compensações financeiras para os famosos que entram na plataforma. O YouTube dá aos seus usuários a possibilidade de monetizar o conteúdo, com ganhos gerados de acordo com as visualizações dos vídeos e, consequentemente, da publicidade exibida neles.

 O Google, dono da plataforma, não revela quanto paga aos usuários. O jornal "New York Times" publicou que o custo de publicidade em vídeo em 2013 era, em média, de US$ 7,60 a cada mil visualizações - segundo dados da TubeMogul, empresa especializada na compra de anúncios em vídeos. Mas ainda de acordo com o jornal, o YouTube fica com 45% do valor. Dessa forma, os criadores de conteúdo ganhariam, ainda em média, US$ 4,18 a cada mil visualizações.  

Um alto número de visualizações, além de ser monetizável, também atrai anunciantes diretos e patrocinadores, outra fonte de renda para quem trabalha com conteúdo na web.  E esse é um dos caminhos buscado por Maria Cândida e suas colegas do iMãe. Já com duas empresas grandes interessadas no canal, elas têm promovido ações com blogueiras de maternidade para divulgá-lo e torna-lo mais visível nas redes sociais.

"Acho que pelo menos seis meses são suficientes para a gente se estabelecer e as pessoas conhecerem. Estamos convidando blogueiras dessa área para participarem, não sendo filmadas, mas assistindo programas: A gente tira dúvidas, troca ideias... A gente acha extremamente importante estar nessa área de web e cativando pessoas que fazem web. Não são nossas concorrentes, são agregadoras. Se elas divulgam a gente, a gente as divulga, a gente faz essa extensão".

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