Ah, continuou aqui? Que bom! Então vamos hoje analisar de uma forma superficial e com uma leitura de viés "psicológico" o mapa astral da TV Globo, que neste domingo completou 50 anos – maior emissora do Brasil e uma das maiores do mundo.

 

A TV Globo nasceu com um mapa astral muito favorável a uma emissora de TV – ou seja, a um veículo destinado a transmitir informação, imagens, som e, principalmente, emoções. 

 

A Globo nasceu com o Sol (ou seu signo) muito bem aspectado em Touro. Seu ascendente é Câncer e sua Lua está em Peixes.

 

É uma combinação quase inacreditável, como se Roberto Marinho tivesse esperado o dia, mês, ano e hora (às 11h) mais favoráveis em toda a década de 60 para inaugurar uma emissora de TV.

 

Para efeitos de comparação, seria como se o proprietário de uma empresa de software esperasse para inaugurar sua firma no signo de Gêmeos; ou uma rádio musical ir ao ar apenas quando o Sol entrasse em Câncer; ou ainda se uma construtora aguardasse a chegada de dezembro para se lançar ao mercado como mestre de obras capricorniana.

 

A questão é que também o ascendente e a Lua da Globo estão posicionados nos melhores locais possíveis para uma TV aberta. 

 

 

O SOL

Primeiro, o Sol: está em Touro, o resistente, o resiliente. É um signo fixo, empreendedor e competitivo. Apesar de ser regido pelo supostamente meigo Vênus, não tem medo de qualquer concorrente, é um defensor territorialista e sua palavra chave é "realização".

 

De todas as TVs brasileiras, apenas a Band é taurina como a Globo (embora com ascendente ruim para uma TV, Áries; veja mais abaixo).

 

A Record nasceu em 1953 sob a simbólica indecisão de Libra. O SBT está sob a égide do generoso, porém intempestivo Leão, ainda por cima nascido no "atravancado" ano de 1981. A RedeTV!, por sua vez, nasceu sob o complicado Escorpião.

 

O ASCENDENTE

Já a Globo, além do ótimo Touro natal, tem como ascendente Câncer. Isso significa um "indivíduo" (ou evento/empresa/instituição etc.) capaz de parar e fazer uma introspecção quando chega aos seus piores momentos.

 

Só que suas decisões serão voltadas sempre para suas convicções. Ela não segue os outros de jeito nenhum. 

 

Curiosamente, Câncer é também o signo mais "família" do zodíaco, e portanto um ascendente posicionado aí mostraria que os laços sanguíneos não serão jamais desfeitos da personalidade desse "indivíduo". 

 

Ele nunca será um pária, ou fará que seus irmãos ou parentes o sejam. Nada disso. O trabalho em grupo (familiar) é uma característica profunda. Lealdade seria aqui outra palavra-chave.

 

Quem tem ascendente em Câncer, como a Globo, também tem vínculo inquebrantável com seu passado. Não é daquelas "pessoas", digamos, que decide do dia para a noite dar uma guinada de 180 graus na vida, chutando tudo que já havia sido feito antes, todos que estavam a seu lado até aquele momento e recomeçasse tudo do zero.

 

É o caso da ário-ascendente Band, por exemplo, que já foi o canal da criança, o canal da família, o canal do auditório, o canal do esporte e hoje é o canal do imprevisível. Como muitos que têm Áries no ascendente.

 

Por sua vez, no caso da Globo, cancerianos (solares ou ascendentes) são controladores, centralizadores, às vezes rancorosos e podem fazer bico enorme se alguém duvidar que são os donos da verdade, e que todas as suas decisões são sempre acertadas (uma característica de Touro também!).

 

Pode-se aqui especular que o famoso "padrão Globo de qualidade", por exemplo, talvez seja o maior exemplo de inspiração desse aquoso ascendente. Porque Câncer adora padrões, constância, e odeia decisões e chacoalhões inesperados. Quer irritar um canceriano? Dê um susto ou pregue peças nele.

 

Claro, todas essas também podem ser características positivas ou negativas de outros signos, dependendo dos aspectos de nascimento ou do que corre no momento.

 

O problema é que, no caso da Globo, isso tem um grande fundo de verdade histórico: ela sempre tomou, sim, as melhores decisões; sempre foi a desbravadora de caminhos em sua área e quase sempre (ora, bolas!) estava certa. Tanto que virou a líder.

 

A LUA

Para coroar o ótimo nascimento solar e ascendente, a Globo também tem sua Lua natal estacionada no signo de Peixes. Trata-se de um dos poucos  abençoados do zodíaco (antes que algum leitor já comece a fazer muxoxo desconfiado, já aviso que o autor deste texto é de Áries e nem se dá muito bem com piscianos).

 

Uma Lua em Peixes dota o "indivíduo" de uma linha direta com as emoções mais primordiais, uma sensibilidade absolutamente incomum, inclusive com alguma fonte ligada ao chamado "inconsciente coletivo". Tal poder às vezes beira a paranormalidade.

 

Para não ficar apenas no oba-oba, vale dizer que, embora bem nascida, a Lua da Globo não está sob bons aspectos (como qualquer astrólogo amador poderá ver facilmente pelo mapa incluído nesta matéria). Ou seja, ela não se dá bem com a vizinhança do bairro.

 

A Lua global sofre uma grande tensão de outros poderosos planetas exteriores, como Urano e Plutão, e também do briguento Marte. Também não parece ter nascido com um grande apreço por seu imenso, rabugento e poderosíssimo vizinho geminado, o planeta Saturno – uma espécie de professor severo do zodíaco. 

 

Se fôssemos analisar a Globo como uma pessoa física, diríamos que parece ser alguém que aplica muita punição a si mesmo (funcionários). Não parece haver paciência alguma com erros e tampouco com funcionários com dificuldade de adaptação ao GRANDE PLANO DE PADRONIZAÇÃO, amado pelo ascendente Câncer.

 

Esses maus aspectos na Lua simbolizam (também) uma personalidade irascível, oportunista, aproveitadora, até interesseira. Essas não são regras, tampouco exceções. Digamos que sejam características latentes, que volta e meia rondam o "indivíduo".

 

Como veem, de fato a Globo é imensa, poderosa, líder, mas nem tudo são flores em seu mapa astral. 

 

Urano, Netuno e Plutão retrógrados
Como boa parte das pessoas que nasceu nos turbulentos anos 60, ela surgiu para o mundo com os exteriores Urano, Netuno e Plutão retrógrados.

 

Quase todo mundo tem um ou outro planetinha retrógrado. Claro, tem gente que nasce "limpo" também. Mas isso é uma dádiva.

 

Fazendo um paralelo, o planeta retrógrado é, grosso modo, como um pedaço do piso da sala que está mal acabado, e que você tropeça nele todo santo dia. Xinga, às vezes até quebra o dedo, diz a si mesmo que vai tomar cuidado. E tropeça de novo no dia seguinte. E assim, para tooooodo o sempre. Lamento. Um planeta retrógrado é para sempre.

 

Pois bem, além dos maus aspectos já citados anteriormente em sua Lua, essa série sequencial de planetas retrógrados no mapa da Globo, de acordo com seu simbolismo, mostra um "indivíduo" propenso a excessos. Drogas, excesso de importância ao sexo, exibicionismo, arrogância, ostentação, o gosto excessivo pelo poder – não só o próprio, mas também o alheio. Aqui temos de volta a característica da "pessoa" interesseira, que não mede consequências para se dar bem na vida.

 

Se a criatividade, a inovação e o pioneirismo estão mais que registrados, o apoio ao regime militar, o desprezo às Diretas Já, o maniqueísmo do debate Lula x Collor, todos esses fatos consumados parecem também estar retratados no mapa astral da Globo, especificamente nesses pontos citados no parágrafo anterior.

 

No caso de Netuno, porém, o misterioso signo (drogas, álcool) está sob ótimo aspecto, o que mostra uma capacidade de interromper as próprias quedas, os erros (as recaídas) e recomeçar com mais força.

 

Há muitos outros aspectos no mapa astral da Globo, e seria possível passar até dias fazendo análises ou especulando sobre suas características. Isso porque nem tocamos em análises de progressões solares, de alinhamentos, aspectos secundários os "neosignos" etc.

 

De qualquer forma, qualquer astrólogo diante do mapa do "indivíduo" Globo diria para ele não se preocupar muito, pois, além do seu próprio mapa ser excelente, o da concorrência já começou mal. 

 

Do ponto de vista astrológico, é provável que a Globo continue sendo a toda-poderosa da mídia brasileira não só pelos próximos 50 anos, mas para sempre.

 

Há chance disso não ocorrer? Claro. Basta que surja em campo um novo concorrente internacional, ou que o próprio campo mude de grama. 

 

Suponhamos que, se dentro de alguns anos ou décadas, por exemplo, o público brasileiro migrar quase que integralmente para a TV paga (como nos EUA), nesse caso haveria elementos para uma mudança nessa dança do poder. Isso porque poderia aparecer um novo protagonista internacional, tão rico e poderoso como a Globo.

 

Por outro lado, se a TV aberta continuar a ser como é hoje, e se a migração para a TV paga continuar em passo de tartaruga, o império da taurina Globo está garantido. E forte como nunca.

 

*Ricardo Feltrin, colunista do UOL, é estudante amador de astrologia há 35 anos