Por conta de beijo lésbico, parlamentares fazem campanha contra "Babilônia"
Do UOL, em São PauloO senador Magno Malta (PR – ES) e o deputado federal João Campos (PSDB-GO) emitiram uma nota oficial de repúdio ao beijo lésbico protagonizado pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg na novela "Babilônia", da Rede Globo.
Os parlamentares, que fazem parte da Frente Evangélica, afirmaram que o folhetim é uma afronta à família brasileira. "Apologia ao mal. Produzida para destruir famílias. Compartilhe, não dê espaço para esta ameaça com cara de diversão. Não assista", escreveu Magno em sua página do Facebook.
No Twitter, o pastor Silas Malafaia também criticou a Globo por conta dos relacionamentos homoafetivos nas novelas -- relembrando os casais gays de "Império" e "Amor à Vida". "A novela 'Babilônia' representa muito bem o que a Globo tem sido: a casa da imoralidade. Um final de carreira ridículo para duas das maiores estrelas da dramaturgia brasileira".
Magno também publicou uma foto pedindo o boicote. No post, que tem cerca de 9.394 mil até o momento, internautas divergem quanto à campanha.
"Isso é ridículo. Como pode um representante do povo pensar assim.. Enquanto isso políticos roubando e acabando com nosso país. Isso sim e destruir com famílias. Não uma novela que trata da realidade das famílias e quebra o preconceito", escreveu um deles. "Isso é um verdadeiro lixo dentro de casa. Valores da família não pode ser destruídos por essa inversão de princípios e valores. Audiência zero e ponto final", dizia outro.
Em dezembro de 2014, o Ministério da Justiça publicou uma nota em sua página oficial no Facebook explicando que -- para a classificação indicativa de programas de televisão, filmes e outras obras culturais -- não há diferenciação entre cenas que mostrem beijos de pessoas do mesmo sexo e de sexos diferentes.
"O beijo é Livre (ainda bem, né?). Para a Classificação Indicativa do MJ, é indiferente se o beijo é entre pessoas do mesmo sexo ou não. A nudez não erótica também pode ser considerada Livre", diz o post no perfil da organização governamental.
O deputado federal (PSOL – RJ), Jean Wyllys questionou a posição dos colegas de trabalho e lembrou que eles são acusados de corrupção, e estão sendo investigados.
"O enorme sucesso da telenovela Babilônia provocou a ira de dois líderes fundamentalistas cristãos do Congresso Nacional - deputado federal João Campos e senador Magno Malta - que emitiram deploráveis notas de repúdio à novela e conclamaram seus rebanhos a boicotá-la. Ora, quem é que fala em nome da 'família brasileira'! O deputado João Campos, cuja campanha eleitoral foi financiada pela indústria armamentista e está acusado de embolsar o salário de funcionários do gabinete. E Magno Malta, indiciado na operação 'Sanguessuga' da Polícia Federal que investigou um esquema de corrupção batizado de 'máfia das ambulâncias'."
"Quando eles tentam ressignificar 'a moralidade' como se fosse uma questão relativa à sexualidade humana é porque não têm outra moralidade da qual possam falar, não é? São cínicos e oportunistas (afinal, polarizar com o produto campeão de audiência rende algum holofote a essas mariposas escuras e assustadoras em sua ignorância e/ou má fé)", completou Jean.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Globo informou que não comentaria o assunto.