Após tiros, jornalista da Globo revela medo e tensão em cobertura na França

Do UOL, em São Paulo
Reprodução/TV Globo
Após tiros, jornalista da Globo descreve tensão em cobertura na França

A jornalista Cecília Malan, correspondente da Globo na Europa, revelou tensão e nervosismo durante a cobertura ao vivo na tarde desta sexta-feira (9) sobre caçada aos terroristas, que provocaram a morte de doze pessoas na sede da revista "Charlie Habdo". Cecília estava a 300 metros do mercado de comida judaica, onde um suspeito mantinha seis pessoas reféns. Ela gaguejou e interrompeu a fala por diversas vezes a cada movimentação mais intensa dos policiais.

Minutos depois, após barulhos de explosões, a jornalista e outros colegas foram retirados às pressas por policiais franceses, que temiam a sua segurança. Ao lado do cinegrafista, a repórter correu  e se abrigou em um prédio comercial.

"A gente estava se preparando para entrar ao vivo, quando ouvimos quatro tiros. Os policiais gritaram e pediram para sairmos imediatamente. O problema é que não conhecemos muito bem a região", informou, ofegante, a jornalista por telefone. "Até os equipamentos ficaram para trás", acrescentou em seguida.

"Eu, que nunca havia escutado [som de] tiros, ouvi [agora] em choque", admitiu a jornalista, ainda nervosa com o ocorrido.

A sede da revista parisiense "Charlie Habdo" foi atacada por dois homens na quarta-feira. O ataque deixou 12 mortos, 11 feridos, quatro deles em estado grave. O jornalista, caricaturista e diretor da revista "Charlie Hebdo", Charb (Stéphane Charbonnier), e outros quatro chargistas do semanário satírico francês, Cabu (Jean Cabut), Tignous (Bernard Verlhac), Wolinski (Georgers Wolinski) e Honoré (Philippe Honoré) estão entre os mortos.

Com uma linha ousada e irreverente, a "Charlie Hebdo" começou a ser publicada em 1970. Ao longo de sua história, choveram julgamentos por difamação. Os processos da igreja, de empresários, ministros ou famosos que eram alvo permanente de suas sátiras acabaram derrubando a revista em 1981. A "Charlie Hebdo" voltou a ser publicada onze anos depois, em 1992.

A revista era alvo constante de ameaças desde que publicou em 2006 uma série de charges de Maomé, inicialmente divulgadas pela revista dinamarquesa Jyllands-Posten, que indignaram o mundo islâmico.