"Tá no Ar", da Globo, pretende "bater em quem merece" na segunda temporada

Silvana Arantes
Do UOL, em São Paulo
Divulgação/Globo
Marcius Melhem, um dos criadores do "Tá no Ar", humorístico que estreou este ano

"Com tanta coisa importante para a gente bater, temos que bater em quem merece", diz Marcius Melhem, um dos idealizadores e dos protagonistas do humorístico "Tá no Ar" (Globo), cuja segunda temporada estreia em 29 de janeiro de 2015.

Melhem afirma que "a primeira missão" do programa estrelado por Marcelo Adnet "é divertir". Já "a segunda missão, que é gol de placa, é você colocar uma crítica por dentro da diversão. E a terceira é você colocar a crítica certa". Ele exemplifica o que seria uma "crítica certa": "A cura gay pode ser um tema? Pode, se a gente estiver zoando quem acredita na cura gay, e não o gay, porque isso seria preconceituoso, antigo."

O aval dado pela Globo ao caráter "zoador" do programa foi mais longe do que a própria equipe esperava. "Quando liam o roteiro, os atores brincavam: 'Pô, se isso fosse ao ar ia ser tão legal´", conta Melhem. "Eu falava: vocês não estão acreditando, mas vai para o ar."

Se a autonomia para criar é grande, a cobrança por resultados também é intensa. "Estar na TV líder de audiência é uma pressão. Porque, quando você está na [emissora] líder, você só pode piorar. Não tem o que superar. O teu trabalho é manter o que tinha. É complicado. Sem querer desmerecer os colegas que estão em outras emissoras, mas é outra briga. É uma 'responsa'", afirma Melhem.

Apesar do peso da "responsa", o ator, que é originalmente de teatro, acabou se apaixonando pela TV. "É um canhão. Você fala para 30 milhões de pessoas de uma vez só. Se somar tudo o que eu já tive de público no teatro até hoje, não dá o que eu tenho num minuto de televisão. Não se pode desprezar o poder desse veículo."

Passagens pelo "Zorra Total", "Casos e Acasos" e "Os Caras de Pau" fizeram de Melhem um cara conhecido do grande público, mas nem por isso ele tem sua vida exposta. "Meu grande assunto na análise é como lidar com isso [a fama]. Procuro levar uma vida o mais normal possível. Tento não me encastelar. Tento não acreditar nesse lugar [a fama], que é falso. Porque, quando você faz questão de estar lá nesse lugar, você começa a se mudar e a fazer coisas em que não acredita para estar nesse lugar. E aí é muito ruim. Você deixa de fazer o que acredita, para fazer o que esperam de você. E fica alimentando uma persona que não é você. Você nunca vai me ver em nenhum castelo de nenhuma revista."