Cacau Protásio e Gorete Milagres vivem novas domésticas em "Trair e Coçar"
Giselle de AlmeidaDo UOL, no Rio
Em cena, Cacau Protásio e Gorete Milagres limpam, arrumam, cozinham e se metem na vida dos patrões. Ficou com a sensação de já ter visto esse programa? É que a impagável Zezé, de "Avenida Brasil", e a debochada Filomena, do bordão "Ô, coitado!", papéis que catapultaram as carreiras das duas atrizes, fazem parte do time de domésticas da TV, assim como a Olímpia e a Zilda, da série "Trair e Coçar", exibida pelo Multishow. Mas se qualquer semelhança não é mera coincidência, existem mais diferenças entre as personagens do que fazem supor o uniforme e a vassoura na mão.
Sucesso como Zezé (quem não se lembra do "Eu quero ver tu me chamar de amendoim"?), Cacau diz não ter tido problema em voltar a interpretar uma empregada na telinha. "Elas são totalmente diferentes. A Zezé era um pouquinho mau-caráter, interesseira, fofoqueira do mal. Queria que o mundo acabasse em barranco pra morrer encostada, era muito preguiçosa. A Olímpia é corajosa, trabalhadora, quer fazer o bem, o tempo todo tenta ajudar os outros. Ela tem o coração bom", analisa a atriz.
"A gente não pode denegrir a imagem de nenhuma profissão, faço com carinho, da melhor forma. O bom da Olímpia é que ela é muito honesta, os patrões confiam nela, ela faz o que quer. Já a Zezé, as pessoas achavam engraçada, ninguém ficava ofendido. Todo mundo falava: 'Uma empregada dessa tem que apanhar!'", diverte-se.
No caso de Zilda e Filó, o contraste é ainda mais evidente: saem a postura encurvada, o lenço na cabeça e a maquiagem exagerada e entram o aplique no cabelo, as roupas justas e o ar sexy. As diferenças foram construídas pela intérprete, justamente para não cair no mais do mesmo. "Quando recebi a sinopse, a Zilda era bem diferente. Era simples, recatada, fiel ao marido. E eu dizia: 'Não dá, a Filomena é assim'. Propus umas alterações pra criar um diferencial. Criei uma coisa mais metida a gostosa, com bunda, peito, bem assanhadinha", conta a comediante, que também adotou um aplique para o papel.
Ao contrário de Cacau, a atriz teve um certo receio de aceitar o convite. "Eu estava com vontade de trazer a Filomena de novo para a televisão, fiquei pensativa. Mas fui de coração aberto e foi muito bacana gravar com plateia, era como se fosse um espetáculo por semana. A reação do público com a Zilda era muito boa, é isso que move a gente. Estou de alma lavada", conta Gorete, que agora planeja levar sua Filó para o cinema e já conversa sobre o roteiro do longa com o humorista Moacyr Franco. "Ela existe no teatro há 20 anos. É meu sustento, meu ganha-pão", afirma a comediante, sobre a personagem que estourou no "A Praça é Nossa", em 1996, e chegou a ganhar programa próprio no SBT, três anos depois.