Com papel em "Gotham", Morena Baccarin adia plano de atuar no Brasil
Giselle de Almeida Do UOL, no Rio
Falta pouco para "Gotham", uma das séries mais badaladas da temporada, ganhar um toque brasileiro. Morena Baccarin entra em cena como a doutora Leslie Thompkins no 16º episódio da atração, previsto para ir ao ar nos EUA no dia 5 de janeiro e no Brasil uma semana depois, no dia 12, pelo Warner Channel. Depois de três bem-sucedidas temporadas em "Homeland", a carioca de 35 anos comemora o novo papel na TV, mas lamenta ter que adiar novamente os planos de atuar no Brasil pela primeira vez. Por conta das gravações, ela teve que abrir mão de um filme dirigido por Hector Babenco, que rodaria na Amazônia neste fim de ano.
"Não consegui encaixar. Fiquei triste, claro, queria muito ter trabalhado com o Hector, é um diretor que admiro muito. Tomara que ano que vem consiga fazer alguma coisa aí", torce a atriz, que chegou a ser convidada para a série "Dupla Identidade" pela autora Gloria Perez, mas também não conseguiu conciliar as agendas. "Tenho um agente no Brasil e estou namorando vários projetos, o problema maior é o tempo. Mas vai surgir no momento certo", afirma ela, durante uma teleconferência com jornalistas brasileiros.
Enquanto as tentativas em sua terra natal não se concretizam, Morena, que se mudou para os Estados Unidos aos 7 anos, continua sua carreira de sucesso lá fora. E a nova personagem marca um retorno ao universo da fantasia e da ficção científica que a tornou conhecida na TV, em séries como "Firefly", "Stargate SG-1" e "V", depois de mergulhar no drama realista de "Homeland". "Os fãs de 'Gotham' são parecidos com os de 'Firefly' e de outros programas que já fiz. Eles estão muito animados com esse trabalho. São superfiéis, me seguem por todos os programas que faço. Estou curtindo fazer parte desse mundo", diz.
Embora boa parte do público da série seja aficionada pelos quadrinhos, a atriz confessa que é pouco familiarizada com o histórico do Homem-Morcego e seus vilões. "Quando era pequena ia com meu irmão até umas lojas que vendiam gibis, mas não era uma coisa que seguia religiosamente. Conheço os personagens que todo mundo conhece dos filmes", admite. Mas ela se mostra empolgada com o novo desafio: "Assisti ao que já foi ao ar e gostei muito. Vai ser divertido!".
Romance com Jim Gordon
Na primeira temporada da atração criada por Bruno Heller ("The Mentalist"), Leslie Thompkins fará aparições em pelo menos cinco episódios. No entanto, a expectativa é de que a série ganhe um segundo ano e a brasileira entre para o elenco fixo. "O programa não está seguindo exatamente a mitologia original do Batman. Nos quadrinhos, ela é terapeuta do Bruce Wayne depois que os pais deles morreram e se transforma numa espécie de tutora dele. Na série, por enquanto, a maioria das minhas cenas é com Jim Gordon (Ben McKenzie)", explica.
A relação entre a médica e o detetive começa no Arkham Asylum, instituto que abriga os criminosos mais perigosos da cidade. Os dois passam a trabalhar juntos em vários casos e não demora muito para se tornarem mais do que bons amigos. "Eles acabam se juntando e começam uma relação romântica, mas a gente nunca sabe quanto tempo isso vai durar", conta Morena, fazendo mistério. "Gordon vê nela uma pessoa com integridade mas que, ao mesmo tempo, vê como as coisas funcionam em Gotham. Ela enxerga esse lado mais obscuro. Isso vai unir os dois", afirma.
Morando em Los Angeles e gravando em Nova York, a atriz planeja se mudar de vez se a série for renovada, para evitar o bate e volta. Qualidade de vida é algo que ela preza ainda mais depois do nascimento do primeiro filho, Julius, de 1 ano. "Tudo muda. Cheguei a gravar 'Homeland' com nove meses de gravidez, foi muito difícil, estava bastante cansada. Depois que ele nasceu, passei a escolher trabalhos de acordo com o tempo que vou ficar longe. Sempre penso: vale a pena? Para alguns, eu disse não, não era a hora certa. 'Gotham' tem a vantagem de ser rodada em Nova York. Eu tenho família lá, então fica mais fácil", conta.
(Se você não viu a terceira temporada de "Homeland", o parágrafo a seguir pode conter spoilers)
Sobre o trabalho anterior, aliás, Morena revela que, assim como o público, foi pega de surpresa com a despedida repentina de Jessica. "Eu não sabia o que ia acontecer. Quando eles decidiram matar o Brody (Damian Lewis) e viram que realmente não iam conseguir encaixar a personagem, fiquei triste, claro. Amei fazer a Jessica. E a série, indicada a vários prêmios, foi muito boa pra mim como atriz. Mas também estava na hora de fazer outras coisas", conta ela, indicada ao Emmy em 2013 por sua performance no programa.
Mesmo morando há tanto tempo fora, a atriz fala um português quase sem sotaque, intercalado com algumas expressões em inglês aqui e ali, e deixa claro que não esquece suas raízes. Visita o Brasil regularmente – a última vinda foi em outubro, para apresentar o filho aos parentes no Rio – e faz questão de que o menino cresça sabendo de onde veio. "Ele vai ser forçado a falar português, querendo ou não querendo (risos). Já falo algumas palavrinhas para ele, é muito engraçado. E vou continuar viajando com ele, família é algo muito importante pra mim", afirma.