"Maior nudez é da alma", diz Amora Mautner sobre série "Eu Que Amo Tanto"

Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
Estevam Avellar/TV Globo
Marjorie Estiano, Mariana Ximenes, Susana Vieira e Carolina Dieckmann são as protagonistas da série "Eu Que Amo Tanto", que estreia domingo (9) no "Fantástico"

Quatro atrizes glamourosas sangrando em cena. Para contar histórias de amor que desequilibram, que extrapolam os limites e que desafiam a sanidade de mulheres que chegam ao ponto de querer matar seus companheiros, a diretora Amora Mautner queria intérpretes do primeiro time que se jogassem no desafio sem vaidade ou julgamento na série "Eu Que Amo Tanto", que estreia no "Fantástico" neste domingo (9). "Perguntei a elas: vocês querem se expor? Porque tem até um peitinho ou outro, mas a maior nudez é da alma", afirma ela, que convocou Mariana Ximenes, Carolina Dieckmann, Marjorie Estiano e Susana Vieira para a missão.

Sem maquiagem e com o corpo à mostra, Carolina diz que não poderia aparecer de outro jeito para viver Zezé, uma mulher sofrida que resolve aceitar as traições do companheiro, Osório (Antonio Calloni), para não perdê-lo. "São mulheres em carne viva", conta ela, que acredita que o público vá se identificar com a história em maior ou menor grau. "Minha temperatura não é igual à dessas mulheres, não tenho essa experiência. Mas todas já sofreram de alguma maneira. Acho que a série tem uma função social, quem sabe ajude mais mulheres", torce ela, cuja personagem é interpretada por Mel Maia na infância. A cena, que sugere abuso por um pedófilo, no entanto, aposta na sutileza para tratar de um tema tão delicado. "Nenhuma criança vai entender", afirma Amora.

Carolina, que diz já ter tido suas "loucurinhas" na época de perder a virgindade e com ex-namorados, por exemplo, afirma que amou demais na época do nascimento do filho mais velho, Davi. "Eu não queria dormir. O médico colocava comprimido na minha boca e eu cuspia. Depois de 14 dias eu cedi. Era um amor que não cabia no meu peito, não deixa de ser loucura, um destempero", lembra.

João Miguel Júnior/TV Globo
Leididai (Mariana Ximenes) e Zé Osmarino (Márcio Garcia)

Mariana, que interpreta a sonhadora Leididai no episódio de estreia, diz não lembrar de nenhum ato extremo que tenha feito por amor. Mas diz que, como qualquer uma, já perdeu o controle. "Quantas vezes eu chorei no banheiro", lembra. Na trama, a personagem enfrenta a rotina das visitas à penitenciária para ter a companhia do amado Zé Osmarino (Márcio Garcia), por quem é tão apaixonada que chega a tatuar o nome dele no cóccix. "Usei muito a minha intuição neste trabalho, e não julgo a Leididai em nenhum momento. O que é amor e o que é doença? Acho que o limite é não machucar a si mesmo", conta ela.

A inspiração da série, que tem roteiro de Euclydes Marinho, veio do livro homônimo escrito pela jornalista Marília Gabriela, baseado em depoimentos de integrantes do Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas). "Euclydes soube pegar um pouco de cada uma e criar histórias que mantiveram a grande questão: a falta de afeto, a forma com que elas lidam com aquilo que elas chamam de amor. Achei muito bonitas as cenas de abertura, que mostram as mulheres na cama, meio mortas, que é como a gente fica em situações assim", afirmou ela, que não descarta atuar em uma possível segunda temporada da atração. "É uma oportunidade invejável. Vou ficar na fila", brinca. 
 
A terceira história gira em torno de Angélica (Marjorie Estiano), que larga o marido e os filhos para se jogar numa relação com Cristiane (Paula Burlamaqui). O final feliz, no entanto, é assombrado pelo fantasma do ciúme. "Eu não sou gay, mas imagino que uma relação entre mulheres deve ser mais intensa, sim. Fiquei impressionada com a atuação da Marjorie, foi uma coisa visceral", conta Paula. A performance chamou a atenção também da veterana Susana Vieira. "Chamei ela num canto e falei: 'Preciso te dizer uma coisa. Você está melhor que eu", diverte-se a atriz. 
 
Na série, Susana dá vida a Sandra, uma viúva que fica obcecada pelo fotógrafo Miguel (Tarcísio Filho), que não dá a mínima para o relacionamento dos dois. A indiferença dele a faz perder a cabeça. "A gente se baratina, homem pode até chorar, mas no mesmo dia já está com outra. As mulheres da série, que chegam a matar, têm sexo, mas querem algo maior, querem amor, querem respeito. Elas são feitas de palhaças, se desesperam por um bando de gente que não as merecia", analisa a intérprete. Segundo Amora Mautner, que a dirigiu pela primeira vez, a atriz é a que menos mostra o corpo, mas é a que mais fica nua em cena. "É muito impactante. Essa série, aliás, foi um test drive de personalidades fortes. Virei pra ela e disse: nós duas vamos explodir o estúdio", brinca a diretora.